A Federação Internacional de Escalada e Montanhismo – UIAA (Union International des Associations d’Alpinisme) anunciou por meio de comunicado em seu website oficial que está sendo organizado por ela uma comissão que irá homologar o processo de testes de crash pad.
O crash pad é um o equipamento básico de escalada para quem pratica a modalidade de boulder e, em sua maioria, possui produção quase artesanal e, até o momento, não segue nenhum padrão de construção, nem possui sistema de testes, no seu processo construtivo.
O selo da UIAA é o único reconhecido globalmente como reconhecimento de qualidade para equipamentos de montanhismo.
As normas da entidade para obter o selo são revisadas periodicamente para que sejam adequadas às evoluções técnicas construtivas.
A Federação Internacional de Escalada e Montanhismo disponibiliza em sua página a lista completa de seus padrões de teste de todos os equipamentos de montanhismo e escalada que homologam.
Foto: Brandon Jakobeit | http://www.tpwmagazine.com/
Batizado de UIAA 161 – CRASH PADS Determination of the critical fall height (determinação de altura crítica de queda de crash pad) é um padrão de teste para medir a performance do equipamento utilizado para a proteção individual na prática de escalada em boulder;
O método de teste que é definido na norma procurará medir a performance de crash pads baseado no índice HIC – Critério de Traumatismo Craniano (Head Injury Criteria) que inicialmente foi desenvolvido para medir o impacto que uma cabeça suporta em acidentes automobilísticos.
Em linhas gerais o HIC é uma medida da probabilidade de traumatismo ou lesão na cabeça resultante de um impacto.
A título de exemplo concussões cerebrais ocorrem na maioria dos atletas quando o HIC é igual 250. Uma concussão pode deixar a pessoa um pouco confusa, com dor de cabeça e com uma sonolência anormal, podendo até ser acompanhada de tontura.
Em testes um HIC igual, ou superior, a 1000 uma em cada seis pessoas sofre uma lesão encefálica fatal.
Essencialmente o teste HIC consiste um objeto ser largado de várias alturas até que seu valor corresponda a 800 HIC. Segundo o UIAA Este valor corresponde a uma queda de uma altura crítica em um crash pad e o escalador consiga aterrizar da maneira mais confortável possível.
A preocupação com o teste é dar certa garantia à cabeça de escaladores de boulder, especialmente em vias muito negativas e tetos, onde há alta probabilidade de choque da cabeça ao chão.
Tecnicamente se a cabeça de um boulderista, no caso de uma queda, chocar-se com o crash pad a possibilidade de lesão cerebral fica em torno de 2% e uma eventual fatalidade fica improvável.
Pelo UIAA 161, uma altura considerada queda critica é em torno de 15 cm, na qual o escalador sentiria uma concussão mínima e apenas certo desconforto.
Foto: Chris Summit | http://www.outdoorgearlab.com/
A comissão de segurança da entidade reconhece também que a incidência de lesões de boulderistas mais frequentes ocorrem nas extremidades, como tornozelos e pulsos. O número de incidências que ocorrem na cabeça é muito menor quando comparado a estes números.
Entretanto no documento o UIAA esclarece que a performance do crash pad maioria das vezes é medida por parâmetros empíricos de quem os fabrica como “conforto” e “rigidez”, e a preocupação com as lesões nas extremidades é mal compreendida nesta relação.
Assim como acontece no Brasil, grande parte dos crash pads são fabricados de maneira quase artesanal, baseando-se sempre na experiência pessoal de cada fabricante. A realização de testes nos crash pads brasileiros, assim como em outros países do mundo parece improvável.
Mas mesmo assim a entidade, por meio de sua comissão de segurança, espera desenvolver maior entendimento dos fabricantes do que seria a performance de um crash pad para a redução de lesões comuns nas extremidades como tornozelo e pulsos.
Leia o documento OFICIAL da entidade: http://www.theuiaa.org
