Parcerias estratégicas e engajamento do público consolidam o sucesso da Mostra de Filmes de Montanha de Foz do Iguaçu

Existe uma lenda dentro da comunidade de montanha que por ser o montanhismo um esporte de nicho, com poucos praticantes e divulgação, os eventos culturais sobre o esporte estão fadados ao fracasso.

Até mesmo donos de academias de escalada acabam por repetir este sofisma, contaminando todos os praticantes com um “espírito de vira-lata”. Organizadores de encontros de montanhistas e aberturas de temporadas também repetem este mantra, torando uma espiral viciosa de fracasso o que deveria ser o oposto.

Sempre com o desejo de concretizar uma mostra de filmes de montanha o escalador Emilio Santor, também estudante de cinema, resolveu experimentar organizar um evento cultural ligado ao montanhismo.

Enquanto criavam um projeto de festival de cinema latino americano pela 3 Margens, produtora cinematográfica de sua propriedade, surgiu o desejo de unir este projeto a um de filmes de montanha. Santor é grande consumidor deste tipo de gênero e acreditou que organizado da maneira certa, com parceiros que acreditassem na ideia, o evento sairia do papel.

Procura por parcerias

Logo de início boa parte dos produtores deste tipo de conteúdo se empolgaram com a ideia e cederam suas obras para serem exibidas. A partir disso produções de Reino Unido, Paquistão, Alemanha, Canada, Espanha, EUA e Brasil foram agendadas para as datas idealizadas pela organização, que tinha de correr para viabilizar ainda o local e infra-estrutura para a exibição.

A partir daí é que Emílio Santor conseguiu costurar uma rede de colaboradores a qual viabilizou facilmente a realização da Mostra de Filmes de Montanha. Entretanto a tarefa, apesar de simples, não foi fácil, pois a maioria dos filmes outdoor cedidos eram em em inglês. Para isso procurou contactar escaladores fluentes no idioma, além de uma tradutora profissional, para conseguir viabilizar legendas.

Neste aspecto, diferentemente de outros festivais, as legendas continham a nomenclatura correta de procedimentos e equipamentos. Um destalhe que a organização sabia que seria uma das chaves para o sucesso do evento.

Um outro desafio, segundo as próprias palavras de Emílio, era motivar a população local (270.000 habitantes aproximadamente) a prestigiar o evento. Para isso contou com a ajuda do marketing boca-a-boca, além de várias convocatórias em redes sociais.

Uma outra barreira teve de ser contornada: Patrocínios e apoios. Isso porque os principais fabricantes das marcas exibidas nos filmes, quando procuradas para apoiar o evento, se esquivaram. Como todo evento este foi a maior dificuldade, e Emílio teve de usar a sua imaginação para contornar.

Para isso os organizadores procuraram marcas e empresas brasileiras e firmaram parceiras com Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), Esquina Cultural, Companhia de Teatro Amadeus, Produsom (que forneceram os equipamentos de áudio e vídeo), AltoEstilo, Bonier Equipamentos e a Climb Clean que forneceram brindes para sorteios.

A NatuAngá academia de escalada cedeu o local e apoiou ativamente a divulgação da Mostra de Filmes de Montanha.

Desta maneira, através de engajamento da comunidade local e de parcerias estratégicas a abertura foi no dia 08 de abril, com presença de pessoas de Cascavel, Argentina e presença maciça da comunidade de escaladores de Foz do Iguaçu, que superou as expectativas dos organizadores no primeiro evento.

Como o evento é de caráter cultural, além de educacional para escaladores e estudantes de cinema, após a exibição dos filmes há um debate no qual é discutido a comparação entre as produções que somente registram o esporte (rock porn) e as que que possuem um arco dramático tendo a atividade como pano de fundo.

Detalhes técnicos como fotografia, composição fotográfica, edição e roteiro também são discutidos.

A duração da mostra será de nova meses (abril a dezembro) e é realizado no segundo sábado de cada mês.

A programação estabelecida pelos organizadores irão contemplar os seguintes filmes:

  • Solo. Escalada a la vida (Espanha, 2014) – 13 de maio (já exibido)
  • Why We Climb (EUA,2013) –  10 de junho (já exibido)
  • E11 (Reuno Unido, 2006) – 8 de julho
  • Transition (EUA, 2015) – 12 de agosto
  • Schrei Aus Stein – Cerro Torre (EUA, 1991)  – 9 de setembro
  • Quanta Patagônia (Brasil) – 14 de outubro
  • Mina Meet Godzilla (África do Sul, 2016) – 14 de outubro
  • Furgo Life Brasil (Brasil,2016) – 11 de novembro
  • K2 and the Invisible Footmen (Paquistão, 2015) – 9 de dezembro

Para saber mais detalhes: https://3margens.wixsite.com

There are 2 comments

  1. Katiana johann

    Na busca por divulgar a cultura da escalada partindo do que se tem em mãos tem feito das amostras de cinema por aqui um grande aprendizado, tanto para os escaladores locais quanto para aqueles que começaram agora e para a comunidade de uma forma geral. A cada amostra tenho observado um interesse por parte das pessoas de não apenas escalar, mas de buscar conhecer a cultura e a filosofia que a escalada carrega. Iniciativa linda do Emilio. Meus agradecimentos ao Emilio e ao blog de escalada pela matéria.

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