Morte de montanhista no Everest causa polêmica por causa de sua dieta vegana

Foto: Monash University/File | https://thehimalayantimes.com

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A morte da montanhista Maria Elizabeth Strydom no Everest, que faleceu após realizar cume na montanha e já descia para o Campo 4 no último dia 20 de maio, tem levantado várias discussões, especialmente em dois temas bem diferentes: a qualidade das agências de montanhismo Seven Summits Treks e à dieta vegana para montanhistas.

Segundo informações oficiais, Strydom começou a apresentar vários sintomas do quadro que caracteriza mal de altitude e terminou por sofrer um AVC (acidente vascular cerebral).

Durante um AVC o paciente sofre perda rápida de função neurológica, decorrente do entupimento (isquemia) ou rompimento (hemorragia) de vasos sanguíneos cerebrais.

Agência de montanhismo acusada

Apesar de que todos os alpinistas existentes em uma expedição a alta montanha do planeta devem estar cientes do risco da atividade (além de assumirem total responsabilidade por seus atos), o número de clientes “não montanhistas” acaba refletindo pesadamente no número de acidentes.

A todos os anos apresentadores de TV, artistas, celebridades e outros tipos de pessoas que ambicionam fama com o feito de escalar o Everest, contratam agências para que sejam praticamente carregados montanha acima.

Esta contratação possibilita chancelar, por meio destes feitos vazios, um currículo (embora que falso) para apresentar palestras motivacionais e programas de TV.

Foto: Shrimpo1967 | http://wikipedia.com

Foto: Shrimpo1967 | http://wikipedia.com

Quanto mais barato for o valor cobrado por agências de montanhismo nepalesas, maior é a facilidade para que personalidades de entretenimento conseguirem patrocínio para chegar ao cume do Everest.

No ano de 2016 a agência que mais vem contabilizando mortes em seus clientes é a agencia nepalesa Seven Summits Treks, que além de Maria Strydom, teve como baixas o holandês Eric Arnold e o indiano Subhas Paul. Os indianos Paresh Chandra Nath e Goutam Ghosh seguem desaparecidos, e podem aumentar este número.

Por mais que seja creditada todos estes incidentes à má sorte da agência, algumas personalidades vêm dando declarações pesadas contra a agência, considerando a agência parte da “segunda divisão” das empresas que exploram o turismo no Everest, com equipamentos e instalações de qualidade inferior, sobretudo seu sistema de comunicação.

A agência Seven Summits Treks é a que cobra a taxa mais barata, estimada em aproximadamente US$ 25.000.

O governo Nepalês, entretanto, concedeu a licença à empresa, que possuía todos os requisitos exigidos pela agência reguladora nepalesa.

A dieta vegana em discussão

A dieta vegana, conhecida também como veganismo, é uma filosofia de alimentação e estilo de vida que prega o respeito aos direitos animais. Alegando razões éticas os veganos, como são conhecidos, são contra qualquer exploração de animais, realizando assim um boicote à atividades e produtos considerados especistas ( ponto de vista de que uma espécie, no caso a humana, tem todo o direito de explorar, escravizar e matar as demais espécies ).

No montanhismo alguns atletas são ativistas do movimento, e ministram palestras sobre o assunto periodicamente. Uma das montanhistas veganas mais famosas é a americana Steph Davis.

Foto: Robert Gropel

Foto: Robert Gropel

Porém para a atividade de escaladas em alta montanha o movimento é cercado de muita polêmica, pois grande parte dos materiais utilizados como pena de ganso, couro de bovinos, entre outros de origem animal, não possuem comercialização de materiais equivalentes.

A morte de Maria Strydom, que era vegana e ambicionava provar que uma pessoa com esta dieta poderia chegar ao cume do Everest, abriu espaço para que detratores do movimento soltassem declarações contrárias ao movimento.

Foto: http://www.smh.com.au/

Foto: http://www.smh.com.au/

Ainda não existe nenhum estudo científico que comprove que durante escaladas em alta montanha, uma pessoa que possui alimentação vegana está mais, ou menos, propensa a sentir os males de altitude que outra que não tenha a dieta.

Por isso toda a acusação, ou defesa, em torno do assunto fica baseada em suposições, e sofismas, sem embasamento cientifico e sim apenas em experiências empíricas. O resultado de toda a discussão é apenas a troca de ofensas de ambos os lados sem chegar a nenhuma conclusão.

There are 4 comments

  1. Juliana Damasceno

    Como que uma dieta que retira muitas coisas que a gente precisa para o bom funcionamento do corpo humano pode fazer bem? Acho que a gente pode diminuir ou equilibra os alimentos, mas restringir alguns em 100% pode ser perigoso. Já vi outros casos como este, como o de um brasileiro que morreu na praia. E estava fraco por causa da dieta.

  2. cleo weidlich

    Eu estava no Campo 2 me preparando para subir para o Campo 3 no dia 19 de Maio quando o pesadêlo de três dias começou. Pelo que ouvimos no rádio que o Sherpa da médica falava, ela estava sofrendo somente de um mal comum de alta altitude. As pernas da Dra. Maria Strydom estavam “bamba” não a permitindo à continuar a travessia até o Campo 3. Quando ela e seu Sherpa chegaram na entrada da trilha ao Campo 4 Lhotse (poucos metros acima da banda amarela), ela se sentou e não conseguiu mais se levantar. O Sherpa dela entrou em pânico porque estava nevando muito e o vento continuava a aumentar… O Sherpa a abandonou e foi para o Campo 3 onde havia um grupo especializado em resgate. O Sherpa da Maria diz que pediu ajuda, mas o grupo estava “muito cansado” e não respondeu ao pedido de ajuda, então ele entrou em sua tenda e foi dormir. A Dra. Maria Strydom sofreu por um tempo exposta aos elementos aguardando ajuda e morreu congelada. Não vou nem entrar em detalhes sobre essa agencia, que por incrível que pareça está conectada com quase todas as mortes na face sul do Everest este ano.

    Kostner e sua esposa, Maya Sherpa, estavam sendo servidos pela Seven Summit Treks. Eles tinham 4 clientes, 2 faleceram. Na noite de 21 de Maio, meu Sherpa e eu estavamos tentando conectar com o campo base no rádio, quando ligamos o rádio ouvimos um drama que não acreditavamos, Maya estava fazendo um broadcasting das condições do Erick. Primeiro, Maya deu uma clara descrição das condições de seu cliente, e em seguida avisa que o Erick parece ter falecido. Ela continua falando sobre as condições dos outros clientes que também estão sofrendo. Cerca de uma hora depois ela volta à falar do Erick, quem eu conhecia, e ficamos felizes com a nova notícia de ele está melhorando. Maya volta à falar dos outros novamente e por volta de uma hora da manhã avisa “acho que o Erick morreu mesmo” (I think that now Erick is really dead!). Ficamos chocados com a leviandade da forma de comunicação. Essa foi a primeira vez que Maya subiu o Everest, talvez seu marido tenha dado mais atenção e esforço à escalada da esposa e menos aos seus clientes. Os Indianos que desapareceram às próximidades do balcão são clientes da Seven Summit Treks, como também o Indiano falecido na àrea do Geneva Spur. Até o dia 22 de Maio já haviam mais de 57 lesões sérias que resultaram em resgates. Vários ficaram por uns dias aguardando bom tempo no meu acampamento no Campo 2, onde havia uma tenda especialmente para os lesionados aguardando evacuação por helicoptéro. A outra empresa que mantém um dos piores recordes de problemas nas montanhas é a Loben.

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