Imagine dois guerreiros em uma batalha pela vida ou morte. A meta de ambos é vencer e sobreviver. Se eles focarem em vencer e sobreviver, resultados que ocorrem no futuro, eles provavelmente irão morrer. No entanto, se eles focarem em lutar bem, um processo que ocorre no momento presente, eles provavelmente sobreviverão e atingirão sua meta. Conquistar uma meta, portanto, é um processo indireto.
O ego supervaloriza a conquista de metas e nunca está satisfeito. A tarefa do guerreiro é perceber quando o ego distrai sua atenção, parar a distração, e redirecionar sua atenção à tarefa. Entender o que nós queremos dizer com “ego” pode ser confuso. O caminho do guerreiro define o ego como a identidade que criamos sobre nós mesmos, baseado em nossa auto importância e nossa história pessoal.
O ego mede a auto importância pelo que nós fomos capazes de realizar, a nossa história. Portanto, uma história de realizações se torna muito importante para o ego. Ele constrói seu trono para poder se erguer nele para comparar-se com os outros, olhando para baixo ao que os outros realizaram. Ou, ele constrói seu trono com justificativas sobre porque ele não conseguiu realizar metas.
A auto importância e a história pessoal podem parecer benignas, mas não o são. Para entender o motivo, percebemos como elas afetam a atenção. Para termos nosso poder mental pleno devemos ser capazes de focar nossa atenção no momento em qualquer tarefa que estejamos fazendo. Portanto, qualquer coisa que distraia nossa atenção do momento diminui nosso poder mental.Para realizar metas é necessário trabalhar. Esse trabalho é feito no momento presente. Ao supervalorizar a realização, o ego desloca nossa atenção para o futuro no que não podemos controlar.
Digamos que eu esteja escalando uma via desafiadora, o que significa que eu estou realizando um trabalho. Estar em uma situação estressante significa que eu posso cair, e portanto, falhar. O desejo de sucesso do meu ego desvia minha atenção para o futuro, me preocupando sobre o que os outros irão pensar se eu falhar.
A auto importância do ego e suas conquistas são representações externas de quem nós somos. Quão importante somos em relação aos outros? Externamente todos temos talentos, habilidades e conquistas distintas. Se focarmos em ser mais/menos importante que os outros e em nossos aspectos externos, então nossa atenção está focada em apoiar o desejo do ego por auto importância. Portanto, para destronar o ego, nós mudamos das representações externas pelas internas.
Vendo desde uma perspectiva interna, somos todos seres humanos com desejos iguais de viver vidas significativas. Em vez de focar em manter uma identidade externa, focamos em dar o que está dentro de nós. Fazer este esforço nos ajuda a realizar o trabalho de lutar bem. As conquistas que acontecem no futuro se tornarão menos importantes que o esforço que exercemos agora.
Os guerreiros em uma luta pela vida ou morte realizam sua meta de sobreviver indiretamente. Ao destronar a necessidade do ego de conquistar, eles conseguem focar sua atenção em fazer o trabalho de lutarem bem.
Eles não precisam se sentir mais importantes do que seu oponente; eles simplesmente precisam lutar o melhor que puderem.
Foto topo: Heiko Wiehelm http://stewartwatsonclimbing.blogspot.com.br/
Dica prática: Indefensável
Seu ego entra na defensiva quando outros o criticam, porque identifica uma ameaça. O ego tem de defender sua identidade e faz isso atacando os outros. Fazer isso fortalece o ego.
Em vez de reagir para defender a si mesmo, pratique ser indefensável. Escute as críticas para determinar se nelas há algo que possa aprender. Fazendo isso você irá aumentar a sua atenção de defender seu ego para aprender… e defender-se melhor.
O livro “The Rock Warrior Way – Mental Training for Climbing” está à venda traduzido para a língua portuguesa no Brasil em: http://www.companhiadaescalada.com.br/
Tradução do original em inglês: Gabriel Veloso
Arno Ilgner distinguiu-se como um escalador pioneiro nos anos 1970 e 80, quando as principais ascenções foram as primeiras fortes e perigosas. Essas façanhas pessoais são a base para Ilgner desenvolver o programa de treinamento físico e mental – Rock Warrior Way ®. Em 1995, após uma pesquisa aprofundada da literatura e prática de treinamento mental e as grandes tradições guerreiras, Ilgner formalizado seus métodos, fundou o Instituto Desiderata, e começou a ensinar seu programa de tempo integral. Desde então, ele tem ajudado centenas de estudantes aguçar a sua consciência, o foco de atenção, e entender seus desafios de atletismo (e de vida) dentro de uma filosofia coerente, baseada em aprendizado de tomada de risco inteligente. Ilgner considera a alegria e satisfação no esforço – a “viagem” – intimamente ligada à realização bem sucedida das metas.