Foco no importante

Após passado dois dias da “polêmica” entrevista de André Ilha, e “milhares” de protestos sobre o tema, com recados mal-educados (porém aprovei um único comentário para que também leiam o tipo de resposta que dou a estes comentários) há ainda um certo tipo de “lavagem de roupa suja”.

Pelo teor mensagens colocadas na página do Blog de Escalada no Facebook, resolvi deixar o que achei da entrevista, e o que penso de tanta repecursão (com quase 1500 acessos somente ontem).

Minhas palavras elogiosas para o escalador André Ilha de nada tem a ver com eu concordar ou não com a sua linha de pensamento.

Minha admiração e elogios são para uma pessoa que entende muito do tema que eu quis abordar na entrevista, e pela sua facilidade de explicar as coisas.

Facilidade esta que ao explicar o que pensa sobre algum tipo de escalada causou esta revolta.

Após dois dias passado, todos dormiram, todos foram trabalhar(quem trabalha), todos foram estudar(quem estuda), todos ficaram vendo tv em casa (quem não faz nada) e devem ter reparado em algo: o que uma pessoa pensa a respeito de uma preferência de escalada ou de algo NÃO MUDA A SUA VIDA.

Estilos de escalada são como times de futebol. Cada um tem o seu, cada um ama o seu, e tende a se comportar como “hooligans” quando alguém critica o seu.

Minha esposa costuma dizer que: Futebol tem o poder de transformar pessoas inteligentes em pessoas burras.

O mesmo parece que acontece quando alguém diz algo sobre um estilo de escalada.

Sou escalador de vias esportivas, não tenho dinheiro para comprar equipamentos móveis, não sou praticante de conquistas de vias em lugares ermos , e nem por isso me sinto super-ofendido quando alguém critica a modalidade que eu escalo.

Acho desperdício de energia quando qualquer pessoa que critica (seja André Ilha ou quem quer que seja) que não paga as minhas contas, não lava o meu carro, nem dorme comigo, e mesmo assin ficar ofendido como algo pessoal. Exatamente igual como acontece com discussões sobre títulos de times de futebol.

Em resumo: a opinião DELE (qualquer pessoa que critica o que eu gosto) em nada vai mudar a minha vida como está agora.

Portanto com a atitude madura que deveriam ter MUITOS escaladores, todos maiores de idade, “escandalizados” com uma declaração contrária à modalidade de escalada praticada, deveriam meditar sobre ser tão importante, ou não ,o que foi dito.

Após isso segue a vida.

Publiquei a resposta do proprietário da Rokaz porque, assim como André Ilha, foi muito educado, e também teve a calma e elegância de dizer com palavras bem estruturadas que acreditava que o que foi dito era equivocado.

Maturidade e educação é isso: demonstrar que não concorda é diferente de ofender para impor uma idéia. O declarado pela Rokaz mostrou como pessoas adultas resolvem um tema polêmico.

Porém, acho que muito escalador, incluindo os “boca suja” que deixaram recados no blog estão esquecendo de algo, que foi a minha preocupação principal: as informações de como procedermos em caso de proibição de locais de escalada, e na execução de planos de manejo.

Com relação à entrevista a menos que esteja muito enganado, o André Ilha é uma das maiores autoridades neste assunto de planos de manejo, acesso de escaladores em parques públicos e outros assuntos políticos referentes à escalada. Por ter falado com autoridade e completamente esclarecedora ao assunto que fiz a introdução elogiosa (e merecida ao meu ver) para com ele.

Se você leitor tiver a paciência de ler novamente a entrevista verão que o foco da entrevista foi como se preparar para liberar áreas de escalada.

O importante é acumular conhecimento, que pelo menos para mim é o PRINCIPAL objetivo do blog.

Exatamente ESTE tema (acessos, plano de manejo e etc) que escrevi na conclusão que há muito a aprender com as palavras dele.

Estou presenciando, e observado de longe mesmo, ao longo dos anos que escalo alguns lugares que eu considero verdadeiros paraísos da escalada, especialmente em Minas Gerais (que está para a escalada esportiva brasileira assim como a Espanha está para a escalada esportiva mundial) onde escalei ,e gosto muito de voltar e escalar, sendo fechados.

Nada mais natural de me preocupar e publicar para ficar a alguém interessado um texto explicativo sobre os famosos “Plano de Manejos” que parecem ser (ao menos para mim) uma coisa complicada de sair do papel.

Mesmo morando longe dos locais que estão sendo abertos, acredito que é uma maneira do Blog de Escalada contribuir com quem quer fazer do lugar um “novo Valle Encantado”.

Portanto, recomendo a quem está “indignado” apenas pelo entrevistado declarar algo de uma linha de pensamento discutível, e focar no importante:

De que muitos lugares de escalada estão fechados, sendo fechados ou por fechar, porque estamos focando em uma verdadeira masturbação sociológica de escalada, e não no principal.

Peço novamente preocuparmos no mais importante que é termos mais locais de escalada, abrindo aqueles que estão fechados.

Para quem quer bater boca, e filosofar mais sobre o tema, sinta-se a vontade para ir ao Facebook, pois QUALQUER mensagem sobre este assunto não será mais aprovada para ser publicada aqui.


Foto: Tacio Philip

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