Viajando à Ilha de Páscoa – O Guia essencial

Ilha de Páscoa ou Rapa Nui é um dos lugares mais isolados do mundo. É uma destas viagens inesquecíveis que a gente nunca cansa de comentar.

A ilha é um território chileno (anexado em 1.888) e está bem no meio do pacífico, entre a América Latina e a Ásia. Foi uma das últimas regiões do planeta a serem “descobertas” pelas embarcações europeias e tem uma história bem peculiar.

História

Toda a história da ilha é um pouco confusa, mas a versão mais difundida atribui a Hotu Matu, um dos reis do misterioso continente Hiva, quem habitou pela primeira vez a ilha.

Hotu Matu, angustiado frente à eminente destruição de Hiva, sonha uma noite com uma terra distante, na manhã seguinte envia sete navegantes na direção apontada por seu sonho e descobrem Rapa Nui (terra grande na linguagem rapa nui).

orongo vulcão

Na prática, sabe-se que o fluxo migratório polinésio foi um dos mais dramáticos da história e ocorreu por volta de 1.200AC.

Pouco documentada, a migração foi impulsionado por desastres naturais e basicamente consistia em embarcar pequenos núcleos populacionais (engenheiros, religiosos, realeza, trabalhadores, mulheres, crianças e animais) e lançarem-se ao mar em busca de novas terras, apesar dos polinésios serem exímios navegantes, poucas embarcações chegaram a um local seguro.

Hotu Matu foi um rei forte e durante seu reinado, houve paz e abundância. Ele separou a ilha em clãs, e instalou-se com sua corte na praia de Anakena. Após seu reinado, os clãs começaram a guerrear pelo controle da ilha. Há ainda referencias a outros imigrantes que chegaram depois, introduzindo o canibalismo e a construção dos Moais.

Moai

Apesar da enorme quantidade de Moais o período de construção foi breve, algo entre 1.200 e 1.500. Os Moais estão colocados sob Ahu (tumbas) e acredita-se que eram construídos para demonstrar o poder dos clãs.

Quanto maior o Moai, maior a importância do clã. Em algum ponto ficaram meio descontrolados e começaram a destruir tudo para construí-los, e os Moais que tinham cerca de 2 metros passaram a atingir até 20 metros.

O mais curioso é que estão todos virados para dentro da ilha, os únicos Moais voltados para o mar são os 7 Moais representando os navegantes que chegaram primeiro.

os 7 viajantes

Ao visitar a fábrica de Moais é possível ver diversos deles largados, abandonados mesmo. Acreditam que uma nova guerra entre os clãs forçou a população a abandonar a sua construção abruptamente.

Cavernas

Toda a história da ilha é marcada por guerras entre os clãs, mas o período posterior a construção dos Moais foi o pior. Com a construção descontrolada de Moais, a população negligenciou a agricultura e os recursos naturais que já não eram muito, findaram-se.

Por conta das eternas guerras e do canibalismo, a população começou a esconder-se em cavernas. Gerações inteiras viveram e morreram em cavernas, saiam pouco e muito rapidamente em busca de alimento. Há centenas de cavernas por toda a ilha, algumas escondidas até hoje.

Na maioria das cavernas há a entrada falsa e a entrada verdadeira. Esta camuflagem servia para proteger uma possível perseguição de um grupo inimigo. Uma das minhas experiências mais marcantes na ilha foi descer a noite em uma destas cavernas escondidas. Eram salões ligados por grandes corredores, sem privacidade alguma e com poucas e pequenas aberturas para o mar.

Havia um túmulo coletivo logo na entrada do primeiro salão e de acordo com as pessoas que estavam comigo, todas as cavernas eram mais ou menos iguais.

Culto ao homem pássaro (Make Make)

A solução para o fim das guerras foi a criação do culto ao Make Make.

Make Make é o grande criador do mundo e todos os anos os clãs mandavam um guerreiro para a vila cerimonial de Orongo. Aquele que trouxesse o primeiro ovo da andorinha-do-mar intacto seria o vencedor.

O chefe do clã vencedor seria o rei da ilha por um ano e o guerreiro coberto de prêmios e glórias. Por toda a vila de Orongo é possível ver centenas de entalhes de homens pássaros pelas pedras, cada uma delas representa um vencedor.

make make

A cerimônia aconteceu até o século XIX, e dele originou-se o Tapati, festival que atrai milhares de visitantes todos os anos no período de janeiro e fevereiro.

Pela foto é possível ver alguns entalhes e a pequena ilha na frente, onde a ave coloca seus ovos.

Como chegar

Não é necessário visto ou alguma vacinação especifica.

O caminho para chegar em Rapa Nui é longo, a única companhia aérea que faz o trecho partindo de Santiago do Chile é a LAN. Recomendo que compre a passagem com certa antecedência, o preço costuma ser bem salgado.

Se for possível, tente comprar o trecho que vai até o Taiti, há voos relativamente baratos entre o Taiti e Ilha de Páscoa.

A moeda é o peso chileno.

ilha-de-pascoa

O que fazer

  • Assistir o nascer do sol em Ahu Tongariki.
  • Procurar estrelas cadentes e constelações num dos céus mais limpos do mundo
  • Tocar no Te Pitu Kura (o umbigo do mundo)
  • Mergulhar
  • Desviar de cavalos e vacas soltos pelas estradas

Como circular

A ilha está preparada para receber turistas. Há diversas trilhas, bem marcadas e indicadas pelos mapas, que são facilmente encontrados nos comércios locais. Se você está em bom preparo físico, pode alugar uma bicicleta, elas são bem baratas, o único problema são as grandes distancias entre um ponto e outro.

Há mais carros do que habitantes na Ilha de Páscoa. O aluguel também não é muito caro e é uma forma de percorrer a ilha com algum conforto.

Apesar de ser pequena, ela não é muito habitada, saindo de Hanga Roa não se encontra comércio ou mesmo pessoas, por isto não é muito aconselhável ir aos pontos mais distantes de Hanga Roa caminhando.

Sempre carregue água, protetor solar, alguma coisa para comer e um impermeável. O clima costuma ser bem imprevisível.

Onde comer e dormir

Hanga Roa é uma vila organizada a partir da avenida principal. Todos os hotéis, campings, albergues, restaurantes e comércio se encontram na mesma área.

Apesar de não ser uma viagem muito barata, a ilha de Páscoa tenta atender bem seus visitantes. Você encontra desde hotéis caríssimos até albergues e áreas de camping.

O camping da Marta, além de ser bem limpo, proporciona um dos melhores por do sol da ilha.

A comida é um problema. A ilha é dependente do continente, o que torna tudo muito caro.

É comum os turistas desembarcarem trazendo sua própria comida, mas deve-se comprar em Santiago do Chile, o governo chileno é bem chato com alimentos entrando no país.

Para um dia ou noite mais especial, qualquer um dos restaurantes da avenida principal, não vão decepcionar. Apesar de serem um pouco caros, vale a pena experimentar os peixes e temperos locais.

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