Como lidar e enfrentar uma lesão

A melhor maneira de obter uma informação correta é perguntar o que se quer saber a uma pessoa que entende do assunto. Por exemplo, quase quiser saber mais sobre alimentação o melhor é consultar um nutricionista. Se desejar saber mais sobre treinamentos, de qualquer modalidade esportiva, procure um profissional de educação física. Entretanto, algumas pessoas procuram tirar algumas dúvidas em fontes não confiáveis. Exatamente por isso que na Revista Blog de Escalada cada assunto tratado de treinamento, alimentação e saúde são feitas após consultas a alguns profissionais destas áreas.

Como neste artigo será abordado a questão de lesões, de qualquer tipo, é necessário fazer este disclamer. Junto com todo o parágrafo acima, também vale o aviso de que faz parte da prevenção de lesões de qualquer pessoa, procurar orientação profissional adequada. Porém, por algum motivo, mesmo com orientação adequada, acaba acontecendo uma lesão. O próprio termo “lesão” é muito genérico e existe muita coisa escondida atrás dele. Lesão é um termo não específico usado para descrever qualquer dano ou mudança anormal no tecido de um organismo vivo.

A partir desta definição genérica a respeito de lesão, que pode ser designada para uma tendinite, arranhão ou mesmo rompimento do tendão de Aquiles, consideraremos neste artigo é toda e qualquer contusão ou dano que afaste uma pessoa de praticar sua atividade física. Estabelecido isso, é necessário fazer também uma outra declaração um tanto óbvia, mas nem tanto científica, de que qualquer esporte lesiona. Alguns mais que os outros, é verdade. Portanto, mais cedo ou mais tarde vamos ser vítimas de alguma lesão e, nesse momento, será bom estar preparado para saber lidar com isso.

Primeiro passo: Reconhecer a lesão

Muitas vezes quando sofremos uma lesão e é difícil pararmos. Pois naturalmente o ser humano é um otimista com relação a si mesmo. Cada pessoa se acha especial sob algum aspecto e este tipo de crença pode fazer acreditar que seu poder de cura seja maior que as outras pessoas. Se o seu nome é canadense, com nome de Logan, e possui ossos revestidos com liga metálica (além de possuir garras com o mesmo material), sinto dizer que está errado. Caso não tenha percebido, a descrição que acaba de ser feita é de um personagem de quadrinhos Wolverine e, infelizmente, ninguém tem o poder de cura que o personagem possui.

Praticar esporte, qualquer que seja ele, é conviver com o desconforto a todo tempo. Este desconforto às vezes pode mascarar uma lesão. Seja ela grave ou não. Para perceber que um leve desconforto pode ser uma lesão, existe uma regra até relativamente simples: quando o desconforto é repetitivo e prejudica seu desempenho. Isso porque grande parte de atletas amadores não ouve o suficiente para o corpo e só quer continuar a praticar a atividade a qualquer custo.

Quando a pessoa possui este tipo de comportamento, deve primeiro aprender a não mentir a si mesmo. Quem mente a si mesmo tem problemas sérios em em enfrentar a realidade. No momento que sentir que algo está errado no corpo, como dores e incômodos em falanges de dedo, ombros e tornozelos, faz sentido para dar uma pausa para o corpo a recuperar. Após este repouso, que deve ser de dias e não somente de horas, um especialista deve ser procurado.

Procure entender a diferença entre dores agudas e crônicas. A dor aguda é uma espécie de alerta para o organismo de que algo não está bem. Encare como um sintoma, uma reação a algo. A dor aguda pode ser resultado de traumas, como pancadas. Este é o início de um aviso de que pode haver uma lesão. Por isso o descanso é necessário, para entender esta dor.

A dor crônica é o aviso clássico de que há uma lesão, pois dura mais que do que tempo esperado. Dores crônicas afetam o nosso dia a dia e podem trazer transtornos para toda a vida.

Segundo passo: Visitando um especialista

Independentemente do tipo de lesão, é sempre melhor procurar um especialista. Este especialista pode ser um médico, fisioterapeuta e, dependendo do caso, ambos. Se a lesão é típica de escaladores, por exemplo, pode ser mais útil um fisioterapeuta para uma análise.

Praticar tratamentos paliativos como compressas de gelo, massagens com géis de cânfora, sebo de carneiro, entre outros, não irá solucionar o problema se a lesão for grave. Por mais pareça confortante procurar tratamento holísticos, procure antes consultar um médico.

Para se ter uma ideia, na medicina moderna a especialização médica como a conhecemos iniciou-se a partir do século XVIII. Os novos estudos e descobertas ampliaram os horizontes da medicina. Portanto no momento de lesão, o qual qualquer pessoa fica fragilizada sentimentalmente, procure deixar crenças em teorias da conspiração a respeito de médicos. Será um especialista que irá cuidar de você e promover a volta o mais rápido possível à sua atividade.

Caso necessite de exemplos para referência, repare que os grandes atletas de nosso tempo, tanto em esportes outdoor, como esportes tradicionais, recorreram à medicina tradicional. O exemplo mais recente para ser usado é Adam Ondra (que se recuperou de uma queda ao chão e após tratamento encadenou um 13a), Shauna Coxey (que operou o ombro e voltou a cometir em alto nível) e Felipe Camargo (que operou o ombro e voltou a escalar em alto nível). Se estes atletas, todos comprovadamente de alto desempenho, recorreram à medicina tradicional porque uma pessoa que ambiciona evoluir não faria o mesmo?

Terceiro passo: Repouso e recuperação pós lesão

No primeiro passo, foi explicado sobre a importância sobre dar um descanso ao nosso corpo, caso seja notado algo estranho. Neste terceiro passo nos referimos ao que devemos fazer depois de detectar uma lesão. Assim que for detectada, tendo necessidade de cirurgia ou não, procure ficar em repouso. Este repouso varia dependendo da lesão e é fundamental para que nos ajude a voltar para a atividade assim que recuperar

Muito provavelmente neste repouso haverão exercícios de reabilitação (conhecido clinicamente como descanso ativo). Seja disciplinado (a) nestes exercícios de reabilitação, pois eles serão o que fortalecerão seu corpo e o deixará pronto para uma volta ao esporte livre de lesões. Portanto, uma rotina adequada pode ajudar em uma recuperação talvez até mais rápida e eficaz.

Finalmente, neste ponto gostaria de enfatizar que temos que ser pacientes e que muitas vezes é melhor passar outra semana sem subir do que retornar em condições ruins e agravar a lesão.

Neste terceiro passo é fundamental e imprescindível ter paciência. Pessoas impacientes, que tentam acelerar o processo (ou que acreditam que sabem mais que o fisioterapeuta ou o próprio médico) acabam sempre voltando em condições ruins e agravar a lesão que sequer foi curada por completo.

Quarto passo: Faça outras atividades

Se você lesionou-se em sua atividade, já fica subentendido que adora praticá-la. Não poder fazer o que gosta por qualquer que seja o motivo é frustrante. Porém uma das maneiras que existem é fazer a mente e o corpo ficar ocupado em outras atividades.

Uma das maneiras mais eficazes de passar essa ansiedade e não afundar na tristeza, está temporariamente substituindo sua modalidade por outro esporte. Se por exemplo estiver lesionado nos tendões ou polia nada o impedirá de correr. Caso seja uma torção de tornozelo, pode ir para academia fazer barras e outros exercícios para os braços.

Realizar outras atividades terá três benefícios principais:

  • Não ficará pensando sobre sua lesão
  • Acalme o desejo de praticar atividades físicas
  • Manterá a forma física para quando voltar à sua atividade não ter perdido muito

Quinto passo: Voltar (com calma)

Uma vez recuperado, é conveniente introduzir exercícios que ajudem a prevenir lesões futuras em sua rotina. Portanto, volte com calma e procure acompanhamento de profissionais que o oriente quanto a este tipo de prevenção. Concentre-se nas partes que foram lesionadas, para aquecê-las corretamente.

Atualmente se fala muito do treinamento funcional, que não é outra coisa senão a busca de movimentos em todos seus eixos e seus raios de movimento natural, e não somente a musculatura de forma localizada. Procure sempre exercitar a cintura escapular, CORE e músculos antagonistas.

Não tenha pressa e seja muito cauteloso para evitar dano, transtorno ou perigo de voltar à estaca zero com outra lesão. Não confunda com ser medroso. Ao voltar a prática do exercício deve ser aos poucos para que o corpo, e você mesmo, volte a ter a confiança de voltar a evoluir.

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