Crítica do Filme “Push it”

Filmes de escalada, ou até mesmo qualquer filme outdoor com foco nas mulheres é uma raridade.

Basta analisar o volume de filmes produzidos durante o ano.

O filme “Push It” que marca a estréia de Jen Randall em um trabalho com abordagem interessante ao universo feminino da escalada.

A história baseada na experiência de algumas escaladoras ao escalar uma via tradicional em Yosemite nos Estados Unidos.

Yosemite é considerado pela grande maioria como a Meca da escalada tradicional no mundo.

Se alguém aprecia este tipo de estilo de escalada, é o lugar a se visitar.

Com esta mentalidade Randall, que também protagoniza o filme, retrata  treinos dos procedimentos técnicos, além de consultar algumas escaladoras sobre o que representa o universo para as mulheres.

O resultado de todos os elementos adicionados no filme funciona.

Apesar de um início um pouco lento, porém possui uma interessante história que cresce em todos os aspectos no decorrer de sua exibição.

O filme tem também como pano de fundo o sentimento de ansiedade que faz parte de todo e qualquer pessoa quando abraça a realização de um projeto que está fora da zona de conforto.

Baseado neste sentimento de ansiedade e preocupação com as próprias habilidades, algumas escaladoras fortes são entrevistadas a falar sobre motivação, limitações, planos e ansiedades em relação ao esporte que pratica.

Com um início de filme mais voltado à contrução do pensamento feminino, há certa lentidão na apresentação das ideias e conclusões de cada declaração.

Este tipo de abordagem tem grandes possibilidades de desagradar  o público que aprecia apenas imagens de escalada em vias ou boulders de dificuldade extrema  em detrimento de construção de ideias e história.

Mesmo com o começo com certa lentidão na apresentação da história e motivação do desafio enfrentado, as imagens são muito bem captadas, além da bela fotografia.

Aliada a uma boa edição, Jen também escolheu maquiavelicamente somente mulheres bonitas para que figurassem em filmagens de escalada.

Fato este que servirá de inspiração para muitas escaladoras e escaladores a assistir, cada qual por seu motivo e motivação particular.

A partir do momento que o filme chega ao ponto da escalada em uma via em Yosemite, o filme se agigante em qualidade de roteiro e história.

Mesmo sendo uma escalada de dificuldade não tão alta, as filmagens do sofrimento e agonia das escaladoras na ascensão da via são excelentes, mesmo não tendo uma qualidade de imagem excepcional.

Cenas como o cansaço das escaladoras a cada cordada, a cada puxão em  seu Haulbag, assim como a imagem de satisfação e alegria ao final da via entregam um primoroso sentimento de catarse.

Aliado a uma trilha sonora de bom gosto, e uma pós-produção que esbanja bom gosto e elegância, o filme seguramente merece grande destaque dentre as produções do ano de 2012, além de mostrar a existência de  possibilidades para quem deseja também retratar o universo feminino.

O filme é uma grande estreia de Jen Randall, que conseguiu entregar além de um filme bem entretenido, uma maneira inteligente de enxergar a escalada e o universo feminino.

Não à toa que a produção foi premiada em seu primeiro festival na Inglaterra em Kendall.

Nota do Blog de Escalada: ★★★★★