Livro da Semana: “Climbing the Seven Summits” – Mike Hamill

Dentro da comunidade de montanhistas há uma espécie de “troféu”, que foi indevidamente apropriado por marqueteiros e apresentadores de televisão: os Seven Summits. Basta ver todos os textos realizados por jornalistas, muitas vezes desinformados (outras por má fé mesmo), que enaltecem exageradamente pessoas que realizam ascensões nas montanhas mais altas de cada continente.

Esta conquista, que deveria ser pessoal, acabou sendo produto de ostentação de pessoas endinheiradas que ambicionam ser personalidades televisivas. Por isso frequentemente meios de comunicação, muitas das vezes canais a cabo, inflam esta “conquista” como sendo “as montanhas mais altas do mundo” o que, evidentemente, é um erro tão grosseiro que ganha contornos de mentira descarada. Por mexer muito com as vaidades destes aspirantes a fama, em torno deste tipo de conquista há toda uma indústria de turismo de montanha. Assim como oficinas mecânicas de lanternagem e funilaria fazem com o carro, estas empresas funcionam com a mesma filosofia para os aspirantes a programas em canal à cabo.

A criação deste marketing é atribuído ao americano Richard Bass (no ano de 1983), que escolheu à época na sua lista a montanha mais alta do continente australiano o Monte Kosciuszko (2.228 m). Porém o ícone do montanhismo Reinhold Messner estabeleceu outra lista dos Seven Summits substituindo o Monte Kosciuszko, pelo Puncak Jaya (4.884 m) o ponto culminante da Oceania na ilha da Nova Guiné. Curiosamente as listas de Richard Bass e Reinhold Messner não incluem o Mont Blanc. Do ponto de vista do montanhismo, a lista Messner é a mais desafiadora.

Mesmo apropriada indevidamente por pessoas em busca de fama e de sustentar a falsa imagem de aventureiros, o Seven Summits possui seu charme e, de certo modo, uma relativa importância (embora mínima). Mirando este tipo de público interessado o americano Mike Hamill escreveu um guia completo para chegar no topo de cada continente mais o Monte Denali. O livro “Climbing the Seven Summits: A Comprehensive Guide to the Continents’ Highest Peaks” procura ser um guia essencial para quem planeja realizar o feito. Sua linguagem é a mas didatica possível, mas para compreendê-lo em sua totalidade é necessário ter um conhecimento intermediário em montanhismo. Não é uma obra para iniciantes.

Há dentro da comunidade, e também é abordado pelo livro, uma certa polêmica sobre o feito por não ter nenhuma montanha extremamente técnica. Nisso criaram uma espécie de Seven Summits hardcore, a qual escolhe as segundas montanhas mais altas de cada continente. Desta maneira montanhas como o K2 (8.611 m), Ojos del Salado (6.983 m), entre outras, seriam verdadeiros desafios e, consequentemente, conquistariam respeito perante toda a comunidade de montanhistas.

A obra também serve, ou pelo menos deveria servir, para que jornalistas, lobistas e marqueteiros se orientassem para escrever devidamente sobre qualquer projeto de Seven Summits além de, obviamente, preparar melhor quem postula ostentar este marco. No livro há várias dicas de preparação física para cada montanha, lista de principais acidentes naturais (como avalanches) e, como não poderia deixar de ser, os segredos que fazem a diferença em cada acensão.

Ficha técnica

  • Título: Climbing the Seven Summits: A Comprehensive Guide to the Continents’ Highest Peaks
  • Autor: Mike Hamill 
  • Edição:
  • Ano: 2012
  • Número de páginas: 352
  • Editora: Mountaineers Books

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