O escalador Kleber Jamal é um dos idealizadores e proprietários do ginásio de escalada Altitude, localizado na cidade de São josé do Rio Preto.
Para quem não sabe ainda, o ginásio é responsável por revelar grandes destaques da escalada nacional, tendo como grande expoente o escalador Felipe Camargo.
Procurei Jamal para responder algumas perguntas, e ele gentilmente as respondeu bem depressa. A conversa foi rápida, mas as perguntas eram bem diretas.
Kleber respondeu gentilmente cada uma de maneira simples e objetiva.
Leia abaixo a entrevista:
Em seu ginásio, qual é a filosofia de ensino?
Os atletas tem que aprimorar todos os quesitos essenciais da escalada esportiva.
Treinar: resistência, força, técnica, equilíbrio, “cabeça” e principalmente escalar com prazer, respeitando seus limites.
O seu ginásio é o que mais revela talentos para a escalada esportiva brasileira. Há algum segredo?
Sim, muito treino, dedicação, empenho, motivação, equilíbrio emocional, união entre os escaladores, técnicos e instrutores do ginásio.
Resumindo somos uma família chamada Altitude (como dizem alguns escaladores locais).
Qual é a média de alunos e frequentadores no seu ginásio?
Temos uma média de 50 alunos mensalistas.
Na sua academia há vários eventos simples (como churrasco + escalada) que ficaram populares, qual foi a inspiração para que eles virassem sucessos?
Foi uma maneira que encontramos de unir os escaladores para trocar experiências, se conhecer, interagir, marcarem para treinar juntos.
Para quem não conhece a cidade, São José do Rio Preto tudo é motivo de churrasco , unimos esta tradição do interior com a escalada, uma mistura que deu certo.
Exemplos de eventos no ginásio: Bouldering ao alho, Churraskin de quinta.
Há alguma preocupação de que durante a formação de escaladores em informar sobre a conscientização de se comportar adequadamente em lugares de escalada?
Sim, me preocupo muito em passar ao iniciantes as normas de condutas na montanha, o respeito à natureza, as regras a serem seguidas nas áreas e cidades próximas aos points de escalada particulares e públicos.
Na cidade de São paulo houve uma retração na quantidade de ginásios de escalada, na sua opinião o que pode ter acarretado nisso?
A escalada exige muito dedicação e motivação por parte do escalador, dos proprietários e funcionários dos ginásios.
Talvez seria o pouco retorno financeiro dos ginásios, se compararmos ao investimento.
A cidade de São Paulo complica também aos altos aluguéis pagos pelo espaço, grande distância que o escalador tem que percorrer, dentro da cidade, para ter acesso aos ginásios de escalada, o trânsito, lotação dos mesmos…
A cerca de dois anos as competições de campeonato estadual de escalada deixaram de acontecer. Você saberia apontar os motivos?
Alguns dos motivos que o campeonato estadual de escalada deixaram de acontecer, seria o fato de sempre a cidade sede ser num mesmo local, geralmente num grande ginásio de São Paulo.
Não termos categorias de base surgindo.
A procura por escalada esportiva ter diminuindo muito.
Patrocínios a estes eventos muito escassos, o que torna inviável prêmios expressivos aos vencedores.
Poucos atletas brasileiros competindo em campeonatos no exterior, que desmotiva atletas da categoria iniciantes, por não terem “ídolos nacionais”.
Campeonatos demorados e com regras e critérios que deixavam dúvidas nos resultados por parte dos atletas e do público.
Nos últimos anos estão acontecendo alguns incidentes que estão acarretando o fechamento de vários locais de escalada (Guaraiúva, Falésia Paraíso e etc), você tem alguma opinião a respeito disso?
Falta de instrução e educação de alguns escaladores, que prejudicam todos os escaladores e a própria imagem da escalada no Brasil.
Faltam profissionais na área, para instruir, criar e ditar as regras, condutas e normas de segurança nos locais para a prática de escalada no Brasil.
Caso alguns dos pupilos oriundos da academia se envolverem em algum problema de fechamento de local, qual seria o procedimento da academia?
Primeiro iria conversar muito com este escalador e entender o motivo do tal incidente e ter tomado esta atitude.
Não deixá-lo mais escalar no ginásio por um tempo, seria uma forma de tentar fazer que ele mude suas atitudes, se quiser continuar a escalar.
Descobrir uma maneira deste escalador amenizar o problema. Conscientizá-lo ainda mais.
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.