Aos 94 anos falece Elizabeth Hawley a mais importante cronista do montanhismo no Himalaia

Faleceu na madrugada em Kathmandu, capital do Nepal, a americana Elizabeth Hawley, responsável pela criação e manutenção do Himalayan Database. Para a comunidade de montanha é quase impossível falar sobre as conquistas das montanhas mais altas do planeta sem citar o nome da americana. Miss Hawley, como é conhecida em Kathmandu, realizou um trabalho de registro e compilação de dados de todos os montanhistas que alegavam ter chegado ao pico de alguma montanha no Nepal.

No início da madrugada (horário de Brasília) Elizabeth Hawley foi internada com uma pneumonia. Ao dar entrada no hospital sofreu um ataque cardíaco fulminante. Segundo a agência de notícias Agence France-Presse a médica que atendeu a jornalista americana, Dra. Prathiva Pandey, declarou que teve uma “morte tranquila e pacífica”.

Quem foi Elizabeth Hawley

Nascida em Chicago em 1923 e foi educada em escolas públicas americanas durante o ensino fundamental. Formou-se em história pela University of Michigan. Começou sua carreira em jornalismo em 1946, quando começou a trabalhar para a revista Fortune como pesquisadora. O trabalho combinava tanto pesquisa como realizar reportagens, por isso o posto proporcionou oportunidades de viajar para várias localidades dos EUA. Pela revista também viajou para Canadá e Brasil.

No ano de 1957 pediu demissão da revista para que tivesse oportunidade de viajar e decidir o que faria de sua carreira. Durante dois anos viajou intensamente de trem pelo leste europeu, a extinta União Soviética, Turquia, Israel, Irã e vários outros países árabes. Quando voltou para os EUA, trabalhou em diversos postos temporários quando em 1960 foi para Kathmandu, capital do Nepal. Desde então nunca mais saiu do país.

No Nepal Hawley começou a escrever reportagens para a Reuters (agência de notícias britânica e a maior agência internacional de notícias do mundo) e trabalhar como correspondente para a revista Time-Life em 1962.

Enquanto trabalhava para a Reuters, percebeu a importância de seus relatos sobre as atividades dos montanhistas. Desta maneira começou a marcar reuniões com cada pessoa de cada expedição que realizava montanhismo no Nepal. Quando o Tibet foi aberto à escalada, também fazia questão de encontrar cada membro. A partir disso tornou-se uma espécie de juíza não oficial dos montanhistas que praticavam a atividade no Nepal.

Por ser uma pessoa muito organizada, passou a guardar todos os dados de todos os montanhistas que alegavam ter subido a algum cume do Nepal, que abriga oito dos 14 picos mais altos do mundo (incluindo o Monte Everest). Apesar de nunca ter escalado uma montanha, Elizabeth Hawley era respeitada pela comunidade internacional de montanhismo por conta de seu excepcional registro de ascensões, o qual era extremamente preciso.

A partir desta iniciativa criou o Himalayan Database que, apesar de não ter força governamental, é considerado o registro oficial de ascensões de montanhistas. Sua importância perante os montanhistas que iam ao Nepal era tão grande, que o francês François Damilano batizou uma montanha no Nepal em homenagem à americana.

Além dos reportes de ascensão de montanhistas, ela também tinha outras atividades no Nepal. Elizabeth Hawley era chefe executiva da ONG “Himalayan Trust“, fundada por Sir Edmund Hillary. A ONG apoia atividades de saúde, educacionais e culturais (assim como reflorestamento) na região do Monte Everest.

Apesar de ser americana, Elizabeth Hawley era cônsul honorária da Nova Zelândia. Atualmente recebe o título de cônsul o funcionário de um país responsável, em país estrangeiro, pela proteção dos interesses dos indivíduos e empresas que sejam nacionais daquele Estado.

Além disso era também consultora da The Tiger Mountain, um grupo de agências de turismo de montanha no Nepal.

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