Entrevista com Peter Mortimer: O Co-diretor de “The Dawn Wall”

Com estreias na América Latina para México (23 e 25 de Outubro) e Brasil (20 e 30 de Novembro), o filme “The Dawn Wall” é, sem dúvida, o filme mais aguardado do ano de 2018. A história que existe por trás do filme é tão interessante quanto a própria produção em si.

Peter Mortimer é, sem sombra de dúvida, uma das pessoas que quem pratica escalada, e aprecia filmes de montanha, tem muito a agradecer. Ele é o grande responsável pela grande popularidade que produções do gênero possuem hoje em dia. Fundador da Sender Films e co-diretor de inúmeros curta metragens e filmes que se tornaram clássicos do gênero.

Mortimer é ganhador contínuo de prêmios no circuito de filmes de montanha, até mesmo por pessoas que sequer são ligadas à escalada. Peter já recebeu, inclusive, três Emmys pelos filmes “King Lines”(2007), “First Ascent” (2011) e “Valley Uprising” (2014).

 

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Mortimer, que nasceu em Filadélfia, no estado norte-americano da Pensilvânia, frequentou a Colorado College, quando graduando-se com honras em geologia. Na época de faculdade foi quando descobriu a escalada. Mais tarde, frequentou a escola de Cinema e Televisão da University of Southern Califórnia.

O filme “The Dawn Wall” foi produzida pela Red bull Media House em associação com a Sender Films. A produção foi dirigida por Josh Lowel e Peter Mortimer, e acompanhou os escaladores Tommy Caldwell e Kevin Jorgeson, enquanto tentavam escalar a via que leva o nome do filme.

A parede, com quase mil metros de extensão fica no Parque Nacional de Yosemite, no estado norte-americano da Califórnia. Atualmente a produção vêm ganhando prêmios por onde quer que seja exibida e vêm colecionando recordes de audiência em todo o mundo.

Somente no Brasil, em pouco mais de 5 dias de venda, a carga de 65% dos ingressos, tanto em Curitiba, quanto em São Paulo, já foram vendidas.

A expectativa é de que, além da estreia do filme no Brasil ter casa cheia, também esgote os ingressos em pouco menos de uma semana.

Portanto, se você não adquiriu seu ingresso para “The Dawn Wall”, corra!

Como começou tudo? Como surgiu a ideia de realizar o “The Dawn Wall”?

Tommy (Caldwell) nos contou que queria escalar a Dawn Wall em estilo livre, e realmente parecia algo tão impossível de fazer mas mesmo assim seria a melhor escalada de sua vida. Uma das maiores conquistas da sua geração. Então, se ele ia tentar, era óbvio que tínhamos de gravá-lo para saber como a história se desenvolveria.

Na verdade sempre pensamos que ele não iria conseguir. Acreditávamos que estaria muito longe. Passamos seis anos gravando e documentando a escalada.

Fazer o filme nos tomou outros três anos mais, porque havia muita história por trás daquela escalada para contar. Não somente da escalada, mas Tommy se entregou muito material para trabalharmos como sobre sua namorada, seus amigos e seu passado.

Como afetou a produção de “The Dawn Wall” nos outros trabalhos de sua produtora?

As histórias que faço para a produtora são curtas, atrativas e divertidas. Quando fazíamos o “The Dawn Wall”, foi muito curioso observar o que acontecia no mundo da escalada, pois o objetivo de Tommy era muito maior do que qualquer outra coisa.

Isso me fez apreciar o divertido que é fazer eventos, porque se concentram em um tema somente, enquanto o “The Dawn Wall” é mais que uma escalada.

O filme é uma história completa.

 

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“The Dawn Wall” é uma referência na história da Sender Films?

Somente fazemos documentais desta magnitude em certos períodos quando as histórias são muito grandes, como “Valley Uprising” que também foi complexa na sua realização.

Claro que “The Dawn Wall” marcou o caminho das produções da Sender Films. Foi uma realização imensa.

Pensou alguma vez que ia chegar a fazer algo como “The Dawn Wall” e conseguir ter este impacto midiático?

Sempre pensamos que queríamos contar histórias grandes e chegar a mais pessoas.

Mas nunca pensei que as produções deste esporte, poderiam arrebatar uma audiência como agora. Especialmente fora do mundo da escalada.

 

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Existem oportunidades de chegar a ter mais audiência que das pessoas da escalada?

Sim, definitivamente!

Não somente porque a escalada está crescendo muito, mas também porque toca em temas universais, com os quais pode-se conectar qualquer pessoa.

A inspiração sempre será o tema de suas produções?

As pessoas vão ver minhas produções porque querem sentir-se bem. Inspiração é o ponto central.

High Tension” foi uma produção mais obscura, mais intensa, mas independentemente disso acredito que a maioria são muito inspiradoras. “The Dawn Wall” também é, por muitas razões: os sacrifícios, a amizade, a união, a persistência e a paixão.

Como enfrenta os efeitos não tão agradáveis que tem os esportes de natureza, como perder amigos na montanha? Como contar este tipo de de história? Como lidar com este aspecto emocional sendo produtor?

Acredito que seja difícil. Quando morre alguém fazendo pelo qual é apaixonado, é muito difícil processar e não se emocionar com a filmagem.

Mas acredito que também é uma realidade em qualquer outro esporte.

Faz parte de nosso trabalho não desistir nem mergulhar de cabeça no âmbito trágico, senão incorporá-lo à história.

Na via “The Dawn Wall” existe um crux muito difícil dos escaladores superarem. Qual foi o crux que a produção do filme enfrentou?

Para mim, o crux do filme foi conseguir falar sobre toda esta história nos 20 dias que durou a escalada na parede. Como falar tudo o que havia mais além da escalada, entender cada vez mais a história oculta e transmiti-la.

Procuramos abrir as portas para todo o tipo de audiência para que se sintam identificados. Este foi o crux. Passamos anos criando cenas e depois tentando uni-las.

O que vem depois? Já que “The Dawn Wall” subiu muito o nível!

Temos quatro histórias para uma mostra de filmes que estreia em novembro.

São histórias divertidas e outros projetos mais.

Para finalizar, como é se sentir uma estrela?

Oh! Não tenho problema com isso (risos). Ninguém sabe como sou fisicamente, então poucos me reconhecem. Posso ir a qualquer lugar para escalar e ninguém me identifica. Claro que gosto que as pessoas conheçam as coisas que faço. Mas gosto também de estar atrás das câmeras.

O que amo neste mundo da escalada, pelo menos até agora, é que tudo o que tem a ver com a celebridade, a fama, é secundário.

O que amamos é estar na rocha e contar o que os grandes fazem para que mais pessoas os conheçam, de outro modo poucos saberiam.

Tradução autorizada: https://freeman.com.mx

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