Acidentes na escalada: Se não sabe um procedimento, não invente!

AVISO : As imagens deste artigo podem ser fortes (sim, elas são reais), mas é uma possibilidade, ou consequência, de acidentes. Por isso qualquer pessoa deve estar disposta a agir friamente depois de vê-las.

De repente você escuta um grito aterrador seguido de um barulho, que nunca esquecerá, de algo chocando ao solo. A 50 metros de você está caído alguém, que despencou de uma altura superior a 15 metros. A pessoa que fazia a segurança está em choque, chorando sem saber o que fazer. Você chega perto e vê um escalador inconsciente, com sinais óbvios de fraturas nas pernas, braços e sangrando pela boca. Ainda está respirando. Mas em 10 minutos estará morto, caso não saiba o que fazer.

Após uma pesquisa feita na internet com escaladores, mostrou que um em cada quatro escaladores, afirma que está preparado para um acidente. No caso de ACIDENTES DE VERDADE… você está preparado?

Pense primeiramente que está diante de um escalador(a) inconsciente e muito ferido. Portanto, não estamos falando de alguém que “somente’ quebrou um braço e está gritando de dor. Estas duas situações são bem diferentes.

A foto que vê abaixo, embora pareça chocante, é o que poderá encontrar após um grave acidente. Existe ainda algumas coisinhas que deve saber se está disposto a considerar-se 100% preparado:

• Estar seguro de que quando agir, não trará consequências piores para a vítima
• Atuar de boa fé mas de maneira impulsiva e inconsequente, é perigoso caso não esteja seguro do que fazer
• Em algumas ocasiões buscar ajuda pode ser muito mais efetivo, do que inventar atuar sozinho (mesmo que seja rapidamente)

Já está mais que demonstrado, inclusive com a confirmação de trabalhos científicos, que a incidência de problemas aumenta quando é prestado ajuda de maneira inadequada (com aumento significativo da porcentagem de mortalidade). Especialmente em acidentes graves.

Há estudos científicos que demonstram alta incidência de invalidez (paraplégicos e tetraplégicos) em acidentes automobilísticos quando terceiros (geralmente pessoas leigas), sem conhecimentos em socorros, tentavam ajudar as vítimas. Na pesquisa realizada na internet foi perguntado, de forma geral, se o pesquisado ajudaria efetivamente no caso de um acidente grave. Os resultados foram os seguintes:

Uma boa pessoa sempre tentará ajudar a quem esteja necessitando de algo, mas se pratica um esporte, o qual a possibilidade de presenciar um acidente grave é sempre presente como a escalada, é de vital importância que saiba o que fazer antes de socorrer alguém. Isso porque suas intenções podem ser boas, mas o pior que pode passar a um acidentado é alguém fazer mais do que deve.

Na pesquisa, quando foi perguntado se ajudaria, observa-se que uma porcentagem muito significativa de pessoas que afirmam que estão 100% preparados para ajudar. Por isso uma coisa é importante estabelecer: o que significa ajudar?

Porque receber ordens de alguém que sabe o que tem de ser feito é uma excelente ajuda, mas tomar iniciativa sem saber 100% do que faz é mais perigoso que o acidente propriamente dito.

Durante testes de avaliação feitas por montanhistas e escaladores, durante cursos de primeiros socorros, mais de 90% se equivoca ao estar diante de pacientes com TEC complicado e, por isso, quase todos realizam ações secundarias e esquecem as principais (que são as que salvam uma vida sem sequelas)

Não somente com pessoas de fora da área de saúde ocorre isso. Pois durante avaliações da sociedade chilena de cardiologia, diante uma parada cardíaca que tinham de fazer Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP), uma porcentagem significativa não sabia fazer corretamente.

Portanto é necessário ser extremamente responsável quando se trata de dizer que está 100% preparado para atender a um acidente grave, porque suas ações podem mudar drasticamente o futuro de uma pessoa. Dependendo do que faça pode haver vida ou morte desta pessoa e até mesmo sequelas graves.

O que fazer

Se deseja ajudar em um acidente, o primeiro que deve fazer é a prevenção. Por prevenção me referiro a:

Primeiro: Certifique-se que outros escaladores não tomem riscos desnecessários assim que perceber que não sabem as normas básicas de segurança em escalada. Ensinar, ou fazer com que saiba de suas deficiências, são excelentes maneiras de evitar riscos. Há pessoas que, apesar de serem instruídas, se fazem de surdos ou simplesmente se sentem ofendidos… Lembre-se que não somente colocam a sua vida, mas de toda a cordada (escalador + segurador) além das pessoas ao redor. A liberdade de fazer qualquer estupidez afeta a todos.

Segundo: Tente aprender ações básicas de primeiros socorros. Me refiro como ação básica não levar aquela bolsa inútil de primeiros socorros que, no melhor dos casos, somente servirá para desinfectar uma queimadura de corda. Tudo o que pode fazer diante de um acidente é agindo, organizando quem sabe, ou não, e usando o próprio equipamento de escalada para improvisar uma tala e meios de imobilização ou transporte (somente se é estritamente necessário).

Este artigo, claro, é absolutamente incompleto, mas há muitas lacunas e muitos acidentes que podem acontecer. Por isso em apenas uma ou duas páginas é impossível dar conselhos ou ensinar de maneira apropriada.

Mas mesmo assim espero poder fazer uma sequências de artigos no futuro, com situações que podem ocorrer e que, caso esteja disposto, prestar ajuda de forma responsável.

Ou pelo menos sabendo o que há de fazer para não piorar ainda mais as coisas.

Tradução autorizada de: http://rocanbolt.com