Entrevista com Cintia “Hormiga” Percivati

Alguns escaladores se preocupam em escalar mais que os amigos dele, outros apenas se preocupam em escalar mais e melhor. Esta seria uma boa definição para a escaladora argentina Cintia Percivatti, que se dedica a realizar todas as modalidades de escalada com estilo, técnica e perfeição.

Pela qualidade apresentada em todas as modalidades de escalada que pratica Cintia , também conhecida entre as rodas de amigos como “Hormiga” (formiga em espanhol), é merecedora de patrocínio de grandes marcas de produtos de montanhismo.

A Revista Blog de Escalada procurou Cíntia para uma entrevista para saber mais sobre esta escaladora argentina.

Cintia Percivatti possui patrocínio da The North Face, Black Diamond e Rupal

Cintia, você possui patrocínio de grandes marcas para fazer o que gosta: escalar. Como conseguiu?

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Foto: Acervo Pessoal Cintia Percivati

Bem, para isso eu buscava apoio de alguma marca, como foi Patagonia da Argentina e depois Petzl da Argentina (de quem estou agradecida em especial à Michele da Petzl que acreditou em mim e fui muito apoiada pela marca), o patrocínio da The North Face me caiu do céu.

A The North Face estava procurando atletas para formar seu time de patrocinados e foi Noel Martinez de Aguirre (cinegrafista profissional) quem me recomendou ao gerente da marca naquele momento.

Fizeram uma entrevista onde mostrei meu histórico fotográfico.

Depois de duas semanas me ligaram para me dizer que me queriam em seu time de atletas.

A Argentina é um dos principais destinos para escaladores no mundo. Como a mídia esportiva (TV, jornais e werbsites) enxergam o esporte de escalada na Argentina?

Eu acredito que ainda o grosso da população do país não sabe nem do que se trata a escalada, nem a TV e jornais tem interesse no que passa no mundo da escalada.

Mas dentro do ambiente dos escaladores pode-se dizer que a cada ano vai crescendo e que cada vez há mais gente que se interessa por este esporte e junto com eles as revistas, websites e fanpages no Facebook como “Bariclimb” que sempre está informando e motivando os escaladores.

Existem dois ou três revistas específicas do esporte, onde todas suas reportagens tratam de assuntos de montanha e escalada.

Pouco a pouco também as revistas de aventura vão incorporando assuntos de escalada como uma seção a mais, o que demonstra que recentemente agora começa o interesse pela escalada por quem não é escalador.

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Foto: Acervo Pessoal Cintia Percivati

Ou seja: o esporte começa a ser notícia para o resto da comunidade que nada tem a ver com a escalada.

Vale destacar que junto com o elemento de escaladores que vai desenvolvendo novos setores de escalada esportiva e em outra medida descobrindo mais montanhas ou paredes inexploradas.

Eu creio que isto em conjunto é a evolução do esporte

No Brasil acredita-se que a Argentina tem uma federação de montanhismo forte. Como está esta realidade?

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Foto: Acervo Pessoal Cintia Percivati

Na verdade não estou muito por dentro do tema, mas sei que se tem algo de peso é porque na verdade é como uma extensão da federação de Sky e Andinismo “FASA”.

Os escaladores dentro desta federação são uma porção pequena o que dificulta um pouco a gestão dos benefícios para os escaladores.

Uma vez fui convidada a participar de uma Copa do Mundo (de escalada), mais que nada para ter uma experiência porque se trata de um nível superior ao que estou acostumada, mas a federação não podia cobrir nem a metade do custo da passagem, e terminei nem indo.

O governo da Argentina está fazendo alguns embargos em importações. Como esta realidade econômica impacta a escalada da Argentina?

Me parece que os principais afetados são os comerciantes, cada vez é mais e mais difícil importar mercadoria de marcas estrangeiras que são de excelente qualidade ou não se fabricam na Argentina.

Quanto aos escaladores creio que temos capacidade de adaptação, hoje em dia a gente viaja e se traz coisas de outros países, ou se viaja especificamente a Chile para comprar coisas.

Claro que não é uma situação cômoda, mas o escalador não deixará de escalar por isso.

Também é válido destacar que agora não estarão entrando tantos produtos mas desde há muitos anos igualmente que entrava com todos os impostos, o preço se elevava muito, pelo qual em geral igual se tentava conseguir coisas fora.

Foto: Acervo Pessoal Cintia Percivati

Foto: Acervo Pessoal Cintia Percivati

Em resumo, esta dificuldade de equipar-se vivemos desde quase sempre, e não é um impedimento para quem ama o esporte mas sim, claro, no geral é um freio para o desenvolvimento natural em seu conjunto: a pessoa e o meio.

Você já visitou, ou planeja visitar, o Brasil para escalar? Que lugares pensa em conhecer?

Estive uma vez visitando lugares de escalada esportiva, onde conheci Serra do Cipó, que me pareceu incrível e mágico o lugar.

Estive também em Curitiba, São Luis do Purunã, Florianópolis, Rio de Janeiro e adorei.

Gosto muito do astral do país e de seus escaladores.

Justamente este ano tínhamos um projeto de ir com Horácio, meu namorado, mas lamentavelmente mixou.

Queríamos ir a Pedra Riscada abrir uma via de Big Wall, onde ele mesmo abriu com Edimilson Padilha, Stefan Glowacz e Holger Heuber a “Place of Happiness”.

Uma pena não poder ir.

Espero que dê certo em outro momento!

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Foto: Acervo Pessoal Cintia Percivati

Na sua opinião, o que determina se um escalador é bom ou não?

Mmmmmmmm, creio que podia dizer que um escalador é “bom” quando atinge certo nível, nem tão elevado mas sim algo destacado onde está claro que “flui escalando”, onde se nota que aproveita e sente o que está fazendo.

Quais são os lugares de escalada na argentina que todo escalador tem de conhecer?

Se é escalador de big wall ou montanhista definitivamente tem de conhecer El Chaltén em primeiro lugar, ainda que em outra instância Arenales e Frey também são dignos de conhecer.

El Chaltén é uma meca mundial, é mágico e sua paisagem inigualável como poucos lugares neste mundo.

Abriga muita quantidade de vias e qualidade.

Se é um escalador esportivo hoje em dia está super desenvolvido Piedra Parada e Cânion La Buitrera, ainda que o Valle Encantado segue tendo seu encanto, A “Sierra de la Vigilancia” no perde em nada no ranking por seu peculiar estilo e para quem quer aventurar-se em terreno inóspito e longe.

Um lugar que me alucinou e sempre quero voltar é Tuzgle no estado de Jujuy.

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