Em meio à crise, escaladoras venezuelanas arrecadam dinheiro para participar de campeonatos de escalada

A Venezuela vive uma crise política e econômica sem precedentes em sua história. Basta acompanhar as notícias a respeito de um país que possui falta de alimentos, medicamentos e, muito provavelmente, outros recursos para a população. Por causa desta situação calamitosa, segundo a ONU, desde junho de 2018 aproximadamente 2,3 milhões de venezuelanos fugiram da crise emigrando para outros países.

Os principais destinos dos refugiados foram Colômbia, Equador, Peru e Brasil. Este número foi obtido coletando informações junto aos países de destino destes refugiados, que fugiram da fome e perseguição política em seu país. Este número deve subir para mais de 5 milhões até o final de 2019.

Foto: https://edition.cnn.com

Oficiais humanitários da ONU relatam que 1,3 milhão de venezuelanos que fugiram do país estava “sofrendo de má nutrição”, segundo afirmou a jornalistas a porta-voz da ONU Stephane Dujarric. Estima-se que 5 mil pessoas arrumem suas malas e saiam do país todos os dias.

Nesta semana, passagem de pedestres não é mais permitida pela aduana, obrigando venezuelanos a usarem caminhos alternativos, para atravessar a pé e sair do país. Militares fiéis ao ditador Nicolás Maduro tentam impedir passagem. Maduro fechou todas as fronteiras para evitar que ajuda humanitária internacional, pedidas pelo político Juan Guaidó (que se proclamou presidente da Venezuela, sendo reconhecido como tal por grande parte da comunidade mundial) chegasse ao país. A proibição é uma espécie de birra de Maduro, o qual tem preferência em usar a população como escudo para uma situação que parece cada vez mais sem sentido.

Mas, o que a escalada tem a ver com isso?

Foto: https://www.gofundme.com

No meio deste problema que parece caminhar a uma solução não muito amistosa, escaladoras venezuelanas criaram um financiamento coletivo para arrecadar fundos para participar da copa do mundo de escalada. As escaladoras Francis Guillen, de 25 anos de idade, e Shirleys Noriega, de 32 anos de idade, vivem atualmente na Espanha, na região da Catalunha. A meta de ambas é participar das Olimpíadas de Tóquio 2020, representando o seu país.

Francis escala desde os 14 anos de idade, fazendo parte da Seleção Nacional da Venezuela de Escalada, tendo frequentado os lugares mais altos do pódio em competições sul-americanas. Guillen vive na Espanha há 4 anos para, segundo ela mesmo relata, “progredir e melhorar o rendimento como atleta”. Francis participa frequentemente no circuito espanhol de escalada. Francis Guillen recentemente participou do Campeonato Mundial de Escalada do IFSC em Innsbruck representando o seu país.

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Shirleys escalada desde os 17 anos de idade e vive na Catalunha há 10 anos. Na Espanha trabalha como route setter e treina periodicamente.

Com relação aos problemas que o seu país enfrenta, elas não se esquivam. Admitem que o atual momento é complicado manter uma seleção que possa participar de todos os eventos. O objetivo principal com o financiamento coletivo é arrecadar dinheiro necessário para poder participar do circuito internacional do IFSC, representando a Venezuela.

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O objetivo, segundo elas mesmas declaram, é não fazer com que a escalada venezuelana desapareça do circuito mundial. Atualmente existem muitos atletas dedicados à escalada fora da Venezuela e querem participar dos campeonatos do IFSC.

O montante pedido pelas escaladoras é de € 3.500. Até o momento da publicação desta reportagem, tinham arrecadado pouco mais de € 123.

Para saber mais sobre o financiamento coletivo: https://www.gofundme.com

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