Dieta de jejum intermitente para escaladores: Funciona ou Não?

Em qualquer modalidade esportiva há vários tipos de teorias e lendas que habitam a psique dos atletas, sejam eles amadores ou profissionais. Quando se trata de alimentação, há muita desinformação e pouca objetividade por parte dos praticantes. Comer é algo que fazemos corriqueiramente, mas que muitas pessoas ainda possuem pouca informação a respeito da relação que existe entre nutrição e esporte.

A partir desta desinformação, teorias são formuladas sem aprofundamento científico e, infelizmente, acabam comprometendo o rendimento de um atleta. Um dos temas que mais levantam desinformação a praticantes de escalada, que estão constantemente preocupados com o peso, é o do intervalo de jejum. Partindo do princípio simplista de que a não ingestão de alimentos antes da prática esportiva, irá queimar o excesso de peso. Embora na teoria pareça lógico este raciocínio, na prática não é exatamente o que acontece.

Portanto o objetivo deste artigo é, após pesquisa em material científico e consulta com profissionais de nutrição, elucidar sobre as abordagens de praticar treinamentos em jejum. Para elaborar seu próprio treinamento, procure um(a) nutricionista. Somente ele poderá planificar sua estratégia alimentar para o treinamento e objetivos no esporte.

Portanto, já respondendo à pergunta acima (funciona ou não?), aproveito para declarar que depende. Se for feito a partir da orientação de uma nutricionista devidamente formada, pode ser que sim. Caso seja feita baseada em empirismo e ausência de embasamento científico, não.

Anabolismo e Catabolismo

Para entender a estratégia utilizada no Jejum Intermitente, é importante também ter sólido o conceito de estados metabólicos (anabolismo e catabolismo). Metabolismo é o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior do organismo.

Processo anabólico são aqueles que o corpo acumula energia e sintetiza as moléculas e produtos que necessita para seu mantenimento. Estes produtos são: substratos energéticos, proteínas, enzimas, hormônios, etc. Portanto um processo catabólico são todas as funções utilizadas na construção estrutural do corpo.

Em contrapartida, os processos catabólicos são aqueles se consomem os substratos energéticos (estocados pelo processo anabólico) para manter o funcionamento do organismo. Portanto, se nos alimentamos continuamente, especialmente de maneira inadequada, o corpo não utilizará nenhuma reserva.

Assim, a estratégia é que a ingestão de alimentos seja com o mínimo de gordura, para que o corpo comece a consumir esta gordura durante o processo de catabolismo.

Jejum intermitente

De acordo com a literatura científica existente, a definição do jejum intermitente é: estratégia alimentar que pratica a restrição, total ou parcial, do consumo de energia. Esta restrição do consumo de energia pode variar de 25 a 100%. Entretanto, não é qualquer indivíduo que pode adotar este método. O jejum intermitente não é indicado para quem possui histórico de distúrbios alimentares (questões hormonais, anorexia nervosa, hipergafia, etc).

O jejum é um estado em que o corpo utiliza mais substratos energéticos próprios, após ficar determinado tempo sem se alimentar. A partir deste estado, o organismo passa, a utilizar a gordura estocada no tecido adiposo ao invés da ingerida na alimentação. Por impactar o equilíbrio hormonal do corpo, o jejum intermitente pode aumentar os níveis de estresse e atrapalhar o sono, além de provocar desidratação e fome acima do normal.

Quando realizada sem orientação nutricional adequada, algumas pessoas passam o dia todo sem comer mas acabam no momento da refeição tudo (inclusive alimentos não saudáveis). Sendo assim, de nada adianta adotar um jejum intermitente, se no momento de alimentar-se consumir coxinhas, rizolis, pão na chapa, pizza, etc. Como explicado no início do artigo, este método é uma estratégia temporária e que deve ser realizado com planejamento, porque o jejum intermitente é um tipo de jejum “programado”

Uma das alterações metabólicas provocadas pelo jejum é a cetogênese (a mesma da dieta cetogênica), ou seja, o organismo começa a usar a gordura do próprio corpo como fonte de energia. Portanto, especialmente quem procura um emagrecimento para melhoria de performance atlética, o jejum intermitente não afetar a performance desde que, seja planejado corretamente.

Logo no início da dieta aparecerão alguns efeitos que devem ser monitorados pelo profissional de nutrição que está orientando para esta estratégia são hipoglicemia, tontura, fraqueza, enjoo, fadiga, insônia, irritabilidade, agressividade e uma brusca baixa de rendimento nos treinos (além de diminuição da resistência).

Para o escalador que adotar esta estratégia, logo no início sentirá uma brusca queda em seu rendimento nos treinos e nas saídas para escalada na rocha.

O objetivo do jejum intermitente é o emagrecimento rápido, mas para isso requer força de vontade e determinação do atleta. Repetindo que, esta força de vontade e determinação, são em seguir as orientações da nutricionista sem fazer adaptações por sua própria conta e risco.

Bibliografia

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