Após alguns dias lendo tanta bobagens na internet, especialmente na listas de discussão, pude aproveitar algo de bom.
Se alguém ainda não sabe o que ocorreu, foi o seguinte: A discussão era se fulano se acovardou ou não a duzentos anos atrás. E “fulano” escala muito bem.
Durante os discursos inflamados de que há ou não campos escolas decentes em São Bento do Sapucaí, e se fulano escalava nada, ou beltrano era mau caráter, e cicrano não queria concorrência, deu para ver como as pessoas são “hiper-valentes” quando vão escrever um e-mail. E inversamente o contrário ao vivo.
Já tive o desprazer de ter pessoas desequilibradas colocando ofensas de cunho moral, e criticando decisões da minha vida pessoal até. Nem precisa dizer que a minha vida pessoal é problema meu. Até do meu time do coração vieram ofender pelo blog(ou seja , coisas NADA a ver). Já até me ameaçaram fisicamente, mas nunca tiveram coragem de vir a cumprir a promessa ou fazer a ameaça ao vivo.
Apertar a tecla “enter” é muito fácil, mas honrar o que se escreve, é outra coisa.
Em um puxão de orelha, o moderador da lista já com a paciência a ponto de esgotar citou uma frase que é bem a síntese do que acontece em discussões estéreis: “Enquanto fica-se discutindo o ego de cada um, ficamos sem locais de escalada como Cochamó e PNI. Gastamos energia com aquilo que não interessa e nem tem importância, e o importante ignoramos.”
Pois bem. Nem querendo me alongar em textos longos, afirmo que acho inútil este tipo de discussão, e comparação. Outro dia fui “insultado” com o argumento de que eu “não mandava mais do que muita mulher por ai”. Pois bem: mandar ou não mandar mais que mulher, criança, velho, macaco, lagartixa ou outra coisa não me ofende. O que eu faço para a escalada, o montanhismo, e principalmente para a minha família e as pessoas que eu amo é o que me importa.
Argumento assim nem faz cócegas, nem insulta.
De nada vai adiantar eu(ou qualquer outro escalador) “mandar” 10º grau se não houver mais locais disponíveis para escalar se todos fecharam. Até mesmo ir escalar 11º com um lixão deixado por escaladores que não respeitam o fato de que cada um é responsável pelo local de escalada.
Ficar discutindo porque um escalador está escalando mais que alguém, ou se qualquer um teve medo um dia de escalar uma via exposta, não fará dele escalador bom. O escalador bom é aquele que conserva os locais de escalada para outros escaladores, e tem atitude positica com a comunidade escaladora. Porque, embora POUCAS pessoas saibam: há dias que você está em alta, e haverá dias que estará em baixa.
Escalador deve se preocupar em escalar melhor, e não escalar melhor que x ou y.
Ficar discutindo o ego de cada um, e bater no peito que faz mais isso ou aquilo, é coisa de gente burra.
Enquanto isso vai-se fechando os locais de escalada. Copiando um pouco o estilo da Janine Cardoso, aqui vai uma música que pode refletir como me sinto com esta troca de ofensas inútil.
Mas mude uma estofre para mim, na última da música substitua por “a conquista via, mas não consegue escalar”
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.