Livro da Semana: "Sozinho no Pólo Norte"

O Polo Norte, como todos deveriam saber, é a região que se localiza no extremo Norte do planeta e o primeiro explorador a pisar lá foi Robert Edwin Peary em 1909. Porém esta conquista é cercada de controvérsias e é contestada frequentemente por historiadores de exploração, o que motiva muitos exploradores a tentar repetir a façanha de Peary. O Pólo Norte é consideravelmente mais quente do que o Polo Sul, tendo em janeiro variando de -43 a -26 °C (média de -34 °C) e em julho em torno de 0°C.

Foto: http://thomazbrandolin.com.br/

Não se intimidando com este frio, o paulista Thomaz Brandolini assumiu o compromisso de ir ao Polo Norte e fazer uma expedição por lá por durante 20 dias acompanhado apenas de um cachorro esquimó em um trenó. Na exploração do extremo norte terrestre Brandolini não queria nenhum auxílio de veículo motorizado, suporte para abastecimento ou equipes de apoio à sua expedição. A preparação para isso demorou aproximadamente dois anos e na sua aventura enfrentou, segundo afirma em seu livro, temperaturas de -70ºC e encontrou apenas esquimós em seu trajeto.

Seu livro “Sozinho no Pólo Norte” o autor Thomaz Brandolin procura mesclar diário de bordo, relatos de preparativos e dados técnicos de sua expedição. Procurando descrever as paisagens e a cultura e sociedade dos esquimós, seu livro é um interessante retrato do que é uma expedição extrema para quem deseja sair de sua zona de conforto.

Brandolin usa em sua obra muitos mapas e fotografias para enriquecer seus relatos e tentar fazer uma imersão do leitor dentro do ambiente inóspito que é o Pólo Norte, e em vários momentos alerta para o impacto que qualquer tipo de decisão, seja ela pequena ou grande, podem ter nos resultados de uma viagem. Já acostumado a palestras para coaching usa este tipo de fato como uma metáfora para a vida das pessoas.

O livro “Sozinho no Pólo Norte” em vários momentos demonstra já estar preparando o terreno para palestras motivacionais e empresariais abusando de frases clichês. Mesmo assim é uma leitura interessante de se fazer, ainda mais se levarmos em conta que é das poucas expedições aventureiras de brasileiros que não envolve o turístico Everest nem o marqueteiro Seven Summits. Porém o fato de Brandolin exercer quase que exclusivamente como palestrante motivacional fica muito evidente em várias passagens de seu texto.

Pela quantidade de adjetivos superlativos usados no livro, parece uma obra elaborada para publicitários e jornalistas leigos no assunto os quais adoram este tipo de recurso para capturar a atenção do leitor e esconder a objetividade. Por sempre ter a preocupação explícita de vender a imagem icônica do aventureiro, deixando a própria viagem e reflexões a respeito da vida de lado, o livro “Sozinho no Pólo Norte” é uma leitura interessante, mas não fundamental nem obrigatória.