7 passos para planejar um trekking sem estresse

Muitos praticantes de trekking tendem a pensar que o planejamento meticuloso diminui o romantismo e a sensação de aventura nas trilhas. Para quem gosta de fazer tudo sem planejamento nenhum vale um aviso: não há romantismo em se perder ou ir para uma trilha muito acima da sua capacidade em termos de dificuldade técnica ou comprimento.

Quem possui uma visão deturpada do que seja imprevisto, que sempre acontecem, atribuindo que seja apenas um ‘perrengue’, é uma evidência fortíssima de que não possui responsabilidade para praticar um trekking. O primeiro passo para virar notícia em um resgate, como já foi descrito aqui na Revista Blog de Escalada, é achar que sabe mais que todos (síndrome de Dunning-Kruger).

Desfrutar de uma caminhada bem-sucedida exige mais do que simplesmente ter as melhores botas de caminhada, a melhor mochila, motivação e uma boa dose de onipotência. Também é necessário um pouco de cautela para garantir que tudo corra bem e sem estresse, drama ou desventura.

Passo 1: Escolha sua atividade de trekking com sabedoria

Photo by Edgar Moran on Unsplash

O WhatsApp é uma plataforma com um fluxo intenso de mensagens, incluindo conteúdos duvidosos e compartilhamento de fake news. Buscar informações relevantes em grupos de WhatsApp ou Telegram, é o principal fator que contribui para que aconteça um imprevisto.

O WhatsApp concentra quase 74% das notícias falsas sobre tudo, portanto seria muita inocência de qualquer indivíduo acreditar que para o seu trekking não haveria. Quem deseja não entrar em uma encrenca, deixa a preguiça de lado e faz a própria pesquisa em vez de perguntar para “entendidos de grupos de WhatsApp“.

Os relatos de trekking estão repletos de contos de pessoas que “possuem o olho maior que a barriga”, e as consequências de cometer esse erro comum costumam ser muito mais sérias do que simplesmente não chegar em casa a tempo para o jantar ou um encontro noturno.

É importante ter autocrítica, aceitar a realidade e possuir uma dose de maturidade para analisar o trajeto. Poucos levam em consideração fatores como: caminhada no escuro, possibilidade de ficar perdido, lidar com perigos que não tem as habilidades ou o conhecimento para negociar com segurança.

Quando alguém se senta para planejar uma trilha, a melhor política é optar por uma que esteja dentro dos limites de sua capacidade técnica, para evitar ter que completar a caminhada após o anoitecer e lidar com todos os riscos adicionais.

Passo 2: Estimar o tempo de viagem

Embora guias e descrições de trilhas online possam dar uma boa ideia de quanto tempo uma caminhada levará, é sempre melhor seguir os horários citados com uma pitada de ceticismo e levar em consideração variáveis ​​como condições climáticas, condições do solo, tamanho da carga que estará carregando e níveis de aptidão de todos os membros do seu grupo. Lembre-se que a maioria das estimativas de tempo são apenas para caminhada e não incluem pausas para almoço ou paradas para descanso.

Para saber calcular o tempo de uma caminhada, leia o artigo completo da Revista Blog de Escalada sobre como é feito o cálculo e quais variáveis devem ser levadas em consideração. A maneira mais eficaz de avaliar quanto tempo sua caminhada levará é usar a Regra de Naismith, que estabelece uma hora para cada cinco quilômetros de caminhada, mais uma hora adicional para cada 600 metros de subida.

Por exemplo, se você estiver indo em uma caminhada de 10 km, com 600 metros de subida, deve estimar próximo de três horas para completar o percurso. Lembre-se que cálculo só funciona se você puder caminhar confortavelmente a uma taxa de 5 km/h.

Se seu ritmo for um pouco menos rápido, ajuste de acordo com a sua realidade. Mas tenha em mente que seu ritmo provavelmente cairá para o fim do dia em caminhadas mais longas.

Passo 3: Organize seu equipamento de trekking

Como o equipamento necessário para as diferentes trilhas pode variar muito, pois depende da temporada, da extensão da trilha e da dificuldade técnica, este passo é um boa oportunidade para ler os guias sobe trekking escritos aqui mesmo na Revista Blog de Escalada.

Artigos que ensinam a escolher a mochila certa, identificar os perigos potenciais, consertar problemas na mochila, como fazer a limpeza de uma garrafa de trekking, a história do sistema de camadas, como maximizar a experiência de trekking, entre muitos outros.

Independentemente da forma, tamanho ou estação do ano, em qualquer caminhada certifique-se de levar um mapa e bússola (saber como ler um mapa e como usar uma bússola), comida e água e roupas suficientes de mantê-lo aquecido e seco nas piores condições que possa encontrar. Pode parecer complicado, mas a previsão do tempo é uma ciência inexata e os previsores costumam errar (muito) de vez em quando.

Passo 4: Escolha seu itinerário

Antes de uma trilha, ou mesmo um itinerário, é aconselhável reservar um tempo para se familiarizar com o seu percurso, a fim de se informar sobre o que irá fazer. Considere isso uma questão de cortesia para você mesmo (a) no futuro, que está encarregado de realizar qualquer ‘plano B’.

Tenha em mãos o mapa mais atualizado e detalhado da área para a qual está indo. Reserve meia hora, ou mais, para identificar pontos de referência significativos (ou seja, características facilmente identificáveis) em seu trekking.

Embora possa parecer um exagero desde o conforto da sua casa, você ficará feliz por ter feito isso se acabar caminhando com pouca visibilidade ou em uma chuva torrencial. Dividir sua atividade em etapas também deve ajudar a estimar os tempos e fornecer algumas metas de curto prazo para alcançar. Essa estratégia pode ser um motivador útil ao caminhar por trekkings mais longos.

Passo 5: identificar perigos, portos de descanso e de hidratação

Dependendo da extensão e localização da sua trilha, o número de perigos que pode encontrar ao longo do caminho pode chegar a dezenas. Algumas das mais notáveis, ​​incluem travessias complicadas de rios, passagens bloqueadas pela chuva, áreas propensas a quedas de rochas, seções expostas da trilha que você deseja evitar em baixa visibilidade, trechos de trilhas que se tornam intransitáveis ​​com as marés altas, ou cristas expostas antes da chegada das tempestades.

Identificar esses potenciais perigos antes da viagem é uma boa política por vários motivos, principalmente porque dará a chance de redirecionar, se necessário, e permitir-se mais tempo para contorná-los.

Outra boa política é identificar locais adequados para se abrigar caso as condições mudem, escolher pontos de reconhecimento para encontrar seus companheiros (no caso de se separar ao longo do caminho) e, em trekkings mais longos, um “Plano B” que permitirá que volte para a segurança se necessário.

Passo 6: Informar-se com antecedência

Ambientes montanhosos estão em constante evolução e as condições da trilha podem mudar significativamente em intervalos de tempo muito curtos. Além disso, estamos saindo de uma pandemia que nos colocou dentro de casa por pelo menos dois anos. Estes mesmos lugares não foram visitados e estiveram sob a ação de intempérie, e isso faz toda a diferença, especialmente para quem não conhece um lugar.

Se planeja fazer caminhadas em um parque nacional, parque estadual ou área de recreação, ligue no dia anterior ou verifique se há atualizações sobre as condições da trilha, se há estradas ou acessos fechados ou quaisquer outras circunstâncias que possam afetar sua viagem.

Se estiver indo para uma área remota, as melhores fontes de informações atualizadas são os serviços locais de resgate na montanha, guias de montanha, clubes ou grupos de caminhada e a mídia social (principalmente a Revista Blog de Escalada). Como foi dito acima, aproveito para repetir: não confie informações relevantes a nenhum grupo de WhatsApp ou Telegram.

Passo 7: Deixe informações com um amigo ou parente

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Depois de planejar seu trekking e estimar o tempo necessário para concluí-la, é sempre uma boa prática deixar um recado com alguém confiável sobre sua volta para casa.

As informações devem incluir todos os detalhes pertinentes à sua caminhada: onde planeja estacionar, qual trekking planeja fazer, local de acampamento (se for passar a noite) e o tempo de retorno previsto.

Essas informações permitirão que seu contato saiba quando alertar as autoridades e resgatistas se não retornar e, além disso, tornará muito mais fácil para as equipes de resgate encontrá-lo, caso algo dê errado.

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