Expedições a lugares inóspitos despertam grande curiosidade tanto de escaladores como de leigos.
Mesmo nos dias atuais com equipamentos pretados para o uso em situações extremas.
Uma pergunta às vezes é levantada: como eram as expedições pioneiras a lugares que permanecem desafiadores até mesmo nos dias de hoje?
Partindo desta premissa o produtor Noel Martinez de Aguirre realizou a produção “Fitz Roy, historia de una hazaña” com o objetivo de documentar a conquista de escaladores argentinos no início da década de 80.
À época as ditaduras sul americanas começaram a ruir, a situação econômica era instável e por isso muitas novidades tecnológicas não eram acessíveis.
Dentre itens raros nos anos 80: camalots, equipamentos de escalada e filmagem.
Porém um grupo de argentinos se dispuseram a abrir uma via no Fitz Roy.
Via esta que hoje é a mais popular para se fazer cume.
O Fitz Roy ,ou Cerro Chaltén, fica no extremo sul da Argentina fazendo divisa com o Chile.
Fazendo um paralelo seria o equivalente à documentar a abertura da via “Italianos”, no Pão de Açúcar (guardada as devidas proporções, é claro).
Com imagens originais captadas em câmera “Super 8” e com atuais dos montanhistas o filme conta em pouco mais de 11 minutos a façanha destes argentinos.
Alternando com declarações de cada um dos protagonistas a história é contada de maneira simples porém repleta de detalhes.
Com grande quantidade de imagens da época junto com considerável quantidade de fotos o andamento do filme é uniforme e sem pontos desinteressantes.
Com simplicidade e um título que pode-se considerar “spoiler” a produção cativa e consegue prender a atenção do espectador durante a sua reprodução.
A produção se assemelha, entretanto, a uma reportagem documental e Aguirre opta por não ornamentar em demasiado cada detalhe.
Por tomar o cuidado de captar o essencial tem o mérito de não fazer auto-promoção ou promover ufanismo.
Por esta decisão acertada a história é eficiente mesmo não contendo cenas de ação e basear todo o desenrolar da história em imagens de arquivo, narração e fotos o filme prende a atenção do espectador.
Atenção esta a um roteiro bem escrito e a uma edição praticamente sem falhas.
Pelo espírito minimalista e elegante de contar uma façanha até certo ponto impressionante Noel Martinez realizou uma obra de alta qualidade que agrada a todo tipo de público de montanha.
Não é de maneira alguma exagero considerar que “Fitz Roy, historia de una hazaña” seja desde já um clássico sulamericano de filmes de montanha.
Nota do Blog de Escalada
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.
Boa tarde.
Há tempos vi um filme que me pareceu rodado no Monte Fitz Roy. Não me lembro do nome do filme. Só sei que relata a situação de um escalador que cai numa fenda e consegue arratar-se até um lago na base do monte. E não estou a falar do filme “127 horas” de 2010. Alguém pod ajudar-me?