A etiqueta do trekking: O bom comportamento no século XXI e o egoísmo

Diante de uma crise global, a qual testemunhamos uma crise que definirá nossa geração, é inegável o impacto nos esportes outdoor como um todo. Fábricas estão fechando, escritórios estão sendo desativados e, principalmente, os praticantes estão sendo aconselhados a ficar em casa.

Claro que nem todo mundo sabe viver em sociedade. Pessoas que colocam a si mesmo acima de qualquer outra coisa, geralmente questiona o pedido de ficar em casa para a quarentena e preferem escalar ou mesmo ir fazer um trekking. Enquanto o mundo é obrigado a repensar prioridades, líderes e destino, outras pessoas mostram que não possui caráter.

Para viver em sociedade é necessário ter caráter. Caráter é um conjunto de características e traços relativos à maneira de agir e de reagir de um indivíduo e possuir firmeza e coerência de atitudes. A falta de caráter é percebida quando, mesmo errando repetidamente com os outros, causando prejuízo a terceiros através de manipulações e mentiras, a pessoa insiste no ato.

Exemplo aparece a cada hora nas redes sociais em plena crise do novo coronavírus. Escaladores anunciando que irão escalar, praticantes de trekking anunciando que irão fazer uma travessia e mochileiros insistindo em não desmarcar uma viagem. Qualquer pessoa possui pelo menos mais de um caso que se encaixa nos exemplos citados.

O que é etiqueta?

Não bastassem as dificuldades que vivemos em nossas famílias, somos obrigados a conviver com centenas ou milhares de pessoas durante nossas vidas, que nada tem a ver com o que queremos ou o que somos.

A etiqueta social é o conjunto de regras de comportamento dentro da sociedade. Não são necessariamente leis escritas, mas convenções acerca do comportamento humano. O conjunto de regras de etiqueta social é considerado sempre uma expectativa social e um dever a ser cumprido, ensinado e preservado.

As boas normas de conduta não existem por que sim ou para atender aos caprichos de ninguém. Elas sustentam a ordem social. Por mais simples que possa parecer, conceitos básicos de boa educação devem sempre ser mantidos em mente. Porém sempre existe alguém que possui a eterna dificuldade de se viver em sociedade.

Viver em dias em que desequilibrados (geralmente acompanhados de outros despreparados para viver em sociedade) estão armados com um smartphone disparando mensagens e exibindo seu raso conhecimento, é preciso ter lucidez. Se pessoalmente o entendimento do outro nunca é 100% fiel ao que se desejou, por mensagens nossa comunicação perdeu em discernimento.

Se no mundo falta interpretação de texto, o que esperar destas pessoas com síndrome de superioridade ilusória interpretando textos da maneia que melhor lhe convém?

Viver em sociedade

O filósofo Luiz Felipe Pondé define o “inteligentinho” como o idiotas da vida cultural e política, demonstrando sempre que não são coerentes e não têm integridade intelectual. Os ‘inteligentinhos” e ‘inteligentinhas” partem das melhores intenções, daquelas que povoam o inferno.

Uma grande prova de que pessoas desconhecem o conceito de liberdade e democracia é visto todos os dias pelos “inteligentinhos”. Mesmo com abundância de informação se limitam a ler somente o título de um artigo, ou mesmo se prendem a pequenos detalhes do texto o tirando de contesto, apenas para provar um ponto de vista torpe que possui.

Os conceitos citados são para definir algo que podemos ter depois de implementar vários comportamentos, como obedecer às leis, reconhecer instituições púbicas (as quais pagamos para que existam) e respeitar os direitos das outras pessoas.

O “inteligentinho” moderno, aquele que possui vários seguidores em suas redes sociais, acredita que possui o direito de fazer o que bem entender passado pelo direito do coletivo.

Para ele, as exceções são sempre abertas, o proibido é sempre permitido e que somente porque não gosta de algo não é obrigado a obedecer. É o efeito colateral de uma pessoa mimada ao extremo pelos pais, que a palavra “não” não possui sentido, pois sempre havia alguém que não o contrariava.

Basta olhar pela janela e perceber que descobrimos um mundo vulnerável e dependente. Enquanto 200 milhões de pessoas estão em quarentena completa ou parcial pela Europa, sempre haverá alguém pensando “ah, mas comigo é diferente, porque eu sou especial e os outros não”. A partir disso desobedece o que quer que seja.

Precisamos nos educar e reeducarmos para viver em sociedade organizada de fato e para buscarmos o nosso próprio bem comum. A situação com a qual somos obrigados a conviver hoje testará nossa confiança na ciência e evidenciará quem é “inteligentinho” (que acredita até mesmo que o vírus foi fabricado) e quem teve a educação dos pais para viver em sociedade.

Etiqueta do trekking

Quem pratica qualquer atividade outdoor é apaixonado por ela. Esta paixão não pode ser usada para atos de desobediência civil nem para demonstrar ignorância diante de todos.

Ao externar atitudes que mostra subdesenvolvimento mental e despreparo social, o praticante de trekking deve dar o exemplo. Se quem pratica trekking sente que a atividade o tornou uma pessoa melhor, o momento ideal de demonstrar isso é agora. Respeitando todos da sociedade da mesma maneira que respeita os pássaros, as flores e a a natureza em geral.

O momento de reproduzir a etiqueta de um praticante de trekking na cidade é agora. Mostrar que praticar trekking, ou qualquer atividade outdoor, faz uma pessoa socialmente melhor é o desafio do momento. Caso a atividade tenha ensinado algo a você, este é o momento de mostrar o que aprendeu.

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