O Campeonato Mundial Juvenil de Voronezh, no centro da Rússia Europeia, terminou hoje após quase 10 dias intensos de competições. Atletas disputaram as disciplinas de velocidade, bouldering e vias guiadas nas categorias Juvenil A, Juvenil B e Júnior.
Pelo montante de atletas, masculinos e femininos, em fases classificatória, semifinais e finais, é necessário fazer uma visão mais panorâmica do que se pode encarar como resultado. Somente o resultado do pódio pode ser pouco para analisar os resultados de escaladores (as) com menos de 20 anos.
Há, sem sombra de dúvida, uma longa estrada para cada um dos atletas para se consolidarem como fortes candidatos a títulos da Copa do Mundo e, quem sabe, figurar na próxima Olimpíada de Paris 2024. Como o ciclo olímpico entre Tóquio e Paris é de apenas de três anos, dificilmente um dos nomes de destaque no Campeonato Mundial Juvenil de Voronezh são apostas para a próxima olimpíada.
Sul-americanos no Campeonato Mundial Juvenil
O Brasil levou uma das maiores delegações entre os sul-americanos. Do continente haviam representantes de Chile e Equador. A Argentina, que ainda está com fortes restrições de circulação e viagem por causa da pandemia de COVID-19, optou por não enviar nenhum representante.
De todos os atletas brasileiros, apenas dois, Samuel da Silva e Mateus Bellotto, da categoria Junior, conseguiram chegar a uma semifinal. Não houve, entre os representantes do Brasil, nenhum atleta em nenhuma final.
Os equatorianos, que possuem uma elogiada estrutura e um centro de treinamento, mostraram resultados abaixo de todos os sul-americanos. Com exceção da escalada de velocidade, que teve dois atletas que chegaram às finais, mas ainda longe do pódio.
Do continente sul-americano, a chilena Ignacia Quinteros se destacou e chegou a uma final, ficando em 5º na disciplina de vias guiadas na categoria Junior. Quinteros também chegou à semifinal de bouldering.
Quem tem a base forte?
Em uma competição tão longa como o Campeonato Mundial Juvenil, é necessário observar quais países colocaram mais atletas em finais e semifinais. O número de representantes é mais relevante do que o número de pódios, pois demonstra mais claramente quem possui uma base bem desenvolvida.
De acordo com oregulamento do IFSC de 2021 (seção 14.1 item B sub-item a,b,c), a classificação das idades é a seguinte:
- Youth B (Juvenil B): 14-15 anos de idade
- Youth A (Juvenil A): 16-17 anos de idade
- Junior: 18-19 anos de idade
Assim, quanto mais atletas de um país nas categorias com pessoas mais novas, maior é o desenvolvimento de sua base. Atletas conseguindo chegar a finais e/ou semifinais evidenciam efetividade no treinamento de jovens talentos e engajamento da entidade representativa dos escaladores esportivos de um país em desenvolver o esporte.
Análise categoria Júnior
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Analisando o número de atletas nas semifinais, o Brasil se destacou com 2 atletas, em uma semifinal atípica de vias guiadas, com 27 atletas por causa de um raro empate entre os classificados. Nas vias guiadas também houve um chileno, que teve desempenho similar aos brasileiros na prova semifinal.
França, Itália e EUA foram os países com mais classificados no masculino de vias guiadas: três. A ordem dos países é a colocação na disciplina.
- Finais Junior
- Masculino:
- Vias guiadas (8 finalistas)
- Alemanha: 1 atleta
- França: 2 atletas
- Japão: 1 atleta
- Rússia: 1 atleta
- Bélgica: 1 atleta
- Áustria: 1 atleta
- Polônia: 1 atleta
- Bouldering (6 finalistas)
- Inglaterra: 2 atletas
- Japão: 2 atletas
- França: 2 atletas
- Velocidade (16 finalistas)
- Rússia: 3 atletas
- Áustria: 1 atleta
- Itália: 1 atleta
- Japão: 1 atleta
- Alemanha: 3 atletas
- Cazaquistão: 3 atletas
- EUA: 1 atleta
- França: 1 atleta
- Equador: 1 atleta
- Ucrânia: 1 atleta
- Vias guiadas (8 finalistas)
- Feminino:
- Vias guiadas (8 finalistas)
- Japão: 1 atleta
- Eslovênia: 1 atleta
- França: 1 atleta
- Rússia: 1 atleta
- Chile: 1 atleta
- República Tcheca: 1 atleta
- Suíça: 2 atleta
- Bouldering (6 finalistas)
- França: 1 atleta
- Inglaterra: 1 atleta
- Eslovênia: 1 atleta
- Alemanha: 1 atleta
- Japão: 1 atleta
- Itália: 1 atleta
- Velocidade (16 finalistas)
- Alemanha: 2 atletas
- Itália: 3 atletas
- França: 1 atletas
- Israel: 1 atleta
- Rússia: 2 atletas
- EUA: 3 atletas
- Ucrânia: 1 atleta
- República Tcheca: 1 atleta
- Cazaquistão: 1 atleta
- Espanha: 1 atleta
- Vias guiadas (8 finalistas)
- Masculino:
Analisando as finais categoria Junior (18-19 anos), ficou evidente que a Itália possui vários talentos para despontar em médio prazo. A França, que possui tradição no esporte e é anfitriã da próxima Olimpíada, também tem investido na base.
Análise categoria Juvenil B
- Finais Juvenil B
- Masculino:
- Vias guiadas (8 finalistas)
- Japão: 1 atleta
- EUA: 2 atletas
- Eslovênia: 1 atleta
- Alemanha: 1
- Áustria: 2
- República Tcheca: 1
- Bouldering (6 finalistas)
- Bulgária: 1 atleta
- Japão: 1 atleta
- EUA: 3 atletas
- Alemanha: 1
- Velocidade (16 finalistas)
- Rússia: 3 atletas
- EUA: 3 atletas
- Japão: 1 atleta
- Espanha: 1 atleta
- Bulgária: 2 atletas
- Polônia: 1 atleta
- Itália: 1 atleta
- Índia: 1 atleta
- Cazaquistão: 2 atleta
- França: 1 atleta
- Vias guiadas (8 finalistas)
- Feminino
- Vias guiadas (8 finalistas)
- EUA: 2 atletas
- França: 1 atleta
- Japão: 1 atleta
- República Tcheca: 2 atletas
- Áustria: 1 atleta
- Suíça: 1 atleta
- Bouldering (6 finalistas)
- EUA: 1 atleta
- França: 2 atletas
- Áustria: 1 atleta
- Alemanha: 1 atleta
- República Eslovaca: 1 atleta
- Velocidade (16 finalistas)
- Polônia: 2 atletas
- Itália: 2 atletas
- Alemanha: 2 atletas
- Rússia: 3 atletas
- Japão: 1 atleta
- Ucrânia: 2 atleta
- EUA: 2 atletas
- Cazaquistão: 1 atleta
- França: 1 atleta
- Vias guiadas (8 finalistas)
- Masculino:
Analisando as finais categoria Juvenil B (14-15 anos), é nítido como os EUA (que não recebe ajuda de governo federal) possui boa perspectiva para dominar o esporte a longo prazo. Anastasia Sanders foi o destaque em vias guiadas e bouldering, apresentando potencial para ser o grande nome do esporte no continente americano.
Como dito acima, a França, que possui tradição no esporte e é anfitriã da próxima Olimpíada, também tem investido na base e o resultado está no número elevado, e constante, de atletas disputando finais.
Análise categoria Juvenil A
- Finais Juvenil A
- Masculino:
- Vias guiadas (8 finalistas)
- Japão: 2 atletas
- França: 1 atleta
- Eslovênia: 1 atleta
- Rússia: 1 atleta
- Bélgica: 1 atleta
- Inglaterra: 1 atleta
- Ucrânia: 1 atleta
- Bouldering (6 finalistas)
- Bélgica: 1 atleta
- Alemanha: 2 atletas
- França: 1 atleta
- Letônia: 1 atleta
- EUA: 1 atleta
- Velocidade (16 finalistas)
- Rússia: 2 atletas
- Ucrânia: 2 atletas
- Itália: 3 atletas
- França: 1 atleta
- Cazaquistão: 1 atleta
- Equador: 1 atleta
- Alemanha: 1 atleta
- Bulgária: 1 atleta
- Vias guiadas (8 finalistas)
- Feminino
- Vias guiadas (8 finalistas)
- Eslovênia: 2 atletas
- Itália: 1 atleta
- Bulgária: 1 atleta
- República Tcheca
- Áustria: 2 atletas
- EUA: 1 atleta
- Bouldering (6 finalistas)
- França: 2 atletas
- Eslovênia: 1 atleta
- Itália: 1 atleta
- EUA: 1 atleta
- Alemanha: 1 atleta
- Velocidade (16 finalistas)
- Itália: 2 atletas
- Alemanha: 2 atletas
- EUA: 2 atletas
- Espanha: 1 atleta
- Eslovênia: 2 atletas
- França: 1 atleta
- Ucrânia: 2 atletas
- Rússia: 2 atletas
- Japão: 1 atleta
- Vias guiadas (8 finalistas)
- Masculino:
Os resultados da categoria Juvenil A corroboram o crescimento dos EUA no esporte e em como tendem a ser o país dominante em campeonatos no futuro. A Eslovênia, segue sendo o grande revelador de escaladores e, pelo que mostrou no campeonato, seguirá sua dominância por bons anos.
Chama a atenção também que a Bulgária tenha colocado tantos finalistas em quase todas as categorias.
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.