Livro da Semana: "At Home with the Patagonians"

Os exploradores que vieram da Europa, à época da colonização da América, sem sombra de dúvida eram pessoas de coragem, e com um espírito aventureiro incontestável.

Uma destas figuras icônicas das conquistas está o oficial inglês, nascido acidentalmente na Itália, George Chaworth Musters, oficial de alta patente da Marinha Real Britânica, que de suas aventuras ao sul da América na região que hoje conhecemos como Patagônia, publicou um livro de memórias em 1871: “At Home with the Patagonians“.

O autor britânico George Musters escreveu nele sobre sua viagem, que durou pouco mais de um ano (de 1869 a 1870), e os acontecimentos ocorridos quando teve contato com os índios locais patagônicos tehuelches.

Musters realizou na época viagens a cavalo desde de 2.750 quilômetros desde Punta Arenas (região do Chile) até Carmen de Patagones (região da Argentina) junto dos tehuelches conhecendo os principais chefes das tribos dos habitantes nativos da américa que até então eram uma grande incógnita.

Os tehuelches, também chamados de patagões ou patagônios, é um grupo de etnias ameríndias da Patagônia, e eram os habitantes da região quando europeus começaram a colonização da América.

A etnia despertava bastante curiosidade dos Europeus, especialmente por conseguirem viver em uma região de clima tão singular.

George Musters descreve com impressionante riqueza de detalhes, como foi o dia a dia de sua jornada, e quais eram as suas impressões que teve do local que na época era conhecido como Terra Incognita por vários topógrafos europeus.

Detalhes como idioma, aparência física, alimentação, religião, política não passaram despercebidos pelo oficial britânico que, mesmo sendo o único homem branco durante a sua viagem, conseguiu captar detalhes que até hoje são fundamentais para quem estuda a vida nas Américas antes da colonização européia.

Quando publicado esta mescla de diário de viagem e relatório geográfico e estudo antropológico, os relatos batizados de “At Home with the Patagonians” foram recebidos com assombro pela sociedade da época, sendo aclamado como um “clássico instantâneo” que o levou a ostentar títulos como “O Rei da Patagônia” e “Marco Polo da Patagônia”, influenciando outros exploradores a irem para a região também explorar.

O livro foi publicado primeiramente em partes publicadas no jornal Buenos Aires Standard (1861 a 1959), e posteriormente publicado como livro.

Especula-se que Francisco “Perito” Moreno (cientista, naturalista e explorador argentino) foi influenciado pela obra de George Musters.

O trajeto de viagem de George Musters curiosamente quase coincide com o que hoje é conhecido como Ruta 40, que corta toda a região da Patagônia, e é um dos adesivos mais comprados por turistas.

Na sua viagem George Musters passou por lugares que hoje estão Perito Moreno, Rio Mayo, Laguna Esquel, El Maitén, Pilcaniyeu, entre outras.

O livro “At Home with the Patagonians” é um documento histórico imperdível para quem planeja fazer uma viagem à região, pois e uma obra clássica que inspirou gerações de outros exploradores a realizar algo semelhante ao longo dos séculos.