Não seria nenhum exagero afirmar que o gaúcho Orlei Júnior vive intensamente os esportes de natureza.
Apaixonado por todo tipo de modalidade de montanhismo é também engajado e preocupado com assuntos de preservação e acesso a lugares de escalada.
Orlei Júnior é acima de tudo uma pessoa com opiniões definidas e fortes.
Orlei, você constantemente mostra a sua preocupação com o número de escaladores existentes na montanha. Quais são os problemas que você acredita que existem com relação a isso?
Na verdade não é com o n de escaladores existentes e sim com o n crescente!
Os impactos são visíveis: degradação das áreas (muitos carros), degradação das trilhas, animais de estimação, excesso de proteções, …
E essa preocupação não é só minha http://www.climbingbusinessjournal.com/leaders-gather-to-talk-about-the-future-of-climbing/
Muitos escaladores começam a praticar o esporte sem realizar um curso, sem fazer cursos de reciclagem. Qual a sua opinião a respeito disso?
Eu valorizo o autodidatismo!
O problema é que, as vezes, demora mais para que os novatos se deem conta da real importância de seguir as regras de mínimo impacto, de praticar com o equipamento adequado, de usar a nomenclatura correta, de estar pronto para agir em caso de acidente, …
Em um curso o instrutor é o responsável por enfiar essas regrinhas técnicas, éticas e chatas na sua cabeça, querendo você ou não.
Alguns lugares de escalada foram fechados por mau comportamento de escaladores. Qual seria o motivo que você acredita que este problema continua acontecendo?
Falta de educação (de berço) e de informação (leitura dos avisos, de ouvir os mais experientes, …).
As competições de escalada no Brasil estão sendo retomadas pouco a pouco. Você acredita que competições de escalada são viáveis? Porque?
Poxa! Essa discussão é mais que ultrapassada!
Basta assistir vídeos como esse https://www.youtube.com/watch?v=aYHyBJ__0FI
O que falta é gestão!
Os praticantes de montanhismo e escalada se esquivam de fazer parte de federações e clubes. Na sua opinião qual seria o motivo deste desinteresse?
É simples!
90% (exagerando um pouco) dos caras que fazem parte dessas associações são escaladores de vias esportivas.
Poucos vão para montanhas de verdade.
Um grupo menor ainda vê algum retorno da mensalidade que paga.
O Rio Grande do Sul vive a expectativa de abertura de uma nova academia. Você acredita que este fato irá popularizar o esporte no estado?
Certeza!
A escalada indoor, o trekking e o rapel são as “portas de entrada” para o montanhismo, para o canionismo, para a escalada, …
O futuro do nosso esporte, da abertura ou fechamento dos locais que frequentamos hoje, está nas mãos destas pessoas.
Por isso precisam ser muito bem orientadas.
Ainda há praticantes de montanhismo que ignoram a necessidade de viajar para destinos como Argentina e Chile para aproveitar o esporte. Qual a sua opinião a respeito disso?
Viajar vestindo uma mochila, para qualquer lugar, não só para Argentina e Chile, é uma das condições primordiais para ser Montanhista!
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.