Viajando à Argentina e Patagônia para escalar – Como chegar?

A Argentina é um país que podemos considerar como paraíso para escaladores e praticantes de atividades outdoor. “Aventureiro” é um termo que é abominável para quem gosta de atividades de natureza, e por isso não usarei aqui.

Há de tudo e para todos os gostos em matéria de escalada e talvez a exceção esteja para os praticantes de boulder.

Há locais de escalada com mais de 400 vias com os mais variados graus de dificuldades. Seguramente uma viagem de 20 dias na Argentina faz qualquer pessoa “subir grau” e rever conceitos sobre si mesmo. Para escaladores um aviso: A graduação de escalada utilizada na Argentina é a francesa, sem nenhuma adaptação.

O país Argentina

Uma importante informação que TODOS devem ter é sobre o tamanho do país. Não deve ser ignorada em nenhum momento.

Sabemos que o Brasil é um dos maiores países do mundo e todos aprendemos na escola. Entretanto depois do Brasil o maior país da América do Sul é a Argentina.

Por isso consequentemente as distâncias são muito maiores do quando olhamos o mapa. Este tipo de “ignorância” fez com que muitas pessoas não percebessem que alguns locais de são longe uns dos outros.

Corriqueiro haver, então, planos de escaladores brasileiros para visitar locais que possuem distância muito maior do que por exemplo, a que separa a Serra do Cipó-MG e a Chapada Diamantina-BA.

Para exemplificar: É possível sim visitar os dois lugares citados acima? Sim, mas não podemos considerar que uma viagem entre estes lugares levar 5 horas apenas. A região que abriga os principais pontos de escaladas e trekking na Argentina é a Patagônia.

Muitos acreditam que esta região é pequena. Na realidade não é, muito pelo contrário.

A região compreendida como Patagônia possui aproximadamente a mesma área que a Região Nordeste do Brasil. Exemplificando: a distância entre El Calafate e Bariloche é de aproximadamente 1.800 km.

Proporcionalmente é maior que a que existe entre a Chapada Diamantina-BA e a cidade de Fortaleza-CE no Ceará que são 1.100 km em linha reta. Na Patagônia a cidade destino referência de muitos brasileiros é Bariloche. A cidade de Bariloche está a uma distância de mais de 1.800 km da capital federal Buenos Aires.

Não sendo, portanto, uma distância simples e fácil de ser percorrida.

Exatamente por isso a Revista Blog de Escalada elaborou uma série de artigos que é o resultado de viagens realizadas para a região nos últimos cinco anos.

A quantidade de informação disposta em cada um dos artigos foi pedida por muitas mensagens de interessados a irem à Argentina para conhecerem os melhores locais de escalada e trekking da América Latina.

Nesta série estarei colocando temas de “como chegar”, “quais documentos levar”, “principais polos de escalada” e por último “como se comportar”.

O último artigo sobre comportamento é para que NINGUÉM mais poluir locais de natureza intocável como o falso professor de yoga brasileiro que colaborou com o fechamento do Valle Encantado envergonhando a escalada brasileira.

Como Chegar

Para ir somente à capital Buenos Aires há de ter em mente que existe uma distância de 2.500 km entre o principal aeroporto internacional do Brasil (Aeroporto de Guarulhos em São Paulo) até o principal aeroporto internacional de Buenos Aires (Aeroporto de Ezeiza).

Portanto dentre as possibilidades mais razoáveis (estou excluindo viagens de bicicletas ou caminhando) para se chegar à Buenos Aires há três possibilidades:

  • Avião (cômoda e com preço às vezes salgado)
  • Ônibus (preço discutível e muito tempo de viagem)
  • Carro (muito tempo de viagem, e fisicamente exaustiva, porém barato para serem dividido por 4 pessoas).

1 – Viagem de Avião

Viajar de avião do Brasil à Buenos Aires como regra geral há a necessidade de se sair do Aeroporto de Guarulhos. Existem poucos voos que saem da cidade do Rio de Janeiro e vão direto à Buenos Aires.

O preço médio da passagem varia de acordo com horários e companhias aéreas (US$ 200 a US$ 350). O tempo de viagem entre Guarulhos à Ezeiza é em média duas horas.

Existem voos que vão a um outro aeroporto de Buenos Aires, este conhecido como “Aeroparque”.

O Aeroparque fica exatamente dentro da cidade de Buenos Aires (semelhante à Congonhas em São Paulo, Pampulha em Belo Horizonte e Galeão no Rio de Janeiro), e que fornece comodidade para deslocamento pela cidade portenha aos seus pontos turísticos.

Para os brasileiros interessados em ir para a Patagônia, o maior aeroporto desta região é o de Bariloche.

Para esta cidade não há voos diretos saindo do Brasil.

O motivo é simples: não há controle de imigração neste aeroporto. Qualquer pessoa que disser que existe um voo direto de qualquer lugar do Brasil à Bariloche está mentindo. Portanto considere para termos de planejamento que todos os voos que saem do Brasil que vão à Bariloche farão escala em Buenos Aires.

Existem ainda alguns vôos em que há de desembarcar em Ezeiza, tomar um ônibus até o “aeroparque” para que se tome outro voo até Bariloche, e vice-versa. Cabe a quem estiver vendendo a passagem fazer a orientação sobre este procedimento.

Maiorias dos vôos entre Bariloche e Buenos Aires levam em média de 3 a 4 horas. Chegando a Bariloche pode-se tomar um ônibus comum que faz o trajeto aeroporto/centro da cidade a preço bem razoável.

Quem deseja visitar a região da “Buitrera/Piedra Parada” que ficam próximo à cidade de Esquel o conselho é se planejar minuciosamente, pois a cidade possui aeroporto porém não há muitos voos saindo de Buenos Aires até a cidade.

Para quem planeja usar táxi um conselho: tome MUITO cuidado com os taxistas argentinos.

Até mesmo quem possui a mesma nacionalidade, e também familiaridade com o local, já foram vítimas de trajetos longos que ocasionaram em uma tarifa salgada ao final.

Uma viagem de táxi pode sair por quase R$ 150 reais para o mais desavisado turista.

Obviamente existe a possibilidade de se alugar um carro, ou mesmo uma “Van/trailer”.

Os preços são variados, porém é importante saber que para grandes distâncias o erro de defeitos no carro não são desprezíveis.

Os preços são cobrados em dólar, e alguns por quilômetros rodados.

Sem esta possibilidade, há de se utilizar os ônibus para o deslocamento entre locais.

Por isso deve-se sempre planejar quais locais visitar e o que fazer nestes locais.

Preste MUITA atenção à quantidade de equipamentos está levando em sua bagagem.

Toda e qualquer viagem de avião tem um limite de peso a se levar na mochila, que gira em torno de 20 kg para bagagens despachadas, e 5 kg para bagagens de mão.

Fique atento a estes limites para não se pagar excesso de bagagem.

Saiba mais detalhes em (http://viagem.decaonline.com/)

2 – Ônibus

Alguns escolhem por algum motivo ir de ônibus para a Argentina.

A viagem de um ônibus que sai da rodoviária do Tietê em São Paulo até Buenos Aires demora em média 50 a 60 horas de viagem.

O preço é aproximadamente 20% mais barato do que a de avião.

Uma das grandes vantagens de se viajar de ônibus até a Argentina para escalar é que não há um limite de peso para bagagem.

Obviamente que se levar 2 dúzias de mochilas levantará suspeita, e terá transtorno com isso.

Sem abusar da sorte há a possibilidade de se levar grande quantidade de equipamento de escalada.

Não existem ônibus que saem direto de São Paulo, ou de qualquer lugar do Brasil, direto para a cidade de Bariloche.

Por isso há de descer na rodoviária portenha e comprar a passagem para Bariloche.

Para Bariloche as melhores companhias rodoviárias são a “Chevalier”, “Flecha Bus”, “Rapido Argentino”, “Via Bariloche” e “Cruzero Del Norte”.

Existem outras empresas que fazem o trajeto, mas possuem qualidade de carros, assentos e serviço muito inferior.

A viagem demora de 20 a 24 horas.

Para quem chega de avião até Buenos Aires, e deseja seguir viagem até Bariloche de ônibus pode pegar um fretado da compania “Manuel Tienda León”.

Seu ponto de parada é próximo à rodoviária.

Entre este local e a rodoviária a distância é de cerca de 200 metros.

Na rodoviária de Bariloche se prepare para exercitar a sua paciência.

O local é pequeno e os atendentes não são muito conhecidos por sua cordialidade, paciência e competência.

Este tipo de comportamento é padrão a todos que utilizam ônibus na Argentina e não somente a estrangeiros.

Para viagem de ônibus pela Argentina é necessário sempre a apresentação de documento de identidade para a emissão da passagem.

A questão de documentos necessários para se viajar para a Argentina será abordada em outro artigo somente sobre documentos e licenças para escalar (sim, você leu certo, licenças para escalar).

Para quem deseja viajar de Bariloche à Esquel um aviso: a distância é de quase 400 km.

Portanto de Bariloche à Esquel há de se tomar um ônibus que leva em torno de 5 horas.

A companhia que faz o trajeto é a“Via Bariloche” e aceitam cartão de crédito como pagamento

Para quem deseja ir à” Piedra Parada / Buitrera” se prepare para encontrar dificuldades: existem apenas UM ônibus que vai até o vilarejo de “Paso Del Sapo” que sai somente às quintas-feiras às 10:00 de Esquel, e retorna pelo mesmo trajeto no final da tarde.

A única companhia que faz o trajeto é a “Jacobsen”.

Este trajeto possui cerca de 80 km em estrada de terra com muito cascalho e por região desértica.

Se estiver indo para lá deixe suas frescuras em casa.

Há a possibilidade de se tomar um ônibus até Gualjaina, e lá pegar um “Remis” (espécie de taxi não legalizado) até Piedra Parada. Este trajeto em “Remis” pode sair algo em torno de R$ 60,00

Obviamente existe a possibilidade de se alugar um carro, ou mesmo uma “Van/trailer”.

Os preços são variados, porém é importante saber que para grandes distâncias o a possibilidade de defeitos no carro não são desprezíveis.

Os preços cobrados em aluguel de carros são em dólar e às vezes por quilômetros rodados.

3 –Carro

Para as pessoas que possuem um espírito mais aventureiro uma viagem de carro pela Argentina rende muitas histórias.

Este tipo de transporte é recomendável para pelo menos quatro pessoas por carro.

Não custa nada lembrar que o carro DEVE estar com todas as revisões de motor, suspensão e óleos rigorosamente em dia.

Verifique ainda se seus pneus estão novos ou no máximo “meia vida”.

Para viajar de carro pela Argentina é necessário ir até à embaixada e/ou consulado, para o pagamento de uma licença para circulação de seu automóvel pelo país.

Lá receberá uma lista de equipamentos obrigatórios para que faça a sua viagem.

Um bom conselho a quem deseja fazer de carro o trajeto é estudar a possibilidade de uma carretinha para usar em carros que possuem engate.

A possibilidade de levar grande volume de equipamentos é grande, porém a possibilidade de ser parado em quase todos os postos policiais da Argentina também.

Todos os guardas de fronteira são rigorosos com cada um destes itens portanto não deixe para resolver isso durante a viagem.

Nas estradas argentinas não é incomum haver grandes distâncias entre os postos de gasolinas (chamados de “Estación de Servicio”).

Caso você seja displicente com relação ao consumo de seu carro pode ficar pela estrada no meio do nada.

A gasolina na Argentina é chamada de “Nafta” e até bem pouco tempo o país atravessou uma crise de abastecimento que deixou muitos postos de gasolina sem o produto.

Portanto neste aspecto fique atento.

Uma peculiaridade do país argentino que pode afetar uma viagem de carro: a população não tem o hábito de pagar TUDO em cartão de débito/crédito como aqui no Brasil, portanto em uma viagem de carro leve moeda em espécie em quantidade abundante.

Há relatos de guardas que pedem suborno para a liberação de carros nas estradas argentinas.

Para que isso seja contornado um conselho simples: domine o idioma espanhol (deixe o portunhol em casa), não discuta, procure sempre ser simpático e não se faça de “engraçadinho”.

Outro bom conselho é de que se comportar com as leis de trânsito de maneira rigorosa.

Portanto não exceda a velocidade nem estacione em local proibido (mesmo por 1 minuto) e assim por diante.

Lembre-se que você é um estrangeiro portanto não fique falando mal de argentinos, se não tem simpatia por eles fique em casa porque não está preparado para visitar o país.

Uma viagem de carro para Bariloche saindo de São Paulo (para quem não mora na capital paulista faça as contas de onde está passado pela cidade) são pelo menos 3.600 km a se percorrer.

Com isso seriam pelo menos quase sete tanques cheios; (para carros com tanque de 50 litros).

Não esqueça de contar nestes valores o preço de pedagio das estradas brasileiras.

Um valor que pode ser considerado razoável é R$ 1.500,00 para aproximadamente 45 horas de viagem sem paradas.

Nesta viagem acima não há passagem pela capital Buenos Aires, nem se cruza o Uruguai.

Para que se cruze o Uruguai de carro, é necessário também que tenha documentação de autorização e cumprimento de outra lista de equipamentos obrigatórios.

There are 2 comments

    1. Luciano Fernandes

      Eduardo.

      Acredito que não prestou atenção no texto. Eu disse que não há atrações para boulderistas como há parta outros tipos de escalada. Não há no texto em nenhuma parte dizendo que não há boulders por lá.
      Porém não há na Argentina inteira a quantidade de Boulders que há em Cocalzinho e Conceilção do Mato Dentro Juntos.

      Ou seja, para quem deseja so viajar para fazer boulder não compensa o gasto. Apenas para contar história acredito.

      Porém para escalada tradicional e escalada esportiva não há comparação com nenhum local da América do Sul, sendo assim o maior atrativo para quem deseja realmente sair do país para ir para lá.

      Não acredito ainda que alguém vá a Argentina gastando mais de mil reais para fazer boulder em um local de inferior qualidade a muitos lugares apresentados no Brasil.

      Abs

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