Chaehyun Seo e Jakob Schubert são os campeões mundiais de vias guiadas

O último dia do Campeonato Mundial de Escalada em Moscou, que acabou sendo o último evento da Federação Internacional de Escalada Esportiva (IFSC) de 2021, consagrou novos nomes para a próxima temporada. Na competição de vias guiadas, as medalhas de ouro foram conquistadas pela coreana Chaehyun Seo e pelo austríaco Jakob Schubert.

Conforme reportado pela Revista Blog de Escalada, os escaladores brasileiros enviados à competição não se classificaram para as semifinais. Os resultados serviram para espelhar o abismo que existe entre o esporte praticado na América Latina e Europa. Importante destacar que países como Irã e Israel conseguiram colocar atletas nas semifinais e finais de vias guiadas e bouldering.

Deve ser mencionado que todas as vias em Moscou foi perfeito em todas as rodadas, tanto para homens quanto para mulheres, tanto em bouldering quanto em vias guiadas. A boa calibragem das vias garantiu um interessante espetáculo na televisão e para o público.

Para quem gosta de ver resultados relativos, até mesmo para maquiar um pouco a distância de escaladores de alta performance, o campeonato mundial não foi favorável a isso. Diferenças de estilo de route settering implementados em cada país pode ser visto de maneira cristalina, sobretudo para os sul-americanos.

O Brasil, que tinha média de idade de atletas próximo dos 30 anos, levou o triplo de competidores que Chile e Argentina, mas em quase todas as disciplinas não conseguiu concretizar a vantagem numérica, ficando quase sempre atrás de atletas de Argentina, Chile e Equador.

A competição ficará marcada também pela repercussão negativa que teve a transmissão das semifinais de bouldering, na qual teve filmagens impróprias de uma atleta. As emissoras mostraram um close de impressões de mãos em giz no traseiro da austríaca Johanna Färber durante o evento de bouldering feminino, gerando críticas generalizadas e forçando a IFSC a emitir um pedido de desculpas.

Seria ruim o suficiente como um incidente isolado, mas o fato de isso ter acontecido com a mesmo atleta no início dessa temporada é ridículo. Färber optou por não emitir uma declaração atualizada, referindo-se ao seu comentário após o primeiro incidente, que ela descreveu como sendo “desrespeitoso e perturbador”.

Mais um equívoco que prejudica a imagem da IFSC, que produz as imagens em um streaming próprio, o qual é reproduzido pelo Olympic Channel. A organização está tentando desesperadamente manter o ímpeto gerado pela bem-sucedida estreia olímpica do esporte em Tóquio 2020 e garantir que seus novos fãs sejam retidos.

A transmissão do Campeonato Mundial (que tecnicamente não deveria ser na Rússia, mas isso é outra história) só pode ter prejudicado esse objetivo. É também uma imagem bastante pobre, para dizer o mínimo, para a escalada esportiva, em um momento em que a sexualização das mulheres no esporte é um tema importante.

Chaehyun Seo, a nova rainha das vias guiadas

A vitória de Chaehyun Seo foi acachapante e coroou uma performance impecável desde as classificatórias. Seo foi a única a fazer top em uma final apoteótica. A escaladora coreana não deu escolha aos adversários e, na ausência de Janja Garnbret, encadenou todas as vias da competição (as duas da qualificação, a da semifinal e a da final).

A jovem sul-coreana de apenas 17 anos, que também participou das Olimpíadas, voltou para casa com os quatro tops e a medalha de ouro.

Aos 15 anos, Chaehyun Seo fez sua estreia na Copa do Mundo de Leads, ficando com a prata, atrás de Janja Garnbret. Nas quatro etapas da Copa do Mundo de Escalada seguintes em 2019, ainda com 15 anos, Seo venceu e no geral ficou como segunda classificada.

No mesmo ano, em 2019, Chaehyun Seo foi quarta no Campeonato Mundial e este ano foi segunda nas vias guiadas nas Olimpíadas, bem como na Copa do Mundo de Kranj antes de vencer em Moscou. Em outras palavras, seu pior resultado em oito é ser a nº 4. Portanto, na história do IFSC, é a melhor de todos os tempos.

Digno de nota também é que a jovem coreana encadenou a via Bad Girls Club, graduada como 8c+/9a francês (11c brasileiro) aos 14 anos de idade com seu pai, que é proprietário de uma academia de escalada e a leva em longas viagens de escalada todos os anos.

Seu pai declarou que “Chaehyun treina depois que sai da escola. Seu tempo de treinamento é de cerca de 5 horas por dia. Eu faço seus planos de treinamento e elaboro novos problemas de escalada para ela na parede diariamente”.

Foto: Dimitris Tosidis/IFSC

Natalia Grossman e Laura Rogora empataram em tudo, tanto na fase de qualificação como na na semifinal e na final. No final, a medalha de prata caiu do lado norte-americano pelo critério do tempo: Grossman caiu após escalar por 4:22 minutos, enquanto Rogora caiu após 5:01 minutos.

Natalia Grossman soma este segundo lugar ao primeiro em bouldering obtido no sábado e, assim, é o grande destaque da competição e da temporada. A menos que aconteça uma tragédia, Grossman será a grande estrela de seu país nos próximos anos, trazendo grandes investimentos para a escalada de competição.

Jakob Schubert tricampeão

A via masculina foi dividido em vários trechos: um percurso de bouldering, com um salto obrigatório, alta resistência no centro e uma sequência final técnica em pequenas arestas. Foi nesse ambiente desafiador que aconteceu a briga pelas medalhas.

Assim, a prova masculina de vias guiadas foi emocionante até o último segundo e apresentou bastante alternação de líderes e candidatos ao pódio O escalador que mais se destacou é o jovem britânico Hamish McArthur, de 19 anos, que já tinha brilhado no Campeonato Mundial Juvenil há um mês, quando ganhou bouldering e vias guiadas. No adulto McArthur repetiu a performance e foi o segundo na qualificação e primeiro na semifinal e terminou por pendurado um bronze inesperado.

Foto: Dimitris Tosidis/IFSC

Mas o destaque foi Jakob Schubert, que já tinha sido campeão mundial em 2012 e 2018, além de colecionar 19 vitórias em etapas da Copas do Mundo, sendo considerado o melhor escalador de vias guiadas, do masculino, da história.

Tanto o austríaco Jakob Schubert, como o esloveno Luka Potocar chegaram no top da final. Mas com o melhor resultado de Jakob Schubert na fase de qualificação acabou dando a ele o título.

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