Fogo nos campos de altitude: o maior perigo à fauna e flora da Mantiqueira

Todos os anos, principalmente na época de temporada de montanha, milhares espécies de animais e árvores nativas da Serra da Mantiqueira morrem queimados em incêndios devastadores, causados quase que totalmente pelo ser humano. O Homo Sapiens é, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável por 97% dos incêndios com agente causador conhecido.

De acordo com biólogos, quando a região não se trata de uma área primária, sua recuperação levaria mais de 30 anos para chegar ao estágio primário, com sua fauna e flora restaurada. E, se ocasionados com frequência, ela poderá nunca mais se restaurar.

Consequências para a fauna e flora local

Ainda de acordo com dados do ICMBio, cerca de 15% do total de ocorrências de incêndio nas Unidades de Conservação do Rio de Janeiro em 2011 (841 incêndios desde a criação das UCs) foram em áreas acima de 1.600 metros de altitude. Desses, mais de 70% dos incêndios foram nos campos de altitude do Parque Nacional do Itatiaia, localizado na Serra da Mantiqueira.

Nesta região existem 35 espécies classificadas a nível nacional como ameaçadas de extinção e que só existem no local, valor corresponde a 30% das espécies ameaçadas com ocorrência para os campos de altitude do estado.

Estes dados expressivos existem para regiões que são tidas como Unidade de Conservação, onde eles fazem um controle importante sobre espécies da fauna e da flora. Porém, em uma grande área da Serra da Mantiqueira não se faz pesquisas deste tipo e não existe nenhum tipo de fiscalização agindo contra as más condutas, como fogueiras e manuseio de objetos de fogo, como fogos de artifício, sinalizadores e afins. Ou seja, é muito difícil obter dados de tudo o que já perdemos e podemos prejudicar com tais ações.

E por quê existem tantos incêndios nesta região?

Lembrando os fatos: Há quase três anos aconteceu um incêndio no Pico dos Marins (São Paulo), causado por visitantes. Na mesma época, também teve um no Parque Nacional de Itatiaia (rio de Janeiro), suspeito ser criminoso. Há 7 anos uma região de mata em Extrema-MG também sofreu com isso. Há dois anos, o fogo atingiu uma área de aproximadamente 25 hectares, incluindo áreas de floresta próximas à Santo Antônio do Pinhal-SP.

Todos esses territórios estão inseridos na Serra da Mantiqueira, onde o vento e o mato seco fazem com que o fogo se alastre com facilidade, sendo difícil o controle, principalmente em maiores altitudes.

Por um acaso, nestas áreas, por não estarem dentro de um parque que promove e fiscaliza de acordo com as leis de proteção ambiental, se faz muitas fogueiras e existe um descaso muito grande para com a relação do fogo com a conservação das espécies locais.

Como solucionar o problema?

Fiz, abaixo, uma lista imprescindível que os visitantes tenham conhecimento:

  • Não faça fogueira. Existem outros meios de cozinhar, como fogareiros ou fazendo fogo dentro de grandes panelas, controlando-o melhor.
  • Procure locais que não tenham mato seco muito próximo, para cozinhar.
  • Tome muito cuidado ao manusear objetos que fazem fogo, inclusive com a exposição prolongada de isqueiros ao sol.
  • Não solte fogos de artifício em hipótese alguma.
  • Não utilize sinalizadores de fogo, se não necessários e sem saber manuseá-lo corretamente.
  • Não queime resíduos. Isso prejudica o solo, o ar e a água local. Além do risco de ocasionar um incêndio também.

Nossa intenção é espalhar essa conscientização, para que ocorra uma atenção maior para essa problemática, tanto por parte dos novos turistas, quanto por parte das pessoas que já frequentam o ambiente e querem entender como melhor orientar novos visitantes.

Fique totalmente por dentro do comportamento adequado nas regiões de montanha e compartilhe para que outras pessoas também possam estar preparadas para essa imersão.

Ajude a mudar essa história! ?

Fonte: AXIMOFF, Izar. O que Perdemos com a Passagem do Fogo pelos Campos de Altitude do Estado do Rio de Janeiro?. Biodiversidade Brasileira, n. 2, p. 180-200, 2011.

Foto no topo: Divulgação/AMPM

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