Como dar sergurança para um escalador durante a prática de boulder

Não é necessário um estudo profundo no mundo da escalada esportiva, especialmente na prática de boulder, para notar que há uma técnica pouco desenvolvida, e até mesmo pouco difundida, que é a de fazer a segurança do escalador que está em ação.

Gasta-se grande quantidade de dinheiro em fitas, mosquetões, cordas, capacetes (este pelo menos deve ser considerado essencial), magnésio e etc.

Frequentam-se academias, lê-se artigos de escalada na internet, procura-se  cursos de vencer o medo de cair, contratamos profissionais que nos ajudam a melhorar a técnica (de preferência formado em Educação Física), além de centenas e centenas de reais transformados em mais recursos extras para escalar melhor.

Foto: http://soloboulder.com/

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Mas uma pergunta ainda segue: sabemos fazer segurança? Sabemos cuidar de nosso companheiro de escalada?

Mesmo que sejam muitas as situações de dar segurança, vamos concentrar na mais típica e necessária (sem necessidade de cobrir as outras), a prática de boulder.

Fazer a segurança, bem ou mal, é a diferença entre uma possível lesão grave ou uma de menor gravidade.

Entretanto, não é somente mostrar as palmas das mãos ao colega que está segurando, há toda uma técnica que deve ser aprendida nos primeiros momentos de prática do esporte.

A técnica e ação de dar segurança em boulder requer certos conhecimentos e muita concentração.

Principais conceitos

Momentos antes do escalador começar a tentar finalizar a linha de boulder, o segurador deveria ter claro os seguintes conceitos:

1 – Posição do escalador

Pela posição do escalador que está realizando o “pegue”, deve-se verificar se na possível queda se baterá as costas, cabeça ou extremidades superiores e inferiores.

Estatisticamente nesta ordem: costas, cabeça e membros inferiores.

Ao dar segurança devemos tratar de modificar esta ordem, procurando sempre uma queda o mais “limpa” possível, tratando de evitar que cabeça e costas sofram os maiores danos.

2 – Crashpad e seguradores

O crashpad é um elemento de segurança, mas os seguradores são de um nível superior em hierarquia de segurança.

Uma segurança com uma pilha de 15 crashpads pode produzir o mesmo dano que a ausência de seguradores.

3 – Colocação Dinâmica de crashpad

A colocação dos crashpads deve ser dinâmica.

Isto é: deve-se ir modificando a posição do crashpad à medica que se vá avançando o escalador, ou modificando suas posições na travessia da linha do boulder.

É necessário pensar que nem todos que escalam são profissionais, e que há níveis e estilos e de posicionamento que cada escalador irá adotar segundo sua progressão na linha do boulder, por isso é importante prestar atenção.

4 – Sintonia e compromisso

Antes de iniciar o primeiro “pegue”, tanto escalador como segurador devem ter uma pequena conversa sobre o que espera um do outro.

A segurança de quem escala está nas mãos dos que devem fazer a segurança, sendo assim é fundamental certo grau de confiança.

Além disso os seguradores devem seguir os pedidos do escalador assim como respeitar suas preferências e pedidos na hora de ser segurado.

A atenção deve estar desde onde inicia a escalada, durante a progressão e aos pontos críticos com as posições que exponham cabeça, costas e outras partes do corpo.

Foto: http://soloboulder.com/

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Código de Conduta do Escalador

Uma vez que os seguradores estão prontos, o escalador inicia a ação e todos devem de ter a máxima atenção à progressão., especialmente nos seguintes pontos:

a) O segurador não deve perder de vista a evolução do escalador. O escalador não sabe se cairá ou não, e em qual momento, antes de iniciar a escalada. Ele já comentou com os seguradores suas preferências e estratégia. Todos deverão ter a consciência de conversar e comentar com antecipação e manter a atenção.

b) O principal é proteger a cabeça e as costas. O objetivo do segurador é fazer com que o escalador caia de pé, ou ao menos o mais vertical possível. Todos preferimos um pé machucado ou uma torção de tornozelo a uma cabeça cortada ou uma lesão nas costas. A força da segurada deve ser medida e calibrada: deve-se receber, e não empurrar o escalador contra a rocha.

c) Quando recebemos uma queda de um escalador não devemos querer agarrar, amparar ou puxar. Pois além de ser praticamente impossível evitar a queda, também pode ser que o segurador também lesione junto do escalador.

O objetivo do segurador é “receber” o escalador que cai, amortizando a sua queda. Deve-se oferecer uma força calculada para tratar de buscar sua verticalidade e não esperar amparar com o braços. Deve-se prestar atenção que quanto mais alto seja o boulder, maior será a força de queda, e assim maior força-peso receberemos.

d) Não há de tocar o escalador durante a sua progressão. Não há que empurra-lo, agarrar-lo nem apoiá-lo. O escalador deve apenas sentir que estamos ali e que estamos acompanhando com as mãos, mas nunca tocá-lo. Há de segui-lo simplesmente.

Posturas e técnicas de segurança

Foto: David Finch | http://www.letsbewild.com/

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Para realizar uma segurança em boulder de maneira eficiente deve-se ter em mente que há uma posição ideal que otimiza o ato de prover segurança.

Logicamente que temos de levar em conta o seguinte:

1 – Uma queda de um corpo de 70 kg, a 2 metros do solo, não é o mesmo que uma bola de basquete que cai rebotada da sexta, é algo diferente… Sendo assim, é necessário manter o foco no corpo e braços esperando algo forte na queda, e impactando sobre nosso corpo.

2 – Equilíbrio: É importante permanecer em uma área o mais lisa possível e sem elementos que possam tropeçar: bolsas, mochilas, cordas, galhos, rochas, sapatilhas, tênis e etc.

3 – A melhor postura para receber um peso e evitar lesões é:

  • Joelhos ligeiramente flexionados, para evitar uma possível lesão das costas e receber a força da queda.
  • Manter um pé ligeiramente adiantado (dependerá se é destro ou canhoto), para ajudar com o equilíbrio e com a força que exerceremos sobre o corpo em queda.
  • Tensão nos braços: não basta somente levantar os braços. Há que tensioná-los o suficiente para receber a força de um corpo que despenca a uma altura considerável.
  • Concentração: animar, gritar, torcer, vibrar está ótimo, mas é necessário entender que estamos dando segurança e não em uma show de rock. Muita concentração a cada movimento que está fazendo o escalador é fundamental. Podemos fazer indicações sobre sua progressão, mas sem esquecer que a queda é sempre uma possibilidade.

4 – Ao receber o corpo que está caindo é necessário que nosso objetivo seja conseguir sua verticalidade, dando um impulso suficientemente forte (sem exageros) para conseguir. Portanto não deve-se empurrar a outro lugar, puxar, segurar, abraçar ou desequilibra-lo ainda mais. Somente se trata de conseguir que caia de pé, não esmaga-lo contra a rocha ou a parede de escalada.

Dar a atenção necessária à ação de segurança é uma técnica tão importante, ou mais, que utilizar corda ou capacete.

Tradução autorizada de: http://soloboulder.com/

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