Entrevista com Mina Leslie-Wujastyk

Como é a pressão de estar participando da copa do mundo de escalada quando se está treinando, e escalando, em alto nível pela primeira vez?

A escaladora britânica Mina Leslie-Wujastyk sabe pois viveu na pele todos os sentimentos possíveis quando decidiu experimentar participar da copa do mundo de escalada esportiva no ano de 2013.

Mina é considerada uma das escaladoras mais fortes de seu país, e presença constante em vídeos divulgados na internet, além de protagonizar webséries de qualidade no canal de vídeos de ação EpicTV.

Sua vivência no mundo das competições de alto nível foi documentada no filme “Project Mina“, produzida por Jen Randall, que tem previsão de estréia na próxima semana na cidade de São Paulo com o festival “Da Porta Pra Fora”, que traz novamente o cinema outdoor para as salas de cinema da capital paulistana.

Após assistir ao filme “Project Mina” inegavelmente fica-se curioso para saber mais sobre protagonista Mina Leslie-Wujastyk, e saber mais sobre como foi esta pressão física e mental que é ser um atleta de competições, por isso a Revista Blog de Escalada procurou a atleta para que falasse da experiência de filmar e competir.

Mina, neste ano foi lançado um filme com você (Project Mina). Como foi o processo de filmagem?

Foto:  David Mason

Foto: David Mason

Foi muito interessante o processo.

Trabalhamos em um filme juntas por um ano e meio e desta vez eu senti diferenças também nos estágios.

Inicialmente foi uma ideia muito empolgante e durante maioria das filmagens foi bem divertido porque Jen e eu realmente nos damos bem e brincamos e rimos muito.

A última sessão de filmagens foi provavelmente a mais difícil, Jen estava fazendo junto com as edições e eu ficava muito nervosa com o filme.

Foi duro para Jen acho, porque ela tem de equilibrar seus desejos criativos com meu nervosismo, mas ela fez um grande trabalho.

O engraçado é que quando o filme ficou pronto eu relaxei bastante!

No filme você deixa a entender que  a vida de um atleta de competição é difícil. Como foi a experiência para você?

Eu achei muito difícil. Ser um atleta profissional de competição é extremamente exigente na minha opinião.

Os competidores tem de treinar muito duro em ginásio (não importando como o tempo está) por meses antes da Copa do Mundo começar e mesmo nas partes do ano que não estão treinando duro, tudo é planejado focando as competições.

Quando as competições começam, parecem um feriadão, mas não é!

Exige muito tempo em aeroportos, quartos de hotel, um monte de viagens, e não há muita escalada entre os eventos.

Os eventos por si são bem divertidos e eu acho que é isso que mantém as pessoas indo, a atmosfera é ótima.

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Foto: David Mason

No “Project Mina” você cita que houve um período de sua vida que você não escalou. Quais foram as razões para você deixar a escalada de lado?

Eu parei de escalar por dois anos quando eu tinha 17 anos de idade.

Minha mãe ficou muito doente por conta de um câncer no seio e morreu.

Eu estava bem sozinha nesta época porque não tinha um bom relacionamento com meu pai, e minha irmã estava na universidade.

Eu estava de luto e não tinha espaço na minha vida para coisas divertidas, porque não eram divertidas mais.

Fiquei no piloto automático por 2 anos e depois de viver sozinha por um ano para terminar a escola me mudei para Sheffield para ir à universidade.

Foi em Sheffield que eu eventualmente redescobri meu amor pela escalada. Era como ir para casa.

Na América do Sul temos muitos lugares interessantes para escalada como Florián Santander (Colômbia), Piedra Parada (Argentina) e Serra do Cipó (Brasil). Você tem algum plano de ir visitar algum destes lugares? Quando?

Na verdade não tenho nenhum planos para visitar estes lugares no momento.

Mas eu realmente gostaria de viajar mais nos próximos anos, então espero que consiga ir para algum deles que parecem fantásticos.

Recentemente você encadenou uma via graduada em 8c Francês (11a brasileiro).Você já tem algum plano de encadenar um 8c+? Qual você está focando?

Foto:  David Mason

Foto: David Mason

No momento meu foco está em voltar a escalar boulder por um tempo e estou indo para Red Rocks no inverno.

Na primavera eu acho que vou voltar a escalar vias e encontrar um outro projeto.

Foto:  David Mason

Foto: David Mason

Mas eu nunca sei porque eu mudo meus planos todo o tempo!

Para a sua participação na Copa do Mundo de Escalada como era a sua rotina de treinos?

Isso é difícil de enumerar…

Fiz muito trabalho de condicionamento e fortalecimento com meu corpo em geral – muitas barras, flexões, alguma coisa com pesos, tensão corporal etc.

Para mim foi muito importante já que eu sofri para ganhar músculos.

Eu também fiz várias escaladas em ginásio no estilo da Copa do mundo, e no estilo boulder.

Para as garotas que desejam treinar duro para competir na Copa do Mundo qual seria os conselhos que daria?

Meu melhor conselho é escalar muito e procurar desfrutar disso.

Se você não está desfrutando não importa o quanto forte está porque você não tentará o seu máximo e não estará na melhor colocação.

Faça bastante treinamentos para ficarem fortes mas não esqueça da parte mental também – que para mim foi a parte mais difícil.

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