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Todos os anos assistimos várias campanhas publicitárias usarem o o montanhismo como trampolim.
Algumas enaltecem o esporte e o espírito e o ambiente de montanha. Outras, são bem bizarras, como descer de parapente do Monte Everest. Atitudes constrangedoras tanto para o público leigo quanto para os montanhistas.
Fosse somente campanhas publicitárias de mau gosto o problema, seria até simples de resolver. A realidade do montanhismo, especialmente o de alta montanha, é mais complexo e possui muitas nuances e áreas cinzas.
Não é segredo para ninguém que montadoras de automóveis de luxo, distribuidoras de açaí, companhias de telefonia móvel, e outras empresas sem qualquer ligação com o montanhismo, exploram a atividade para alancar suas vendas e divulgar sua marca.
Mas ‘Qual o problema disso ?’ você pode perguntar…
Pois então verifique que estas mesmas empresas se esquivam de patrocinar qualquer evento que faz parte da cultura do esporte, como festivais de cinema ou abertura de temporadas de montanhismo. Assim fica evidente que o montanhismo é visto de maneira simplória para servir apenas de ativação de marca ou até promoção com potenciais apresentadores de TV e criação de subcelebridades.
O fato é que nenhum montanhista profissional é envolvido no processo. A atividade é apenas usada, nada mais que isso. Assim perde o esporte, que continua sendo visto de maneira estereotipada, assim como todos os seus praticantes.
Para estas empresas, assim como os pseudo-montanhistas que as divulgam, a montanha é um apenas uma fachada para seduzir jornalistas leigos do assunto. Após ser usado, é dispensado. Da mesma maneira como a Geni da música de Chico Buarque, o montanhismo, somente possui relevância quando é para usado para satisfazer aos interesses promocionais de subcelebridades assim como as marcas obscuras que as patrocinam.
Do outro lado dessa maneira simplória e maniqueísta de enxergar o montanhismo, estão justamente os montanhistas profissionais. Aqueles que fizeram da prática do montanhismo seu ganha pão. Pessoas dedicam a sua vida como serem profissionais da atividade, lutam para conseguir levar seus projetos adiante e realizar seus sonhos.
Seja subir uma montanha pouco badalada ou pelo menos preparar-se adequadamente para o que quer que seja. Ao longo do tempo, guias de montanha tem de usar de economia criativa para se sustentar e concretizar seus sonhos, como enriquecer o currículo com um grande repertório de subir montanhas.
Pois não se engane, é caro praticar montanhismo, especialmente alta montanha. Assim fica mais difícil se não nasceu em berço de ouro. Precisamos refletir sobre estes e outros problemas existentes que impedem uma prática decente sustentável e ética do montanhismo. Sempre com mais razão e menos emoção.
Participantes
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Áudios enviados
- Marcelo Delvaux – 11:21
- Carlos Santalena – 56:53
Onde escutar
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