Entrevista com Urko Carmona Barandiaran

Existem momentos em nossas vidas que parece que nos falta força para seguir.

Problemas como família, dinheiro, vida sentimental e outros, parece nunca estar em equilíbrio, e por vezes nos fazem sentir-nos abalados.

Mas e se, por exemplo, você acabar por perder uma perna em um acidente automobilístico? Você deixaria de escalar?

Foto: Acervo Pessoal Urko Carmona

Foto: Acervo Pessoal Urko Carmona

Foi exatamente isso que aconteceu com o espanhol Urko Carmona Barandiaran, e mesmo assim o escalador não parou de praticar o esporte que ama.

Hoje Urko é bicampeão mundial de paraescalada e uma verdadeira lição de vida para quem o conhece.

Em sua entrevista Carmona demonstrou simpatia e maturidade impressionantes e que, sem sombra de dúvida, nos abrilhantou com uma das melhores entrevistas realizadas até hoje na história do site

Urko, hoje você é um campeão mundial de paraescalada. Como foi a preparação para chegar ao título?

Foi um ano de muitas viagens, campeonatos internacionais e viagens de escalada. Este foi quase todo meu treinamento, muitas vias em rocha e dias de escalada.

Algum treinamento em boulder, mas não muito contínuo.

Depois de ter uma má experiência com seu acidente, quando foi que percebeu que não poderia deixar de escalar?

Durante os meses, enquanto comecei a reabilitação com a prótese fui tentar ir escalar, tudo tinha mudado e era uma sensação diferente, mas vi que podia seguir escalando e isso me deu muita tranquilidade.

Foto: Acervo Pessoal Urko Carmona

Foto: Acervo Pessoal Urko Carmona

A Espanha é um dos melhores destinos do mundo para quem busca escalada esportiva. Como é ser escalar e morar aí?

Muito bom. Sempre que querer pode escalar, se não é em um lugar é outro e sempre encontra gente para escalar, há uma atmosfera muito boa.

Mas isso não é o país, e sim as pessoas e me encontrei companheiros de cordada muito fanáticos em todo  mundo.

Foto: Dario Rodriguez

Foto: Dario Rodriguez

Estamos muito perto da estréia de seu filme. Como foi o processo de gravação?

Então…. Aí foi como tudo na vida: improvisado e sem orçamento.

Dois anos de trabalho lento mas com boa qualidade.

Gravava quando podíamos coincidir que muitas vezes era muito pouco mas que nos exigiu bastante.

Agora estamos com o trabalho de edição que esperamos que neste ano esteja pronto.

Qual é a real dificuldade de escalar tendo somente uma perna??

A Dificuldade aumenta ao não poder equilibrar-se e usar uma perna para avançar a outra.

Foto: Eva Matos

Foto: Eva Matos

Sempre tenho de fazer “travadas” e dinâmicos, às vezes muito grandes”.

Sobretudo as aproximações que são mais compridas e cansativas.

Você não usa prótese, sempre com muletas. Não houve nenhuma empresa que fez uma proposta de teste de prótese?

Não.

Somente Ronnie Dickson, competidor dos EUA que trabalha com próteses que me convidou a ir a seu país para uma nova prótese.

Na América do Sul há lugares com escalada de alta qualidade. Nunca pensou em visitar lugares como Patagona (Argentina e Chile), Serra do Cipó (Brasil) e etc?

Sim, sempre pensei desde pequeno, apaixonado por estas montanhas, espero algum dia poder escala-las.

Teria você alguma mensagem para alguém que pode estar passando pelo mesmo trauma de amputar uma perna?

A vida é uma luta, mesmo com uma perna ou com duas.

O mais importante é a cabeça e não colocar barreiras, tudo se pode fazer com vontade, sonhos e esforço.

A pura vida!!

Foto: Eva Matos

Foto: Eva Matos

Foto: Acervo Pessoal Urko Carmona

Foto: Acervo Pessoal Urko Carmona

 

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