Muito se fala do aquecimento global e, quando se pensa nisso, logo se associa o problema à poluição e às indústrias, esquecendo-se que atitudes individuais de cada indivíduo também podem colaborar para o crescimento do problema. A pegada de carbono é uma medida que calcula a emissão de carbono emitida na atmosfera e o que teríamos de fazer para neutralizá-la. Por meio da pegada de carbono podemos analisar os impactos que causamos na atmosfera e as mudanças climáticas provocadas pelo lançamento de gases de efeito estufa a partir de cada produto, processo ou serviço que consumimos.
Quando mensuramos a quantidade de carbono equivalente emitida na atmosfera temos a pegada de carbono de uma determinada pessoa, empresa ou atividade. A pegada de carbono auxilia na compensação ou neutralização de emissões carbono, além de viabilizar financeiramente projetos ambientais, melhorar a qualidade de vida das pessoas e promover o uso sustentável de áreas verdes. Apenas por bondade? Não! A realidade é que apostar em eliminar pegadas de carbono é também abrir a possibilidade vender créditos de carbono. Assim, a atividade de preservação serviria para ganhar dinheiro, aumentando receitas de pessoas, governos e outras empresas.
Climate Neutral
Como o cidadão comum pode monitorar as empresas no aspecto de pegada de carbono? Esta é uma pergunta que preocupa qualquer um que se preocupe com o mundo que será deixado para os nossos descendentes. Várias organizações não governamentais, auditadas e com prestígio e credibilidade, são criadas para isso.
Uma nova organização chamada Climate Neutral criou uma etiqueta que informa aos consumidores sobre as pegadas de carbono das marcas em questão. A Climate Neutral é uma organização independente, sem fins lucrativos, que trabalha para combater as mudanças climáticas, ajudando as empresas a se tornarem neutras em carbono. A missão do grupo é fornecer às marcas as ferramentas para medir, reduzir e compensar suas emissões de carbono.
Cofundada pela marca de equipamentos para atividades ao ar livre BioLite e pela marca Peak Design, o Climate Neutral é um programa de certificação executado independentemente, que verifica se uma empresa compensou todo o carbono gerado pela fabricação e entrega de seus produtos.
No dia de ontem, a Climate Neutral anunciou o lançamento do selo Climate Neutral Certified, uma etiqueta que aparecerá nas embalagem e rótulos das marcas que possuem uma pegada de carbono zero. A etiqueta começará a aparecer nos produtos a partir do início de 2020. Obviamente que as empresas para ganhar o selo devem atingir uma pegada de carbono zero, para que “as emissões de gases de efeito estufa” sejam certificadas. Depois que uma empresa se qualificar, poderá usar a etiqueta Climate Neutral Certified nas embalagens dos produtos, etiquetas e site da marca.
A etiqueta Climate Neutral Certified, que está atualmente disponível em apenas três marcas (duas são empresas cofundadoras), mas chegará até 30 marcas a partir de 2020. Entre essas empresas estão: Allbirds, Haven, Kammok, Nomad, Rumpl e Sunski.
Na prática, isso significa que a empresa que atingiu zero emissões na fabricação e distribuição dos produtos de uma marca. Para atingir zero emissão, as marcas devem compram créditos de carbono (unidades de medida que correspondem, cada uma, a uma tonelada de dióxido de carbono) para compensar seu impacto na produção de seus produtos.
Lembrando que, como explicado na introdução do texto, mesmo que uma empresa não tenha um produto, ela ainda possui emissões e uma pegada de carbono.
Créditos de carbono
Como explicado acima, marcas que não possuem tradição em se preocupar com a pegada de carbono, pode também usufruir do novo selo. Para isso, a marca deve comprar créditos de carbono, uma espécie de capitalização do greenwashing. Os créditos de carbono surgiram com o Protocolo de Quioto, acordo internacional que estabeleceu que, entre 2008 e 2012, os países desenvolvidos deveriam reduzir em média 5,2% das emissões de gases do efeito estufa em relação aos níveis medidos em 1990.
Cada país possui um valor diferente, calculado de acordo com os níveis de emissões de cada um. Quem promover a redução da emissão de gases poluentes tem direito à certificação de créditos de carbono e pode comercializá-los com os países que têm metas a cumprir e não conseguem. Portanto, um país com poucas emissões de carbono poderia vender estes créditos a um outro, ou a uma empresa, tornando assim a prática ecológica financeiramente rentável.
O Brasil, que concentra um terço da área de floresta tropical do mundo, é um dos maiores receptores de recursos do crédito de carbono e um dos maiores beneficiários desses programas no mundo. Um dos problemas é que, para que o sistema de compensações funcione, é preciso que haja uma contabilidade muito bem feita.

Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.