Na próxima semana já saberemos com certeza se o filme “Free Solo” saiu vencedor como melhor documentário de 2019 pelo Oscar. A premiação que está em sua 91º edição presenteia anualmente os profissionais da indústria cinematográfica. O Oscar em si é uma pequena estatueta de 35 cm de altura pesando quase 4 kg, mas que pode significar novos tempos para o montanhismo, em termos de visibilidade, investimento e interesse das mídias de massa.
Mas uma pergunta poucos veículos outdoor fizeram desde que “Free Solo” foi vencedor do BAFTA: Quem são os diretores que fizeram um filme de escalada chegar ao Oscar? Uma pergunta muito pertinente, afinal para quem já acompanha a carreira do escalador norte-americano Alex Honnnold, sabe do que ele é capaz. Honnold, inclusive, já foi tema de vários filmes que a temática era mais ou menos a mesma de “Free Solo“.
A resposta é relativamente simples. “Free Solo” é um filme muito bem dirigido e com uma história de fundo que não necessariamente é a escalada (diferentemente dos outros protagonizados por Honnold), mas sim sobre relacionamento humano.
E é aí este aspecto que fica evidente o talento técnico da dupla Elizabeth Chai Vasarhelyi e Jimmy Chin, que transformaram a história de um escalador que todos já tinham assistido várias produções em um documentário profundo e mais intimista.
Elizabeth Chai Vasarhelyi
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A cineasta Elizabeth Chai Vasarhelyi é filha de dois professores universitários imigrantes nos EUA. Seu pai, um húngaro professor universitário chamado Miklos Vasarhelyi, e sua mãe nascida em Hond-Kong e administradora universitária chamada Marina Vasarhelyi, criaram Elizabeth em Nova York. Por sua família estar viajando muito, além de ser filha de imigrantes, Elizabeth tornou-se uma pessoa que sempre questionava que tipo de pessoa ela era.
Quando terminou a o colégio, foi estudar na Universidade de Pinceton, nos EUA, e se formou em Literatura Corporativa. Inicialmente ela não tinha interesse em cinema, mas em histórias, o que explica o interesse pela literatura. Com o desejo de exorcizar demônios internos, e decidiu fazer um filme que falasse de amizade e da separação que a guerra gera nas pessoas. Com o título de “Normal Life”, foi lançado em 2003.
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Ao realizar o filme, Vasarhelyi, o qual enfrentou várias dificuldades para financia-lo, terminou o filme quatro anos depois ter iniciado. Por recomendação de amigos, inscreveu o filme no festival de Tribeca, um dos mais prestigiados festivais do mundo. Pela qualidade do filme e sensibilidade de sua direção, acabou ganhando o prêmio de melhor documentário.
A partir daí, como uma diretora estreante já premiada, foi chamada a trabalhar como diretora assistente do diretor Mike Nichols no filme “Closer”. Nos bastidores teve a oportunidade de conhecer o cinematógrafo Scott Duncan, que já trabalhava documentando o Rali Paris Dakar.
Após o término de seu trabalho com Nichols, Elizabeth realizou outro filme, o também documentário “Youssou N’Dour: I Bring What I Love”. A sua segunda produção também ganhou inúmeros festivais de cinema no mundo inteiro, como o International Documentary Association Awards em 2009. O filme também recebeu o Prêmio do Público do Festival Internacional de Cinema de São Paulo
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Porém seu terceiro filme, chamado “Touba”, que tratava sobre a peregrinação anual da religião Mouride, Vasarhelyi chamou a atenção da mídia especializada em um filme que foi amplamente aclamado no SXSW em 2013. Naquele ano acabou ganhando o prêmio do Júri especial por melhor cinematografia. Seu quarto filme, “Incorruptible”, abordo a intensa e inflexível história da democracia senegalesa, ganhando o Independent Spirit Truer Than Fiction Award.
Vasarhelyi conheceu Jimmy Chin em uma conferência em 2012 e acabou casando com o fotógrafo em 2013. No mesmo ano, deu a luz sua primeira filha, Marina. Dois anos depois teve mais uma criança, desta vez um filho, o qual batizou de James, em 2015.
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Em parceria com Jimmy Chin, começou sua direção em filmes de montanha. Seu filme “Meru” chegou a ser considerado para o Oscar (constando no shortlist), e ganhou o prêmio de favorito do público em Sundance. O festival de Sundance é considerado o principal festival de filmes independentes de todo o mundo. A respeitada revista de produções independentes IndieWire declarou à época que “Meru é um dos melhores documentários esportivos de seu tipo nos últimos anos”. O filme “Meru” também recebeu menção honrosa do prestigiado jornal “The New York Times” como a escolha dos críticos para aquele ano.
Três anos depois, Elizabeth Chai Vasarhelyi, novamente em parceria com seu marido Jimmy Chin, produz a obra “Free Solo”, um filme amplamente elogiado pela crítica especializada e o concorrente mais forte ao Oscar.
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Jimmy Chin
O norte-americano Jimmy Chin nasceu no estado norte-americano do Wyoming. Seus pais são imigrantes chineses e trabalhavam como bibliotecários. Enquanto cursava faculdade em Estudos Asiáticos, teve contato com a escalada. Logo após formar-se, decidiu viver e dedicar-se ao esporte. Durante sua vida de dirtbag, descobriu que com fotografia poderia ganhar uma renda extra para sustentar sua vida de escalador.
Como montanhista profissional organizou e liderou numerosas expedições de escalada, alpinismo de esqui e exploração na China, Paquistão, Nepal, Tanzânia, Chade, Mali, África do Sul, Bornéu, Índia e Argentina. Por conta destas expedições, assinou um contrato de patrocínio com uma grande marca de produtos outdoor norte-americana em 2001.
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Jimmy Chin trabalhou como diretor de fotografia em filmes de Chris Malloy da produtora Woodshed no documentário “180 South”. Em 2002, ele foi convidado a participar de uma expedição da National Geographic para fazer uma travessia sem apoio até Tibet. A expedição foi apresentada na edição de abril de 2003 da revista e documentada no livro The Big Open, de Rick Ridgeway.
Em 2010, Chin iniciou a produtora Camp 4 Collective, com Tim Kemple e Renan Ozturk. Ele filmou e dirigiu vídeos de conteúdo de marca e comerciais para empresas. No ano de 2012, conheceu Elizabeth Chai Vasarhelyi, casando com ela um ano mais tarde. Jimmy acabou vendendo o Camp 4 Collective para seus parceiros em 2014 e assumiu uma parceria de produção de conteúdo com Vasarhelyi.
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O primeiro fruto desta parceria foi o documentário de longa-metragem Meru. O filme foi um sucesso de crítica, chegando a constar no shortlist do Oscar para melhor documentário. O segundo filme da parceria com Elizabeth Chai Vasarhelyi rendeu “Free Solo”. O filme possui chances concretas de ganhar o Oscar de melhor documentário e inaugurar uma nova era de interesse e investimentos no esporte e em produções do gênero.
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Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.