Jornalistas de Goiás criam websérie sobre esportes outdoor

Uma das maiores confusões que existe no jornalismo brasileiro é confundir jornalismo esportivo com futebol. Inegavelmente o futebol é o esporte mais popular do Brasil e também do planeta.

Porém grande parte dos veículos de comunicação confundem popularidade com exclusividade, e este tipo de distorção transforma os espaços ditos esportivos em relatos futebolísticos. Não sem motivo que veículos impressos, estes agonizando e esperando o momento de dar o último suspiro, somente dedicam seu espaço esportivo para o futebol.

Há, entretanto, algumas exceções concedidas a outros esportes coletivos, com um espaço ridiculamente mínimo, destacando-o vez ou outra.

Mesmo jornalistas que procuram trabalhar cobrindo esportes outdoor, além de não entender nada do assunto, não conseguem fazer um trabalho de qualidade. Nesta rega, infelizmente, não há muitas exceções.

São poucos os veículos de comunicação que produzem conteúdo de qualidade e, por algum motivo, são todos eles do eletrônico, o que evidencia a morte de publicações impressas cada vez mais sem conteúdo. Algumas marcas importantes do segmento esportivo, como a gigante Adidas (que também é dona da Rebook), anunciou recentemente que irá anunciar somente em meio digital. A escassez de conteúdo de qualidade é tão grande que várias marcas estão criando artigos e publicando em suas páginas.

Porém onde há crise, outros enxergam oportunidade. Procurando mudar um pouco esta visão monotemática do jornalismo esportivo brasileiro os jornalistas Pedro Cabral, Vitória Sales e Renata Ferreira, formandos da faculdade de jornalismo das Faculdades Objetivo em Rio Verde-GO, decidiram sair do lugar comum e conhecer mais sobre os esportes de natureza.

Desta maneira nasceu a websérieAlto Cerrado“, um programa em formato televisivo que irá mostrar as principais atividades outdoor no estado de Goiás.

O programa, que faz parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do trio, ainda não foi disponibilizado na íntegra pelos produtores. Todos os bastidores de cada programa será disponibilizado na fanpage criada.

Linguagem

Como o público que praticas esportes outdoor não é necessariamente formal como, por exemplo, de um programa de economia, a linguagem utilizada deveria ser bem diferente do tom formal e engessado utilizado por telejornais.

Assim o grupo procurou se preocupar com a linguagem utilizada, e para isso realizaram uma pesquisa prévia não somente de linguagem, mas também de roupas, mobilidade e histórias comuns a cada grupo.

Desta maneira alguns erros básicos, mas recorrentes de jornalistas que não fazem pesquisa prévia, como ir cobrir uma escalada de salto alto, trilhas de calça jeans, terno em pista de MTB, etc, foram evitados. Desta maneira foi nascendo o formato do “Alto Cerrado”, que buscou cobrir varias modalidades como rapel, escalada, trekking, voo livre. Este tipo de abordagem, mais aberta e menos formal, fez com que a receptividade de entrevistados fosse acima da expectativa do grupo.

Como não deveria ser diferente, a principal dificuldade que o trio enfrentou foi a de recursos financeiros para realizar cada programa. Não necessariamente por conta dos equipamentos, mas da locomoção e hospedagem do grupo responsável pelas reportagens. Os participantes contam que caso tivessem a possibilidade de mais recursos, iriam a  municípios mais distantes, com outras histórias. Um outro fator limitante era o prazo para a entrega do TCC, por issoo não foram produzidos muitos capítulos.

Repercussão

O trio afirma que desde o rascunho, quando idealizaram realização do programa, muitos se surpreenderam e achavam que talvez estivessem “indo longe demais”. A iniciativa possuía poucas produções semelhantes sendo realizadas no Brasil e por isso poucas referências.

Apesar do trabalho exigido para a realização da série, Pedro Cabral, Vitória Sales e Renata Ferreira impressionaram a todos os avaliadores e colegas de curso com o resultado obtido.

Foram muitas as histórias as quais cada um dos jornalistas tiveram contato, mas a que destacam foi a de Paulo Roberto de Catalão-GO. Paulinho, como é conhecido na região, pratica Mountain Bike apenas com uma perna.

No lado pessoal cada um dos participantes também se impressionou com as descobertas de um universo tão vasto, e tão pouco explorado, como os de esportes de natureza. “Primeiramente saber que naquele município tem uma galera que pratica determinado esporte foi bem interessante” afirmam, “‘mas também sentir que, as pessoas realmente queriam nos ajudar foi gratificante” conclui o grupo.

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