A atleta Alex Puccio recentemente publicou um vídeo de uma escalada em alto nível. Você acreditava que um vídeo desse geraria comentários sobre as técnicas que ela usou certo?
Ou sobre o treinamento necessário para que ela atingisse essa performance? Ou talvez apenas cumprimentos efusivos? Ainda não.
Porque por mais que nunca falte quem diga que não precisamos mais de feminismo (mulher já pode votar, já pode trabalhar, já deu né?) ainda temos um longo caminho a percorrer.
Tradução do comentário: Bom, escala muito forte, a mina. (até muito). Tem meu respeito pelas suas vitorias. Mas olha… Isso já não é uma mulher:(
Precisamos gastar muita saliva pra explicar que nosso corpo nos pertence. Que ele não existe para agradar ninguém.
Não somos bonecas ininterruptamente exibidas em vitrines, a capacidade de atrair homens não é a medida pelo qual seremos avaliadas.
Nosso corpo é nosso. Existe para nos dar prazer. Para atingir nossos objetivos.
Seja atrair um parceiro, gerar um filho, ganhar uma competição, trabalhar.
Mais do que nos libertar dos padrões de beleza opressivos, que estão começando a estender seus tentáculos também no universo masculino, é fundamental atacar a essência machista dessa compreensão de que o corpo feminino existe para atrair um parceiro, casar, reproduzir e cuidar da casa.
E que portanto uma mulher está sempre exposta a escrutínio público. Precisa se cuidar, precisa se dar ao valor, precisa ser vaidosa.
Nesse domingo essa discussão deu um passo importante com a ação #askhermore no Red Carpet do Oscar, quando o hábito de perguntar às atrizes apenas sobre seus corpos e roupas foi exposto, criticado e ridicularizado.
Perguntem mais, perguntem melhor e vocês vão se surpreender com as contribuições que temos a fazer.
Abram mão desse controle mesquinho e vamos ao que realmente interessa.
Já cantei em coral de igreja, já apurei tributos diretos e indiretos, fiz curso de programação, vendi biquini e consertei relógio. Já fui bancária, estudante de administração e atleta do Grêmio Náutico Gaúcho. Já fui planner de um monte de projetos legais e outros nem tanto. Mas descobri o que eu sou quando nasceu o Benjamin, que me deu a maioria das funções em que eu realmente brilho: contadora de histórias, embaladora de sonhos, tradutora, nutróloga, inventora de brincadeiras.
Desde novembro me lancei na aventura de semanalmente produzir o Mamilos, um podcast para abordar com empatia e respeito as polêmicas discutidas nas redes sociais, buscando dar voz a todos os lados da disputa para que os ouvintes formem opinião com mais informação.