Crítica do Filme “The Armstrong Lie”

the_armstrong_lie_cartazHá uma frase atribuída a Abraham Lincoln que “Você pode enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo; mas não consegue enganar a todas por todo o tempo”.

Este tipo de “regra da vida” combina facilmente com o que aconteceu recentemente com o ex-ciclista Lance Armstrong.

Armstrong antes do escândalo era uma figura pública de grande respeito e com uma legião de fãs e seguidores por todos os cantos do mundo.

Todo e qualquer evento, fato ou histórias que envolvessem sua figura eram garantia de audiência e repercussão.

Houve até mesmo publicações brasileiras de baixa audiência (e de qualidade idem) que tentaram capitalizar com sua popularidade em eventos de “pedaladas com Lance” mas que foram desmarcadas pelo ex-atleta.

Não seria nenhum exagero dizer que sua figura equivaleria ao de um astro do rock como Paul McCartney ou Mick Jagger.

Poucas eram as pessoas que “ousavam” contestar suas vitórias, sua fama de ‘atleta imaculado’ e sua idoneidade perante o fantasma do doping sempre permanecia inabalável.

Apenas alguns meios de comunicação europeus e vários sites contestavam, e levantavam suspeitas, sobre o uso de doping especialmente para suas vitórias no Tour de France.

Toda contestação naufragava por falta de provas contundentes e se considerava por muitos (em especial sua assessoria de imprensa e de seu patrocinador) a uma “dor de cotovelo” por parte dos perdedores.

Toda esta idolatria em estilo “beatlemania” foi para o ralo no ano de 2012 quando o véu que cobria todo o complexo esquema foi levantado.the_armstrong_lie_5

O público “baba ovo” de Armstrong chegou a negar e acusar de boato as denúncias até o ex-atleta admitir (posteriormente em 2013) que competia dopado em um programa de entrevistas na televisão americana.

A partir da histórica entrevista bombástica para Oprah Winfrey o filme “The Armstrong Lie” inicia, e procura documentar tudo aquilo que as pessoas se perguntaram: porque?

No desenrolar da produção o esquema é detalhado minuciosamente: Quem, e quais eram os responsáveis pela “operação abafa” de todo o dopping nas competições.

Durante toda a execução do filme ( muito bem dirigido por Alex Gibney) uma posição mais neutra é adotada na tentativa de somente reconstruir os passos de cada movimento que culminou no maior fraude da história esportiva mundial.

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Com declarações polêmicas (algumas até bombásticas) de cada envolvido no processo , que adotaram o silêncio durante anos a fio, a produção consegue prender a atenção do espectador.

Fica evidente com o evoluir da história a falta de caráter de Lance, que insistentemente desmentia todas as acusações, verdadeiras, com a cara mais lavada possível.

Betsey Andreu

Pela quantidade de fatos, e manobras para a manipulação de resultados de doping, o filme passa a sensação de lentidão a quem já conhece a história e os detalhes dela.

Mas mesmo assim não deixa de valorizar a tenacidade de todos que acreditaram que Armstrong era uma fraude, com destaque à esposa de Frankie Andreu, Betsie, que nunca desistiu de suas tentativas de desmascarar o ex-ciclista.

Outrora amigos íntimos Frankie sofreu grande traição de Lance, e ganhou Betsie como grande inimiga.

A inimizade resultou na busca frenética por afloração da verdade e desconstrução do “mito Armstrong”.

Como era de se esperar, o “mito Lance Armstrong” é desconstruído no filme lentamente e sem crueldade mas chega ao ponto inevitável: o desprezo do espectador pela figura do ex-atleta e ser humano.

O filme ainda joga uma luz sobre toda uma parcela da imprensa mais explorava a imagem de herói que venceu o cancêr e pouco importava em apurar as denúncias de fraude.

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Parte desta imprensa “baba ovo” se calou rapidamente e se fez de vítima cinicamente com explicações de que ainda não entenderam o que aconteceu, apesar de denúncias pesadas e censuradas por parte de patrocinadores e repórteres que mais pareciam fãs.

Perto do seu final fica evidente que é uma produção obrigatória a quem faz ciclismo e para toda uma parcela de mídia carnavalesca que procuravam apenas capitalizar , e alienar leitores com os feitos e a presença de Lance Armstrong do que noticiar e analisar fatos e evidências.

O filme “Armstrong Lie” é um tapa na cara de muitos “fanboys” de atletas, especialmente aqueles que tem por hábito “babar ovo” daqueles que são elevados a mitos.

Nota da Revista Blog de Escalada:

There are 2 comments

  1. Rodrigo Alcine

    Deixando a hipocrisia de lado, tudo que esta envolvido na mídia é carnavalesco … Não defendo o Lance e aliás não sou de idolatrar ninguém, logo, pra mim não faz a minima diferença, agora o que é fato! o dopping existe e esta em qualquer competição e meio esportivo e com certeza é movido por grana “$$$$$”, desta forma mais carnavalesco que o sucesso dele é o reflexo atual da mídia e a muleta criada para todos que perderam pra ele (muitos igualmente doppados)… rsss

    Lindo ou horrível este é o mundo atual (aliás a muito tempo) e a tendência é cada vez se degradar mais, pois a essência de qualquer esporte, pensamento, filosofia, estilo de vida vem sendo perdida em função do glamour … a escalada reflete isso diariamente … um esporte que tem por sua essência o intercambio completo com a natureza (ou pelo menos deveria) é deixado de lado em função apenas do Grau.

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