A origem do termo “esportes radicais” (e o porque não se usa mais)

Esportes de natureza, esportes de aventura, esportes de ação, esportes outdoor ou, de maneira mais antiga e caindo em desuso, esportes radicais começaram a ser reconhecidos como prática esportiva pela imprensa de massa na década de 1980 e início da década de 1990. Estas diversas modalidades esportivas começaram a ganhar cada vez mais adeptos e se diferenciavam por sair do lugar comum dos considerados ‘esportes tradicionais’.

À medida que alguns esportes de ação saíram de moda, como paintball, laser tag, windsurf, kite surfing, hang gliding, entre outros, os veículos de massa acabaram perdendo o interesse em cobrir estes esportes em seus tradicionais espaços. Esta perda de espaço se deu pela ausência de grandes nomes, que atraíssem a atenção da audiência (para que a transmissão fosse atraente para anunciantes) e consolidasse a modalidade a novos usuários.

Como algumas dessas modalidades não eram sequer competitivas, como o hiking e o trekking, os publicitários preferiram apenas explorar a imagem do praticante, mas sem abraçar o compromisso de transmissão de competições. Ou seja, a imagem de escaladores e praticantes de trekking são largamente usadas em propagandas, mas o próprio esporte não recebe a mesma atenção.

Por que radical?

esportes radicais

O próprio termo ‘esporte radical’ já é considerado um termo fora de uso e com conotações de ignorância a respeito da modalidade. Como o adjetivo ‘radical’ se refere a uma modalidade que ‘rompe com padrões existentes’, foi adotado indiscriminadamente por jornalistas que sequer tinham intimidade com esportes diferentes dos tradicionais.

Quem foi que criou o termo ‘radical’ não é conhecido. Porém, analisando a estrutura linguística, é possível intuir porque foi chamado assim por jornalistas e publicitários. Como estes esportes, em teoria, apresentam maior grau de risco físico, dado às condições de altura, velocidade ou outras variantes em que são praticados, rompia com tudo o que era conhecido como esporte.

Por definição, algo radical é caracterizado por um sensível afastamento do que é tradicional ou usual. Ou seja, um esporte afastado do que é usual ou tradicional (esportes de quadra ou olímpicos) foi considerado uma quebra de tradição e cultura. Foi a partir dessa visão filosófica que o termo ‘esporte radical’ foi cunhado e adotado largamente por veículos de comunicação de massa.

Como o termo ‘radical’ também é designado a alguém que é favorável a reformas absolutas no quadro da sociedade atual, e todo jovem ou adolescente possui este comportamento, foi cada vez mais adotado por aqueles que praticavam uma modalidade.

Os ditos ‘esportes radicais’ tornaram-se interessantes elementos da Cultura de Movimento contemporânea, pois levava ao extremo a experiência corporal do risco, da liberdade e da aventura, indo na “contramão” do sedentarismo e da virtualização dos corpos promovidos pela televisão e pela internet.

Termo ‘esportes radicais’ caiu em desuso

esportes radicais

As palavras, termos e definições, assim como tudo na vida, passam por diversas transformações ao longo do tempo. A mais perfeita metáfora desse tipo de realidade é o uso de pochetes. Como muitas coisas dos anos 1980 (como o termo ‘esportes radicais’) as pochetes eram largamente usadas, mas com o tempo caiu em desuso e atualmente é motivo de piadas de todos os tipos.

Quando termos caem em desuso, é porque houve uma evolução da linguagem pois a ideia a ser transmitida é a mesma, mas o que muda é a palavra usada para expressá-la. Por isso que existem expressões antigas e novas para coisas que tem o mesmo significado”.

Assim aconteceu com ‘esportes radicais’, que tornou-se um termo antigo os hoje largamente usados ‘esportes de natureza’, ‘esportes outdoor’ e ‘esportes de aventura’. Portanto, assim como a pochete e termos como ‘esportes radicais’ ficaram como símbolo da cultura dos anos 1980 (e devem ficar por lá).

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