Os benefícios do Treino Gaia para a escalada

Embora aparentemente escalar pareça uma habilidade para poucos, ela é uma das habilidades naturais do ser humano, tanto quanto andar, correr, saltar, se equilibrar, levantar e carregar, lançar e receber.

O que acontece é que desde muito cedo muitos de nós não somos encorajados a desenvolver essa capacidade nata: quem nunca ouviu “desce daí menino (a), você vai se machucar!!” quando subíamos em cima da mesa, pelo batente da porta ou no corrimão da escada.

Mas essa habilidade perdida, começa a se desenvolver antes mesmo de sairmos rastejando pelo chão. Observe a força da pegada (pressão palmar) de um bebê. Ainda é um movimento reflexo, mas é tão forte que o recém-nascido, muitas vezes, é capaz de aguentar o seu próprio peso suspenso durante alguns segundos.

Foto: Estela Bonato

Foto: Estela Bonato

Este reflexo (que vem de quando, há milhares de anos as crianças tinham que agarrar-se à penugem da mãe) perde-se por volta de quatro meses. Nesta altura a criança continua a agarrar o dedo, mas solta-o de seguida. Com 14 meses, a capacidade de preensão já é muito similar a de uma adulto (Gallahue).

Escalar também é um movimento reflexo nos bebês: ao segurá-lo debaixo dos braços e mantê-lo erguido, as perninhas ficam suspensas livremente. Se o aproximamos até que o peito de um dos pés toque na mesa, automaticamente levanta o pé, flete o joelho e sobe o pé para a mesa.

O que origina este movimento é o toque do peito do pé. Esses primeiros movimentos instintivos são apenas reflexos. Porém, não é porque um movimento é instintivo, próprio da nossa espécie e de transmissão hereditária que não precise ser estimulado.

Foto: Estela Bonato

Foto: Estela Bonato

A adaptação de padrões comportamentais ao meio faz com que o corpo, inteligentemente, mantenha sua função original, ou então as torna “vestigiais”ou “rudimentares” até que se transformem em novos padrões motores ao longo da evolução da espéciem pelo método da seleção e mutação. (Darwin).

As habilidades de escalada retornam antes mesmo da marcha, que é uma das principais características da nossa espécie. Experiências sensoriais vão ampliando nosso acervo motor e consciência corporal.

Por isso, para especialização da habilidade de escalar, o corpo deve ser desenvolvido na sua integralidade. Rastejar, engatinhar, girar e rolar fortalecem o controle postural, a cintura escapular, a musculatura dos braços e das pernas, a coordenação entre os membros, também são de extrema importância para a ativação dos dois hemisférios cerebrais, promovendo, por exemplo, a dissociação do movimento dos olhos, do movimento da cabeça, e a percepção do corpo no espaço, as possibilidades de movimento, a confiança, a curiosidade.

Num ambiente natural, as habilidades motoras são estimuladas, não por esporte, mas por sobrevivência – correr, levantar, saltar, arremessar, nadar, defender-se, escalar, rastejar. Somos dotados de muitas capacidades, mas temos habilidades atrofiadas pelo desuso.

Treinamento

Foto: Estela Bonato

Foto: Estela Bonato

O Treino Gaia é um método baseado em habilidades motoras fundamentais executadas de forma natural e orgânica, no treino da mente e de energia (respiração, concentração, atenção, meditação, relaxamento), e consequentemente sustentam a capacidade atlética.

A preparação física de base de todo atleta é tão importante quanto o treino técnico específico da modalidade. Trabalhando as ineficiências de padrões de movimentos e corrigindo-as, além de diminuir o risco de lesões, aumenta-se o desempenho – pois torna o corpo mais ágil, mais forte e flexível e mais preparado.

Do ponto de vista mais integral, voltado para saúde e bem-estar geral, ‘ser forte significa ser desenvolvido de uma maneira completa e útil’ (George Hérbert, criador do Método Natural).

A escalada deve ser inserida num contexto de treinamento geral junto as demais habilidades motoras e, se possível, num ambiente mais natural possível, para nos aproximarmos da nossa condição humana atávica e utilizar o corpo para aquilo que ele foi feito. e não se limitar somente ao desenvolvimento atlético ou ao culto aos músculos.

Nesta visão deve haver adequação quanto ao desenvolvimento motor, aptidão física e dosagem mas o treinamento das habilidades é o mesmo para todos, tanto homens quanto mulheres, crianças, adultos ou idosos, respeitando as individualidades mas com foco nas potencialidades.

O déficit de natureza e os excessos de conforto tem gerado inúmeros desequilíbrios: depressão, hiperatividade, ansiedade, obesidade, compulsão, violência, etc. Estamos desconectados da nossa própria essência.

Conectar-se significa apropriar-se da nossas capacidades humanas, das mais densas às mais sutis e desenvolvê-las. Ser integral significa desfrutar a vida com saúde, prazer e harmonia.

Corpo, mente e energia em comunhão com a (nossa) natureza!

Foto: Estela Bonato

Foto: Estela Bonato

Foto: Estela Bonato

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