UIAA alerta sobre falha de ancoragens por corrosão em aço inoxidavel

O órgão máximo que procura regular os equipamentos de escalada e alpinismo no mundo, a UIAA – Union International des Associations d’Alpinisme (União Internacional das Associações de Alpinismo), divulgou um alerta após realização de extenso estudo sobre falhas de ancoragens por corrosão.

O alerta realizado pelo órgão máximo foi no início do mês passado mas não foi propagado por todos as associações, federações e confederações que fazem parte da associação.

A comissão de segurança do órgão (UIAA Safety Commission) realizou um extenso estudo, que foi devidamente documentado (disponível aqui), sobre os fatores que poderiam estar por atrás de alguns incidentes de falhas inesperadas em ancoragens.

O defeito encontrado, denominado “Os efeitos do estresse de corrosão” (The effects of Stress Corrosion Cracking – SCC), foi confirmado como a causa de vários dos acidentes de rompimentos de bolts (ancoragens de escalada).

Segundo o estudo, estes bolts sequer deveriam ser vendidos com o adjetivo “inoxidavel”.

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Mesmo com poucos meses, ou anos, de instalação sob carga de o peso próprio de uma pessoa (sem queda) em bolts de aço inoxidavel, mesmo aqueles com graduação 316, se romperam durante o estudo realizado pelo UIAA.

Em metalurgia, o aço inoxidavel possui composição de 10.5% de Cromo em sua massa, e por isso se difere do aço carbono.

O aço inoxidavel é, em geral, resistente ao ataque de ácidos, mas depende muito do tipo e da concentração dele, além da temperatura ambiente e do tipo do aço.

Avaliar o risco de SCC é relativamente difícil para o escalador comum, isso porque a corrosão é muitas vezes não visível e também depende de uma série de fatores como: alta acidez e temperatura, baixa umidade, quantidade de magnésio na rocha e etc, para se chegar a uma conclusão.

Foto: http://2gringos.blogspot.com.br

Foto: http://2gringos.blogspot.com.br

Pequenas diferenças de microclima pode levar também à degradação e levar ao risco de rompimento.

No estudo, a entidade apresenta estratégias para que analisadas por escaladores, organizações, fabricantes e pela própria UIAA.

Cabe às federações, associações ou qualquer entidade de classe representativa dos escaladores decidir sobre a análise e substituição das proteções já instaladas de bolts de aço inoxidavel.

Bolts de Titânio, a solução

No estudo do UIAA foram avaliados também os materiais mais adeqandos para as condições de máximo risco.

Segundo os dados não havia nenhum aço inoxidavel apto para ser usado como bolt, e sequer deveriam ser comercializados como “alta resistência contra corrosão”.

A única exceção seria algumas ligas de aço de alta resistência, e parabolts fabricados com titânio de grau 2.

Uma das estratégias comentada por escaladores especializados em conquistar vias de escalada é a de utilizar bolts de titânio, pois uma proteção deste material tem como principal propriedade a resistência à corrosão.

O titânio grau 2 possui resistência mecânica semelhante ao aço inoxidavel comum, além de ser facilmente trabalhado a frio.

Os graus de 1 a 4 definem o titânio comercialmente puro, com baixo níveis de elementos substitucionais e de oxigênio intersticial, enquanto os demais definem algumas ligas com grande aplicação industrial que variam até a graduação 38.

Para ler o anúncio oficial do UIAA acesse: http://www.theuiaa.org

There are 2 comments

  1. Arthur Estevez

    O texto diz que foi amplamente divulgado pelas federações, mas não teve uma única linha da nossa Confederação/Federação sobre o assunto.
    Talvez seria interessante por no texto que a Femerj faz parte da Comissão que discute o assunto na UIAA e que a gente não apenas absorve, mas também produz conhecimento.
    No site da Femerj é possível encontrar alguns trabalhos em parceria com a PUC, Bonier e profissionais da área de metalurgia e materiais. Diversos ensaios laboratoriais não só com Chapeletas Bonier, mas também com grampos e Chapeleta de fabricantes internacionais.
    Infelizmente o alarde se mostra mais importante que a informação.

  2. Ronaldo Franzen NativO!

    Prezado Luciano!
    Resolvi ler sua matéria, achei estranho e li tbm o doc da UIAA, que comenta que todas as ancoragens com problemas foram instaladas na beira do mar e predominantemente no calcário…vc sequer comenta isto…
    O q me preocupou é que vivo me pendurando em proteções de inóx e são as q mais confio…
    Sobre o Titânio, a UIAA nem cita…
    Se vc cita o doc e ainda coloca um link, seu texto deveria estar em consonância com este…

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