Dentro do gênero de filmes outdoor expedições podem ser consideradas um clássico.
Fazendo uma comparação superficial com filmes comerciais equivaleria a clássicos como “Ben Hur” ou “Spartacus”.
Isso devido à quantidade de cenas e situações icônicas que hipnotiza todo e qualquer espectador.
Por isso filmes com foco em expedições é atração garantida para leigos e especialistas.
Geralmente quando há produções nesta temática os ângulos de filmagem, estabilidade de imagem e qualidade de fotografia ficam comprometidos por serem os próprios escaladores que realizam todo o trabalho.
Os produtores de “Tepui” optaram por realizar uma abordagem diferente: levar uma pessoa exclusivamente para fizesse com a captação das imagens.
No decorrer do filme mostrou ser uma escolha correta.
O filme “Tepui- Escalada ao Salto Angel” documenta a jornada de um grupo de escaladores brasileiros formado com o que pode ser considerado a elite existente no país.
A verdadeira tropa de elite da escalada brasileira.
Ao menos três escaladores participantes na produção teriam estátuas no “Hall Da Fama”(caso existisse um no Brasil): Sérgio Tartari, José Luiz Hartmann e Edemilson Padilha.
Narrado por Padilha que vai descrevendo o desafio, e acontecimentos à medida que ocorrem o filme adota uma linha mais sóbria.
O local escolhido para este desafio, um Tepui (Rochedo em forma de mesa comumente existente no norte da América do Sul) é apresentado como um personagem.
A todo momento há citações como se o rochedo tivesse vida e personalidade própria.
Durante a exibição o grupo fica submetido a diversas situações comuns a quem procura este tipo de aventura como horas de avião, ônibus, canoa , caminhada , chuva , vento e outras dificuldades que mostra a determinação de cada integrante.
Com uma edição dinâmica as imagens são mostradas com rapidez e dinamismo.
As filmagens alternaram entre bons ângulos e tomadas de imagens com imagens trêmulas e zooms desnecessários mas envolventes e que conseguem transmitir a exata sensação de estar participando do desafio.
Por ser também escalador, o operador de câmera soube captar imagens interessantes e que fugiram de clichês de filmes de escalada.
Closes em colocação de nuts e camalots, descrição da disposição dos portaleds e refeições merecem serem compiladas para muitos vídeos instrucionais de cursos de escalada por possuírem grande qualidade.
Com uma edição segura que soube costurar de maneira dinâmica todas as cenas, fez o tempo de exibição passar despercebido para o espectador.
Entretanto alguns recursos técnicos de edição como divisão de tela foram usados com mão pesada mas não chegaram comprometer o conjunto da obra.
Com trilha sonora de bom gosto que demonstrou equilíbrio e sobriedade da direção, “Tepui”conquista o espectador por possuir elementos equilibrados e uma história muito bem amarrada do início o fim.
Contudo alguns pontos poderiam ter sido mais explorados como mostrar mais de cada escalador participante da equipe, e apresentação de cada um deles.
Esta despreocupação deixou a forte impressão de que mesmo sendo os principais “primeireadores” em algumas cordadas (como de fato é mostrado no filme) não estavam com muita vontade em realizar um filme.
Outro detalhe que não diminui a qualidade do filme , mas deixa margem a ser discutido após a exibição.
Isso por haver toda uma nova geração de escaladores que desconhecem muitas das personalidades ali documentadas.
“”TEPUI – Escalada ao Salto Angel” serve para interessados em realizar filmes de expedições, e seguramente tem de constar na videoteca de todo e qualquer escalador que pretende realizar aventuras deste nível.
Nota do Blog de Escalada:
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.
uia, esqueceu de mencionar que o Waldemar Niclevicz também fazia parte da expedição…
Sandra, o escalador em questão apenas filmou, não participando do filme efetivamente. Por isso não foi considerado como participante da equipe, já que nem mesmo nos créditos firmou como escalador da equipe