Guia prático de prevenção de animais peçonhentos para praticantes de esporte outdoor

Considerado inexplicável, a sensação de prazer de estar em contato com a natureza é um sentimento que somente quem tem o costume de praticar esportes outdoor consegue entender. Reformulando a frase famosa cunhada por Stan Lee (o criador da era moderna dos heróis em quadrinhos) para seu personagem mais famoso, o Homem-Aranha, de que “grandes prazeres, trazem grandes perigos”.

No contato com a natureza existe a possibilidade de cruzar com animais peçonhentos é alta, e cabe ao praticante responsável saber como se comportar no momento de cruzar com um deles durante a atividade. O ato de se afastar, e sair correndo, nem sempre é a única atitude que uma pessoa deve ter, e saber o que fazer no momento de alguma picada, ou infecção, é fundamental.

Como este artigo tem o objetivo de ser apenas um guia prático, para informar apenas o que fazer, e o que não fazer, alguns detalhes como tipo de veneno, variedade de espécies, nome científico e etc, não foi detalhado em profundidade. Por isso o foco principal foi elencar os principais, e mais conhecidos, animais peçonhentos que podem ser encontrados em áreas de prática de atividades outdoor.

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Cobra Jararaca – Foto: http://redeglobo.globo.com/

Definição de Animal Peçonhento

Animais peçonhentos são seres vivos que para caçar, ou se defender, possuem a capacidade de inocular substâncias tóxicas produzidas por glândulas em seu corpo. O meio desta inoculação depende do tipo do ser vivo, que no caso das serpentes através dos dentes, dos escorpiões através de um agulhão na cauda e assim por diante.

Não confundir animais peçonhentos com venenosos, pois são definições distintas. Um animal venenoso possui veneno, mas não possui estrutura para inocular o veneno. Faz parte do intelecto de qualquer praticante de atividades outdoor ter conhecimentos básicos de primeiros socorros.

Cursos com esta temática são periodicamente oferecidos por clubes de escalada, e abrigos de montanhismo.

Principais seres vivos peçonhentos

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Cobra Cascavel – Foto: Rodrigo Z. Damiano | http://www.dicadanet.net/

  • Cobras e serpentes
    • Jararaca (Bothrops jararaca) – Encontrada da Bahia ao Rio Grande do Sul
    • Cascavel (Crotalus durissus) – Encontrada do México à Argentina
    • Cobra coral (Erythrolamprus, Oxyrhopus e Anilius) – Encontrada na América do Sul, Central e Sul dos Estados Unidos
    • Mamba (Dendroaspis angusticeps, Dendroaspis viridis, Dendroaspis polylepis) – Encontrada em toda extensão da África
    • Naja (Naja ashei e mais 21 espécies) Encontrada na África, Sudoeste da Ásia, Sul da Ásia e Sudeste Asiático
    • Urutu-cruzeiro, Urutu, Cruzeiro ou Cruzeira (Bothrops alternus) – Encontrada no Centro-Oeste e no Sul do Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina.
    • Caninana (Spilotes pullatus) – Encontrada na América Central e Sul.
    • Cobra da Morte (Acanthophis Antar) – Encontrada somente na Austrália.
    • Cobra-cornuda (Vipera latastei) – Encontrada região da península ibérica da Europa
    • Serpente-Tigre (Notechis scutatus) – Encontrada na Austrália
    • Taipan (Oxyuranus microlepidotus) – Considerada das cobras mais venenosas do mundo é encontrada na Austrália
    • Krait Malasiana (Bungarus Candidus) – Encontrada no oeste da Ásia e na Indonésia.
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Escorpião Negro – Foto: https://www.youtube.com/

  • Escorpiões
    • Escorpião Amarelo (Tityus serrulatus) – Encontrado no Sudeste e Centro Oeste do Brasil
    • Escorpião Preto (Tityus bahiensis) – Encontrado no Leste e Centro do Brasil
    • Escorpião do Nordeste (Tityus stigmurus) – Encontrado na região nordestina do Brasil
    • Escorpião negro (Androctonus crassicauda) – Encontrado em regiões Semi-áridas do Sudeste Asiático e África
    • Escorpião de cauda gorda (Androctonus australis) – Encontrado no Norte de África e no Sul e Oeste da Ásia
    • Escorpião Palestino (Leiurus quinquestriatu) – Encontrado no Norte de África e Oriente Médio
    • Transvaal de cauda grossa (Parabuthus transvaalicus) – Encontrado em regiões áridas de Botswana, Moçambique, Zimbabwe e Africa do Sul.
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Aranha-marrom – Foto: http://sites.uai.com.br/

  • Aranha
    • Aranha-armadeira ou aranha-bananeira (Phoneutria nigriventer) – Encontrada no Brasil, Paraguai, Uruguai e Norte da Argentina
    • Aranha-marrom ou Aranhas-violino (Loxosceles gaucho) – Encontrada em todo o Brasil e Colômbia, Chile, Guatemala e Panamá.
    • Viúva negra (Latrodectus mactans) – Distribuída por toda a América, além de ser amplamente encontrada em torno da Baía da Guanabara.
    • Aranha Hobo (Tagenaria agrestis) – Encontrada no oeste da Europa Central, mas está naturalizada no noroeste da América do Norte, e recentemente encontrada no sul do Alasca.
    • Aranha de saco (Clubiona trivialis) – Encontrada amplamente na América do Norte.
    • Tarântula ou Caranguejeiras (Theraphosa blondi) – Encontradas em regiões temperadas e tropicais das Américas, Ásia, África e Oriente Médio
    • Aranha lobo (Arctosa sp.) – Possui grande variedade de tipos e 125 destes são encontrados nos Estados Unidos, e 50 na Europa.
    • Aranha RedBack ou Costa-Vermelha (Latrodectus hasseltii) – Encontrada na Austrália
    • Aranha-Rato (Missulena bradleyi) – Encontrada na América do Sul
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Foto: http://www.jacksonvillezoo.org/

  • Arraias
    • Arraia de Água Doce (Potamotrygonidae) – Encontrada nos rios da região Norte e Centro-Oeste brasileiro
  • Lagartas
    • Automeris sp – Encontrada em todo o Brasil
    • Megalopyge urens – Encontrada em todo o Brasil
    • Taturana também conhecido como marandová, lagarta-de-fogo, bicho-que-queima, bicho cabeludo, mondrová (Lonomia obliqua) – Encontrada na Bolívia, Venezuela, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Brasil, Peru, Suriname
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Foto: http://www.wikiwand.com/

O que fazer no caso de acidentes

Primeiramente no caso de algum acidente com animais peçonhentos é manter a calma para que os raciocínios não sejam afetados pela emoção. O momento de tratar uma pessoa que foi inoculada com um animal peçonhento deve-se ter o máximo de razão e o mínimo de emoção. Após manter a calma, se possível tente identificar qual foi o animal que inoculou o veneno. No caso de uma cobra, ou serpente, procure identificar qual tipo foi.

Caso não tenha conhecimento, procure memorizar a cor, formato da cabeça e cauda. Estes dados isso ajudarão aos socorristas, regatistas e médicos saberem que tipo de soro antiofídico e tratamento deve ser utilizado. Sob qualquer suspeita, procure um hospital, ou posto de saúde mais próximo.

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Foto: http://regiaonoroeste.com

Como linha geral de padronização, os guias de escalada dos locais devem conter o endereço do hospital mais próximo. No caso da inexistência desta informação no guia de escalada, a opção é utilizar o aplicativo de mapas existentes em smartphones. Durante o transporte da vítima mantenha hidratação, fazendo com que ela beba água constantemente. Mesmo que a mesma não queira.

O que NUNCA fazer

Tocar o mínimo nos ferimentos de inoculação de ferimentos. Portanto NUNCA, sob qualquer hipótese realize furos em torno da picada.

Jamais tente sugar o veneno como aparece erroneamente em filmes hollywoodianos. O procedimento de sugar o veneno pode fazer com que o veneno se concentre mais na região.

Evitar de fazer torniquete, pois pode resultar em necrose do membro, ou do local infectado.

No caso de sangramento realize somente compressão para estancá-lo, nem ofereça bebidas alcoólicas para a vítima. A única bebida a oferecer à vítima deve ser água.

Medidas de controle

Antes de qualquer procedimento é necessário ter em mente que nos ambientes de escalada o mínimo impacto é um objetivo a ser atingido (sem radicalismo ou purismo).

Por isso realizar grandes mutirões para dedetizar áreas de escalada, trilhas e trekking não é aconselhável.

  • Sempre que for a estes lugares procurar utilizar calçados fechados, e quanto maior for o mato maior o cano do calçado.
  • Evitar de deixar restos de comida em lugares como buracos de pedras, matos e etc.
  • Nunca pegar objetos, como frutas e plantas sem antes observar seus arredores, ou o próprio objeto.
  • Nunca enfiar mão em buracos, ocos de árvores ou vãos de pedras sem a devida atenção.
  • Não sentar, deitar ou agachar próximo a arbustos, barrancos, pedras, pilhas de madeiras ou material de construção sem observar se existem animais que ofereçam algum risco.
  • Observar locais como lagos, rios, córregos, cachoeiras e também barcos e canoas parados nas margens dos rios.

There are 7 comments

  1. Pedro

    É uma cobra de que tamanho? Digamos, uma surucucu pico-de-jaca tem 3-4m e é pesada, grossa. Se for desse tamanho, dê a volta e vá embora, ou procure outro caminho, sem conhecer esse animal não se arrisque. Se for o que a maioria é, de 0,5m até 1,5m, recue para achar um galho de 1m, grosso (2-4cm de diâmetro; recue uma parte da trilha se necessário), e idealmente com forquilha na ponta. Volte, se ela ainda estiver lá (pode ter ido embora!), aproxime-se devagar e vá empurrando a ponta do galho arrastando no solo até entrar embaixo dela. Tente levantá-la porque cobras perdem equilíbrio e não reagem se elevadas do solo. Se ela ficar agressiva, não se intimide, recue um segundo e volte a empurrar, se você insistir ela vai acabar saindo para se livrar de você. Use o galho para MANTER DISTÂNCIA entre você e ela. Se achar complicado, use 2 galhos, um em cada mão. Galhos sem folhas e com ramificações são ideal, porque criam uma zona de dificuldade para o animal e você consegue vê-la o tempo todo. É mais fácil tirá-la do chão com 2 galhos. Não adianta gritar, cobras são surdas, embora possam sentir você andando e lhe ver muito bem. Mantenha-se calma, isso é o mais importante.

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