Ter pensamento positivo realmente ajuda no momento de escalar?

Diariamente fica mais comum a integração de especialistas em psicologia com a escalada e por isso vários textos e artigos, que promovem o treinamento mental como parte importante do treinamento, são divulgados.

Isso é muito enriquecedor para o esporte, tanto para os escaladores como treinadores que testemunham melhoramentos por conta deste avenço. Porém, às vezes, como em toda situação em que há algo novo, surgem más interpretações a respeito de alguns tópicos ou técnicas utilizadas.

Muito se fala da importância do “pensamento positivo” e da influência em nossos pensamentos durante a escalada. Seria inocência pensar que um escalador deva apenas utilizar a técnica do “auto-diálogo”, repetindo para si frases como “Vamos! Você consegue!”, “Você vai conseguir!”, “Confie em você!”, “Engole o choro”, etc. Pensamentos que procuram gerar auto-confiança e, em teoria, facilitar a realização dos objetivos.

Este tipo de técnica pode ajudar em alguns aspectos o escalador(a), mas se é utilizada em um momento errado, pode estar longe de favorecer e até mesmo prejudicar profundamente.

Quando um escalador se encontra em uma atividade esportiva, está realizando sob um determinado rendimento e a sua otimização o levará para a zona de rendimento otimizado. Rendimento otimizado é entendido como a “correta combinação das condições cognitivas, afetivas e fisiológicas que permitem de maneira correta que as habilidades aprendidas aconteçam aparentemente sem esforço e de maneira automática” (Gardner e Moore, 2007).

Portanto esta zona de rendimento otimizado é a que todo escalador(a) deve aspirar a conseguir, ou seja, de maneira simples é o momento no qual o atleta está “dando o melhor de si”.

Se você acredita que para chegar a esta zona o escalador(a) deve apenas eliminar seus pensamentos negativos e substituí-los por pensamentos positivos (Ruiz, 2006), isso é uma supervalorização do que pode conseguir um pensamento positivo sobre um ato.

Quando um escalador(a) está escalando e começa a prestar atenção a seus pensamentos, mais distante estará de melhorar seu rendimento, já que desviou a sua atenção da tarefa relevante que é escalar para outra irrelevante que é tentar eliminar o pensamento negativo para gerar um positivo.

Por isso o escalador(a) começa a perder energia e tempo em seus pensamentos afetando diretamente sua capacidade de atenção.

Artigo escrito por Paula Guzmán Luvecce, escaladora com mais de 5 anos de experiência, psicóloga, professora em Psicologia Esportiva. Pode ser contactada por e-mail ou facebook.

Tradução autorizada de: http://rocanbolt.com