Brasileiro está subindo o Annapurna em estilo solo e sem oxigênio suplementar

O brasileiro Moeses Fiamoncini está próximo de chegar ao cume do Annapurna (8.091 m), a décima mais alta montanha do planeta, em estilo solo e sem usar oxigênio complementar. Neste momento, Fiamoncini está em processo de aclimatação no Acampamento 2, que fica 5.500 metros acima do nível do mar.

Moeses é um dos montanhistas brasileiros mais fortes da atualidade e constantemente tem escrito, com destaque, seu nome na história do montanhismo brasileiro. Depois de ter escalado o Nanga Parbat (8.126 m) e o K2 (8.611 m) sem oxigênio suplementar em apenas 22 dias em sua última temporada no Himalaia, Moeses Fiamoncini se motiva cada vez mais a ir além dos seus limites.

Annapurna

Foto: cortesia de Moeses Fiamoncini

“Escalar o Annapurna sempre foi um grande sonho e sem dúvidas é um dos maiores desafios da minha carreira de alpinista por se tratar de uma das montanhas mais perigosas do mundo”, declarou o montanhista à Revista Blog de Escalada. “Um fator relevante nessa busca por superar a mim mesmo é que em uma jornada em solo eu tenho a responsabilidade de tomar minhas próprias decisões” completou.

Fiamoncini está na montanha desde o início de Abril e, segundo suas próprias expectativas, espera se estabelecer no Acampamento Base 3 ainda nessa semana. “Se tudo correr bem aqui no Annapurna gostaria de tentar novamente o Daulaguiri (8.167 m) que está aqui do lado” declarou o montanhista.

O Annapurna é uma das montanhas mais mortais do mundo, apresentando taxa de fatalidades em torno de 38% e nunca houve um (a) brasileiro (a) no seu topo. O montanhista Waldemar Niclevicz foi quem mais chegou perto da façanha, mas foi forçado a se retirar.

Este detalhe, de ser o primeiro brasileiro, também é fator de motivação de Moeses Fiamoncini, que disse: “ainda não aconteceu de um brasileiro ter feito cume aqui no Annapurna, então seria uma conquista inédita para o montanhismo nacional”.

A montanha mais perigosa do mundo

Annapurna

Annapurna

O Annapurna é tido como uma montanha fascinante e atrai montanhistas de todo o mundo. Muitos montanhistas tentam subi-la mas apenas alguns deles voltam, pois a montanha é também considerada o pico mais mortal do mundo.

Até esta data, 157 montanhistas subiram a montanha com sucesso. Por outro lado, um total de 60 morreram durante a tentativa, o que faz a taxa de mortalidade ser de 38%, a maior entre as taxas de fatalidade em escaladas de montanha.

Por esta taxa de mortalidade tão alta, a montanha acabou ganhando um ‘apelido’ macabro: “Montanha Assassina”. O nome da montanha é originário do sânscrito e significa “Deusa da Abundância” ou “Deusa das Colheitas”. A montanha também é conhecida na região como Morshiadi, ainda sem esclarecimento linguístico sobre sua origem.

Annapurna

Foto: cortesia de Moeses Fiamoncini

O maciço de Annapurna é o conjunto de 11 picos, dos quais seis principais se elevam acima de 7.200 metros. Apenas um deles, o Annapurna I, está acima de 8.000 metros acima do nível do mar. E, quando falamos sobre a ascensão de Annapurna, este pico particular é o que estamos falando.

Curiosamente, o Annapurna foi a primeira montanha com mais de oito mil metros que o ser humano pisou. Mas nenhuma outra montanha no mundo tirou a vida de tantos grandes escaladores. Apenas os montanhistas de elite tentam escalar o Annapurna e mais de um terço já perderam suas vidas na tentativa.

Por que o Annapurna é tão mortal?

O isolamento da montanha (difícil acesso à montanha por terra), terrenos desafiadores (paredes de gelo frequentes e encostas íngremes) e as frequentes avalanches (é uma montanha com centenas de avalanches) e clima bastante instável são alguns obstáculos. Os montanhistas devem estar totalmente cientes das possíveis quedas rápidas de rochas, gelo e massas de neve.

Ao contrário da região do Monte Everest, é difícil encontrar um sherpas. Existem apenas alguns guias locais e sherpas com um bom conhecimento de vias de ascensão no Annapurna. Portanto, o apoio local limitado na região acrescenta um desafio a uma expedição.

Além disso, comparado com o Monte Everest e outra montanha mortal como Nanga Parbat (a montanha das histórias tristes), o ganho de altura do acampamento base até o cume é maior no Annapurna. Portanto, quanto mais tempo o montanhista leva para subir e descer com segurança, maior o risco de se expor.

O Annapurna Base Camp fica a uma altitude de 4.130 metros, enquanto o pico chega a 8.091 metros. Assim, o montanhista tem de vencer uma altura total de 3.961 metros do acampamento base até o cume.

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