Carlos Soria: A incrível história de um montanhista prestes a fazer história no Himalaia

Se você nunca ouviu falar sobre Carlos Soria Fontán, saiba que este montanhista espanhol, de 82 anos, está prestes a fazer uma façanha impressionante. Soria assumiu o desafio de se tornar a pessoa mais velha do mundo a chegar ao cume das 14 montanhas mais altas do planeta.

O montanhista espanhol é o único ser humano a escalar dez montanhas de mais de 8.000 metros depois de completar 60 anos. Além disso é a pessoa mais velha da história a subir com sucesso o Monte K2 (65 anos), Broad Peak (68 anos), Makalu (69 anos), Gasherbrum I (70 anos), Manaslu (71 anos anos), Kanchenjunga (75 anos anos) e Annapurna (77 anos).

O montanhista centenário ativo

Carlos Soria

Carlos Soria

Resistente às revoluções liberais que tomaram conta da Europa no século XIX, com revoluções na França, Alemanha, Grécia, Hungria, Bélgica e Polônia, a Espanha chegou ao século XX ainda se mantendo sobre o comando de um regime monárquico.

Por causa disso, a Espanha no início do século XX era uma verdadeira panela de pressão. Nesse período, o país observava a ascensão de grupos políticos de tendência comunista, socialista e anarquista. Tudo isso ocasionou na Guerra Civil Espanhola, que aconteceu entre 1936 e 1939.

Em março de 1939, os exércitos do general Francisco Franco conseguiram tomar posse da cidade de Barcelona após uma sangrenta batalha. A partir de então, Franco se tornou líder máximo da nação espanhola e deixou o cargo somente em 1975.

Faltando um mês para o fim da Guerra Civil Espanhola, nasce Carlos Soria Fontán. De família pobre e vivendo em um país destruído por uma guerra civil, Soria começou a trabalhar com 11 anos. Morava em uma casa sem água e com banheiro para três famílias.

Carlos Soria começou a se interessar pelo montanhismo quando, com apenas 14 anos, começou a subir a Serra de Guadarrama (Espanha), acompanhado de um amigo, Antonio Riaño.

Essa foi a primeira de muitas excursões nas montanhas espanholas, até que aos 21 anos Soria passou para uma categoria totalmente diferente: acompanhado por outro amigo, em 1960, pilotou uma Vespa até os Alpes para suas primeiras escaladas de alta dificuldade.

Em 1968, Carlos Soria participou da primeira expedição espanhola à Rússia para escalar o Monte Elbrus (5.642 m), a montanha mais alta da Europa. Dois anos depois, em 1971, fez uma expedição ao Denali (6.194 m).

Em 1973 e 1975 participou nas primeiras expedições espanholas ao Himalaia, testemunhando a primeira escalada bem-sucedida de uma montanha de oito mil por espanhóis (Jerónimo López e Gerardo Blázquez).

Somente 18 anos depois, em 1990, porém, Carlos Soria conseguiu chegar ao topo da sua primeira montanha com mais de 8.000 metros.

Carlos Soria

Carlos Soria

O montanhista espanhol empreendeu a maior parte de suas expedições praticamente sozinho, auxiliado apenas por sherpas, em particular Muktu Sherpa. Muktu o acompanhou em seis expedições e quatro ascensões de 8.000 metros (K2, Shisha Pagma, Manaslu e Lhotse) .

Desde julho de 2011, Soria contou com o apoio de um banco espanhol, o que lhe permitiu enfrentar o último de seus planejados 14 ‘oito mil’ com maiores garantias e recursos. Carlos Soria tornou-se uma figura de destaque do esporte por causa de suas realizações extraordinárias em uma idade em que a maioria das pessoas de sua geração são espectadores.

Sua ascensão do Monte K2 (8.611 metros) aos 65 anos em 2004 e sua ascensão em estilo solo de 2008 sem oxigênio ao Makalu (8.463 metros) revolucionaram o montanhismo.

Dhaulagiri: O Karma de Carlos Soria

Carlos Soria

Carlos Soria

Faltam apenas 2 montanhas para Carlos Soria completar seu sonho: Dhaulagiri (8.167 m) e Shishapangma (8.013 m). O montanhista espanhol já fez 10 expedições ao Dhaulagiri e nunca conseguiu chegar a topo.

Projeto ainda mais difícil quando ele o encara com a prótese de joelho implantada há dois anos .

Dhaulagiri é a sétima montanha mais alta do mundo e a mais alta do Nepal sem se localizar numa fronteira. O veterano montanhista não deixou seu rígido plano de treinamento durante a pandemia e até aproveitou para ficar em casa dormindo em uma câmara hipobárica que reproduz as condições atmosféricas a 5.000 metros acima do nível do mar.

Em outubro de 2018, Soria teve que desistir de tentar o cume de Dhaulagiri devido às más condições meteorológicas. Seus sherpas temeram uma avalanche e decidiram deixá-lo.

Se as condições permitem chegar ao cume, Carlos Soria afirmou que vai dedicar a todos os idosos que foram vítimas, em maior ou menor grau, da pandemia de COVID-19, e que é o penúltimo passo para se tornar o montanhista mais velho a coroar os 14 oito milésimos.

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