A “Action Directe” é uma via de escalada esportiva famosa e considerada das mais difíceis do mundo. Localizada em Frankenjura, na Alemanha, foi encadenada pela primeira vez por Wolfgang Güllich em 1991. Até os dias de hoje a via desafia e atormenta escaladores esportivos em todo o mundo.
A via é mundialmente famosa por ser a primeira via graduada como 9a francês do mundo (11c brasileiro) e atualmente ainda é considerada por muitos como uma referência para essa graduação. Poucos sabem, mas Güllich atribuiu a ela uma classificação UIAA de XI. Esta graduação se converte em um grau francês entre 8c+ e 9a.
A “Action Directe” também é famosa por seu estilo, envolvendo movimentos dinâmicos longos dos monodedos e um início dinâmico em bidedos. Para fortalecer os dedos, Wolfgang Güllich inventou o campus board para treinar a força e a resistência específicos e necessários para a área de Frankenjura.
Filme em 2020
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Na semana passada a escaladora francesa Melissa Le Nevé tornou-se a primeira mulher da história a encadenar a famosa linha em Frankenjura. Em toda a história, esta foi a vigésima sétima ascensão da “Action Directe”. Nenhum escalador da América do Sul já encadenou a via.
Nesta semana, Le Nevé anunciou que toda a saga de sua conquista fará parte da 15ª edição do Reel Rock Tour. O prestigiado festival organizado pela Sender Films confirmou a realização da produção para a edição de 2020.
O Reel Rock Tour já confirmou a realização no Brasil no ano de 2020 em pelo menos quatro cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba. As datas serão anunciadas com antecedência assim que as medidas de combate à pandemia nos estados brasileiros foram anunciadas.
A História
Nascido na República Tcheca, o escalador Milan Sykora era era fascinado por Frankenjura e foi quem conquistou a via nos anos 1980, começando pela linha vizinha à direita. A via recebeu o nome em homenagem ao grupo terrorista francês “Action directe” que cometeu uma série de assassinatos e ataques violentos na França entre 1979 e 1987.
Os membros do Action directe se consideravam comunistas libertários que haviam formado uma “organização de guerrilha urbana” Durante sua existência, os membros do AD mataram 12 pessoas e feriram outras 26. O grupo acabou publicando um livro, um manifesto político, intitulado Pour un Projet communiste em 1982, que lembrava o Manifesto Comunista de 1848 por Karl Marx.
Aparentemente, a inspiração para o nome veio durante o treinamento para a via, pois parecia a ele que o treinamento era um ato de terror contra seus dedos. A reputação da via cresceu quase além da medida e resistiu aos testes mais severos de todos os tempos, emergindo como uma das vias mais famosas do mundo. É o equivalente da escalada esportiva ao “The Nose” em El Capitan, em Yosemite.
A primeira cadena da via foi realizada por Wolfgang Güllich em 14 de setembro de 1991., que escalou usando uma sequência de 16 movimentos e um início mais direto com um salto dinâmico no bidedo. Levou 11 dias de trabalhar o problema até encadená-la. Um outro escalador, o japonês Dai Koyamada, usou uma sequência diferente com apenas 11 movimentos.
A cadena mais rápida até hoje foi por Alex Megos, que só precisou de duas horas.
Abaixo estão todos os escaladores (as) que encadenaram a mítica via
- Wolfgang Güllich (14/09/1991)
- Alexander Adler (13/09/1995)
- Iker Pou (07/06/2000)
- Dave Graham (21/05/2001)
- Christian Bindhammer (14/05/2003)
- Richard Simpson (13/10/2005)
- Dai Koyamada (15/10/2005)
- Markus Bock (22/10/2005)
- Kilian Fischhuber (25/09/2006)
- Adam Ondra (19/05/2008)
- Patxi Usobiaga (24/10/2008)
- Gabriele Moroni (21/04/2010)
- Jan Hojer (24/05/2010)
- Adam Pustelnik (11/10/2010)
- Felix Knaub (09/11/2011)
- Rustam Gelmanov (25/03/2012)
- Alex Megos (04/05/2014)
- Felix Neumarker (05/2015)
- Julius Westphal (25/06/2015)
- Stefano Carnati (06/2016)
- David Firnenburg (29/10/2016)
- Stephan Vogt (04/04/2017)
- Simon Lorenzi (15/04/2017)
- Said Belhaj (29/10/2018)
- Stefan Scarperi (2/11/2018)
- Adrian Chmiala (15/05/2019)
- Melissa Le Nevé (21/05/2020)

Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.