[EXCLUSIVO] Entrevista com Martin Roberts, de “220 Days”

Um dos maiores sonhos de quem pretica atividades de Natureza (trekking, rafting, escalada, surf, etc) é pode ficar viajando para praticar aquilo que gosta.

O escalador Martin Roberts conseguiu. Ele fez uma viagem de 220 dias pelos melhores lugares de escalada da América do Sul.

Nessa viagem, ele iniciou em Ushuaia, na Argentina, e acabou em Quito no Equador.

Passou por lugares como La Buitrera, Frey, Calafate, Rio de Janeiro, Machu Pichu, Serra do Cipó entre outros lugares.

O Blog de Escalada procurou Martin Roberts que gentilmente concedeu uma entrevista exclusiva.

Acompanhe abaixo a entrevista:

 

1 – Você literalmente viveu o sonho de ficar viajando e escalando. Depois de 220 dias como foi tudo?

Viajar e escalar em lugares selvagens e remotes do mundo é um dos verdadeiros prazeres da vida.

Com uma viagem tão longa você pode verdadeiramente entrar em ambientes em que não fica se apressando de um lugar a outro.

Eu sinto que demora umas duas semanas para entrar no “modo viagem” e assim acredito que maioria das pessoas nunca consegue chegar neste estado.

Com a maneira de viajar a outro país, temos de aproveitar o ato de viajar, não somente voar para um destino a outro. Temos de mergulhar no ambiente e se preparar para uma longa jornada a enfrentar lá.

A maior parte da viagem são as pessoas – os outros aventureiros e pessoas locais você conhece ao longo do tempo.

Eu fiz amizades que vão perdurar por toda a vida na viagem e espero ter mais viagens e aventuras com eles no futuro.

Sinto que as conexões que você faz em uma viagem é a melhor das experiências.

Você pode aprender muito sobre si mesmo, sobre como organizar sua vida e como lidar com outras pessoas.

Você também pode aprender simplesmente viver, de quão pouco você realmente necessita comparada com a sua vida real quando volta para casa e fica amarrado às coisas.

Eu descobri que eu vivo muito mais simples em casa a partir destas aventuras em outros países.

 

2 – Como foi o planejamento e gerenciamento realizado para esta viagem.

O caminhão e muito da logística foi organizada através do Hot Rock (http://www.climbhotrock.com). Hot Rock provê o veículo para ir aos locais de escalada assim como também possui cozinha quando acampamos. Uma vez que está viajando é com você a escolha do que quer fazer, escalar e seu equipamento. Assim como gerenciar sua comida e refeições.

Eles não fazem qualquer serviço de guia de escalada, apenas é um grupo de amigos que desembarcam em um local e fazer tudo por você mesmo.

Isto significa que nosso planejamento foi reduzido na organização de quais voos, vistos, equipamentos de escalada e camping.

Eu também tive de ter a certeza que na minha vida “real” quando voltar não encontrar uma bagunça enquanto estiver fora.

Tive de ter certeza que contas iriam ser pagas em casa e minha casa cuidada. Eu tive meses e meses de intenso planejamento, e sendo engenheiro fiz muitas planilhas e páginas de “o que fazer” que cobriam todos os meses que estivesse viajando.

Estas tabelas tinham até lista de coisas da bagagem com cada item cuidadosamente pesada em cada mochila e o que estava em cada mochila.

Isto permitiu que se perdêssemos uma bagagem não acabaria com a viagem. No final levamos 88 quilos de equipamentos entre os dois.

 

3 – Você iniciou em Ushiaia em um caminhão adaptado. Como você encontrou este modelo?

Era um veículo “novo de segunda mão” que compramos para a viagem. O caminhão foi escolhido no Peru em Cuzco pelo mecânico e motorista da viagem.

Ele nos levou até Buenos Aires para pegar os equipamentos que foram enviados desde África do Sul oriundos da nossa última expedição. Após isso nos levou até Ushiaia para conhecer o restante dos escaladores.

O mecânico fez alguns ajustes no caminhão para deixa-lo confiável como um zero KM com adaptações para as necessidades de cada escalador – um bar para servir os excelentes vinhos locais.

Como você pode ver no filme nós também o pintamos de um vermelho forte para ser facilmente identificado.

 

4 – Quais os critérios para a escolha dos lugares a se visitar na América do Sul

Nós tínhamos uma voa ideia e que locais nos queríamos ir e visitar desde o início da viagem. Fizemos pesquisas nos melhores locais de escalada existentes e procuramos ajustar com o plano de viagem.

Após isso ajustamos nosso tempo com cada local de escalada dependendo do quanto era bom era, ficando mais tempo em locais mais interessantes e menos em outros.

Nós tivemos uma grande mudança na agenda quando adicionamos a Serra do Cipó no Brasil. Planejamos visitar outro local, mas um dos escaladores descobriu que lugar excelente era lá, e então mudamos os planos para gastar uma semana por lá.

E foi um dos melhores lugares visitados na viagem.

 

5 – Depois de 220 dias, como foi voltar para a “Matrix”

É um pouco estranho voltar ao “normal” depois de tanto tempo longe. Você tinha uma rotina de viajar e se divertir com um monte de escaladores. Mas é também um desafio ficar longe tanto tempo.

Você aprecia coisas simples como um banheiro de verdade onde não necessita empacotar sua escova de dente todos os dias. Dormir em sua própria cama em vez de montar e desmontar camping todo dia.

 

6 – O que você, e sua equipe, aprenderam sobre as pessoas da América do Sul?

Descobrimos que as pessoas da América do Sul são sempre prestativas quando estávamos com problemas.

 Eles deixaram 20 escaladores estranhos, fedidas acampar em seus quintais, jardins e estacionamentos.

Uma senhora argentina pediu em nosso nome a um funcionário postal para obter nossa barraca substituição 30mins antes de sairmos.

Outros correram em nosso auxílio quando um de nossos montanhistas foi atingido por uma pedra no Chile. Tres irmãs na Bolívia nos recebeu dentro de sua casa com café da manhã todos os dias.

Um casal no Peru nos deixou acampar ao lado de sua casa

Um casal no Peru nos deixou acampar próximo a sua casa em frente ao mar e nos recebeu em sua casa.

Tivemos todos os tipos de ajudadas apesar das greves no Peru e somente conseguimos após uma ajuda de um policial (ele insistiu em tirar uma fotografia dele para mostra aos amigos que bom trabalho ele estava fazendo)

 

7 – Você tem algum plano de fazer uma viagem como esta novamente? Se sim, onde?

A viagem pela América do sul foi na verdade minha segunda deste tipo.

Quatro anos antes eu estive 7 meses viajando através da África fazendo uma viagem parecida de escalada e me diverti muito.

Voltei a fazer o mesmo agora na América do Sul.

Eu recomendo fortemente fazerem a mesma viagem pela áfrica, já que a escalada não está tão desenvolvia, mas é uma viagem mais de aventura.

 

8 – Se alguém tiver vontade de fazer parte da sua próxima aventura, como pode contatar você?

Se você tiver interesse neste tipo de aventura eu sugiro que vá ao site da Hot Rock: www.climbhotrock.com

Lá há detalhes de todas as expedições anteriores e como a logística funciona.

 

9 – Você filmou toda a viagem, que tipo de equipamento você usou?

A grande maioria da viagem foi filmada com uma câmera Sony NEX-5.

Eu gosto desta câmera porque é pequena, mas com excelente qualidade de vídeo e controle manual. Pode-se acoplar um pequeno microfone a esta câmera para uma qualidade de som razoável.

Usando uma lente pequena de 16mm eu pude levar a câmera na minha cadeirinha e usa-la em vias de várias cordadas. (para detalhes veja o vídeo “Not so Easy”. https://vimeo.com/40323277)

Not So Easy from Martin Roberts on Vimeo.

Eu também usei uma Canon 550D DSLR que eu prefiro usar para tirar fotografias. A Canon tem excelente vídeo, mas eu achei a pequena NEX-5 mais conveniente para escaladas.

 

10 – Qual o montante de video foi gravado para editar o resultado final de “220 Days”?

Durante toda a viagem eu capturei bastante coisa. Foram quase 24 horas de material, e 4000 pequenos vídeo clips individuais.

 Foi um desafio em tanto gerenciar  todo este conteúdo e cortar para 5 minutos em “220 Days”. A primeira versa do filme foi a de 20 minutos que eu postei no Vimeo, e depois cortei radicalmente para 5 minutos.

220 Days from Martin Roberts on Vimeo.

Enquanto estava na viagem editei 19 outros vídeos que podem ser vistos em http://livinlavidaroca.blogspot.com.au

Desde que retornei eu tenho trabalhado em pequenos filmes encurtando as histórias da viagem. 220 Days da uma prévia de toda a viagem.

Eu ainda trouxe 8000 fotografias e as publiquei as melhores 650 para os outros escaladores da viagem. Você pode ver em http://www.blurb.com/bookstore/detail/2696145.

 

11 – Você tem alguma mensagem para dar para alguém que tem o mesmo desenho de fazer algo como você fez?

Eu sugiro que faça. Ponha seus compromissos e trabalho em “stand by” por alguns meses e

Siga seus sonhos. Todos na viagem sentiram que foram uma das melhores experiências e mudaria a sua vida. Você pode ver a opinião dos outros escaladores em: www.vimeo.com/33938480

Hot Rock Interviews from Martin Roberts on Vimeo.

Eu acho que você não pode achar que está atolado em seu cotidiano dizendo que não tem fundos ou tempo para fazer uma viagem assim.

Sempre irá haver trabalho quando você voltar e você pode viagem bem barato se quiser, então você não necessita de muito dinheiro antes de ir. Você deve ir antes de ter muitos compromissos que impeça você de viajar.
Minha citação favorita de William Arthur Ward mostra que este sentimento:

“Mas riscos têm de ser tomados porque a grande desastre na vida é não correr riscos. A pessoa que arrisca nada não faz nada. É nada. Ele pode evitar sofrimento e tristeza, mas ele aprende, sente, muda , cresce ou vive. Acorrentado pela servido ele é um escravo que abdicou de toda a liberdade.

Apenas as pessoas que arriscam são livres.” – William Arthur Ward.

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