Mulheres e escalada são uma combinação perfeita?

Para tentar fazer com que vocês pensem sobre estas duas combinações, ou seja, mulher e escalada farei um breve, mas breve mesmo, retorno ao desenvolvimento do papel da mulher na história.

A mulher, há muito tempo atrás, tinha o cuidar como atividade embora ela também participasse do trabalho do cultivo e da criação de animais.

No pré-capitalismo a mulher, além da função de cuidar, tinha a função de reprodutora.

Ou seja, era uma função muito restrita ao mundo doméstico, e sendo assim, era considerada frágil e incapaz de assumir a direção e a chefia do grupo familiar.

Quando a mulher entra no mundo do trabalho fabril passa a ter dupla jornada de trabalho.

A ela cabe, além de trabalhar nas fábricas, cuidar dos filhos e dos afazeres domésticos.

No século XX as mulheres começam a lutar pelos seus direitos buscando novos valores sociais, nova moral e nova cultura.

Na década de 70, no Brasil, a mulher passou a participar do mercado de trabalho de uma forma mais ativa.

Como diz Karla Adriana Martins, mesmo com esta participação a mulher ainda hoje ocupa normalmente atividades relacionadas aos serviços de cuidar (nos hospitais, a maioria das mulheres são enfermeiras e atendentes, são professoras, educadoras em creches), serviços domésticos (ser doméstica), comerciarias e uma pequena parcela na indústria e na agricultura.

Com todo este histórico de lutas e conquistas em toda a história do montanhismo sempre existiram mulheres escaladoras principalmente entre as décadas de 50 e 70, mas até a década de 80 não eram tantas as mulheres que escalavam no Brasil.

Nesta época, a vida social tinha como princípio o convívio nos clubes, e muitos escaladores eram frequentadores assíduos dos mesmos.

Sendo assim, as mulheres tiveram seu início escalando pelos clubes. Até a década de 90 podia-se contar nos dedos as mulheres que praticavam este esporte, mas nos anos 90 este cenário mudou.

Mesmo com este rápido histórico do desenvolvimento feminino na sociedade e na escalada, se você ainda pensa que lugar de mulher é em casa nas atividades domésticas, e que este esporte seria somente para homens, seria melhor se atualizar.

Realmente muitas mulheres se acomodaram, pararam, sumiram e nunca mais fizeram esta atividade, mas de acordo com as estatísticas atuais esta participação vem aumentando.

Não é por nada que um dos melhores escaladores eleitos de todos os tempos mede apenas 1,54 metros e é uma mulher, a americana Lynn Hill. Junto a ela também tem Katie Brown, americana de apenas 1,52 metros.

Segundo Anne Louise Salvi e Renata Vasconcelos no artigo “Sobre mulheres e montanhas“, hoje, muitas brasileiras conciliam o esporte com a maternidade, com profissões exigentes ou com os estudos, sem perder a feminilidade, a responsabilidade e, sobretudo, o equilíbrio.

Temos como exemplo a brasileira Ana Elisa Boscarioli que é médica, trabalha em Campinas, São Paulo e Americana, e reúne diversos perfis aparentemente incompatíveis: cirurgiã plástica, escaladora de alta montanha, mãe de uma menina de sete anos, esposa e palestrante com conteúdo motivacional.

Com certeza deve ter sido criticada por alguns por ser mãe de uma filha e praticar um esporte tão perigoso, mas por outro lado deve ter sido muito admirada também.

Errado os que pensam que escalar é um esporte somente para homens.

Apesar da força exigida este esporte é visto pelas mulheres como sendo bastante feminino, lembrando até um balé nas pedras, onde o equilíbrio e o alongamento estão sempre presentes.

O cume também é o objetivo feminino, e ao chegar ao cume de uma montanha, a mulher quer acreditar no seu potencial e nos estímulos que movem o ser humano.

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There are 5 comments

  1. Eugenia

    Definitivamente escalada não é só para homens, somos muitas mulheres no esporte. Mas não entendi porque a necessidade de botas fotos de escaladoras mostrando peito, como se fosse o único jeito de ser feminina quando se escala.
    Com certeza não se deixa de ser mulher nem feminina ao escalar, mesmo voltando para casa cheia de roxos e dedos machucados, mas também não temos necessidade de mostrar peito para agradar alguém.

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