Estudo avalia a existência de diferença de antebraço entre escaladores de boulder e vias

Dentro da escalada existe vários tipos de estilos: boulder, escalada esportiva, escalada indoor, bigwall, offwidth, etc. Para cada um destes estilos são necessária uma habilidade física diferenciada da outra. Com a proximidade da escalada estrear como esporte olímpico, vários estudos foram realizados ao longo dos anos para identificar as diferenças físicas.

Um destes estudos, publicado em outubro de 2017, publicado por pesquisadores da Inglaterra, Espanha, República Tcheca, EUA e Nova Zelândia, foi o resultado de uma pesquisa para descobrir se existe diferença de força, resistência e cinética hemodinâmica entre escaladores de boulder e vias guiadas.

Foto: http://www.thecircuitclimbing.digital/

Hemodinâmica é o capítulo da fisiologia (estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos) que estuda a circulação do sangue. Em termos gerais é o equivalente da hidrodinâmica (estudo do movimento de fluidos incompressíveis e de sua interação com a superfície de corpos sólido) mas em vez de água, ou líquidos, é sangue.

No estudo, foram examinados a oxigenação cinética, força e resistência de um espaço amostral de 13 atletas dedicados ao boulder e 10 escaladores especializados em vias guiadas. Em cada um dos atletas foi avaliado os itens abaixo:

  • índice de capacidade oxidativa e consumo de oxigênio no músculo (mvO2) no músculo flexor profundo dos dedos
  • Força de antebraço (volatilidade de contração máxima – MVC)
  • Resistência
  • Volume do antebraço

O estudo apurou que o MVC era significativamente grande em boulderistas quando comparado a atletas que se dedicam à escalada guiada. Em contrapartida os índices de capacidade oxidativa eram mais destacados em atletas de vias guiadas.

Conclusão do estudo

Os pesquisadores concluíram que o alto valor de MVC em boulderistas pode ser uma adaptação neural, mas não efetivamente uma hipertrofia.

O grande valor no índice de capacidade oxidativa em ambos os grupos, sugere que treinadores, atletas e praticantes de escalada devam considerar treinamento específico aeróbico para os antebraços. Este treinamento aeróbico específico seria para auxiliar na performance.

Com base neste estudo, a prática restrita de treinamentos dedicada somente à escalada, especialmente para atletas que desejam melhorar a performance, mostra-se deficiente.

Uma das pesquisadoras neste trabalho científico Vanesa España-Romero, apresentou os resultados e detalhes de como foi feita a pesquisa no 2º Simpósio de Ciência da Escalada, que aconteceu no Chile em dezembro de 2017. O evento contou com os principais técnicos da Argentina, Chile e Peru. Entretanto, no evento não havia nenhum representante, seja atleta ou técnico, do Brasil.

Bibliografia

There are 4 comments

  1. Rafael Piunti

    Boa tarde Luciano,

    Sou membro do grupo de estudos de escalada esportiva da Unicamp.

    Em 2012 realizamos um estudo com resultados semelhantes a esses, com relação aos níveis de força específica de escaladores, estudo esse que foi apresentado em congresso em Barcelona.

    Em 2015 publicamos um estudo bem interessante com escalada e vias energéticas, em revista internacional renomada (Science & Sports)

    Temos uma tese de mestrado da Patrícia Guimarães com escalada esportiva de 2017.

    Entre outros estudos…

    O professor da USP Rômulo Bertozzi também tem vários estudos com Escalada publicados em revistas internacionais.

    As escalada esportiva vem crescendo no Brasil, infelizmente o processo para levantar fundos para o esporte, investimento na base, interação da ciência com treinamento da modalidade é complicado. Mas seguimos estudando e contribuindo ao esporte.

    Abraços,

    Rafael Piunti

    1. Luciano Fernandes

      Olá Rafael

      Obrigado pela sua mensagem. O objetivo da sessão de ciência é exatamente este: divulgar os estudos científicos a respeito do montanhismo. Neste texto, como em qualquer outro de ciência, na há nenhuma menção de que aqui no Brasil não se faz ciência, ou que aqui ignora o esporte. Os textos de ciência são apenas para disponibilizar, em forma jornalistica, a existência de estudos deste conteúdo e onde encontrar mais detalhes.

      Abs

  2. Prof. Orlei Jr.

    Parabéns a equipe! São raros os estudos neste nível!

    Infelizmente, devido a falta de reconhecimento, falta de valorização, baixos salários, falta de apoio, … os treinadores brasileiros não participam de eventos deste tipo.

    Estudo, formação, qualificação, know-how, … não falta.

    1. Luciano Fernandes

      Orlei, ha aproximadamente 4 semanas, todas as quartas estamos publicando um artigo cientifico, com bibliografia e o site para download do estudo. Quanto a ir ou não ao simpósio, nao é reclamação nem crítica. É apenas um fato, pois este em específico foi apresentado no simpósio. Nos outro artigos, que não foram apresentados na América latina não houve menção à ausência. Portanto é apenas um fato, assim como o dia nascer ensolarado ou nublado.

      abs

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