Dieta restritiva de montanhistas pode causar osteoporose em mulheres

Na escalada esportiva e no montanhismo em geral, o fator peso é encarado de maneira obsessiva. Grande parte dos atletas, sejam eles praticantes de qualquer modalidade, procuram vigiar de perto o peso e os índices de gordura corporal. Não faz muito tempo, observando o corpo das atletas, o International Federation of Sport Climbing (IFSC) estabeleceu valores mínimos de IMC, para prevenir o aparecimento acentuado de casos de anorexia e bulimia.

Durante o campeonato mundial em Gijon em 2014, o IFSC mediu a altura e o peso de todos os atletas para calcular o IMC. Após isso, a entidade enviou uma notificação a todos os homens abaixo do IMC 17 e mulheres abaixo do IMC 18. A notificação também foi enviada às federações. Desde 2014, para obter a licença de competição do IFSC, os atletas e as federações precisam comprovar, incluindo uma assinatura de um médico responsável, que os atletas estão cumprindo com estes índices.

Esta preocupação com o IMC foi por ter sido apurado em diversas pesquisas que membros da comunidade de escalada são particularmente vulneráveis ​​a transtornos alimentares. De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Americana de Psiquiatria, 1% da população mundial sofrem com transtornos alimentares. Em números, chega a aproximadamente 70 milhões de pessoas. Para se ter uma ideia, a anorexia nervosa tem como critério de identificação uma perda de peso de mais de 15% do peso corporal e IMC de 18,5.

Escaladores de alto nível, especialmente aqueles que planejam ir às olimpíadas, controlam religiosamente a quantidade de calorias e gordura ingeridos. Inegavelmente, é importante estar magro e com baixa camada de gordura, Porém, afirmam os nutricionistas, este é um hábito que a longo prazo não é seguro para uma pessoa saldável. Especialmente para mulheres, pois a longo prazo isso pode deixa-las expostas à possibilidade de adquirir osteoporose.

Osteoporose é perda acelerada de massa óssea, que ocorre durante o envelhecimento. Essa doença provoca a diminuição da absorção de minerais e de cálcio. Três em cada quatro pacientes são do sexo feminino acima dos 45 anos. À medida que a doença vai progredindo aumenta o risco de fraturas, especialmente do quadril, costela e colo do fêmur. Nos homens, o esqueleto se mantém quase intacto até os 40 anos, porque a testosterona, hormônio masculino, barra o desgaste ósseo. Nos homens as fraturas osteoporóticas costumam ocorrer após os 70 anos.

Porém o principal problema da osteoporose é que é silenciosa e não apresenta sintomas. Geralmente a osteoporose é detectada em estado avançado, com a deformação de ossos (que provoca dor crônica) ou quando aparece uma fratura.

Para uma mulher, que escala regularmente de 3 a 4 vezes por semana, buscando um alto nível em sua escalada, existe risco de osteoporose? Sim, especialmente se é magra e atlética. Caso a pessoa toma contraceptivo hormonal, possui ausência de menstruação (amenorréia) ou períodos irregulares (ciclos de mais de 35 dias), o risco de osteoporose é alto. Isso não quer dizer, entretanto, que é uma certeza de ocorrência, e sim que há a necessidade de monitorar a saúde, especialmente a partir dos 35 anos de idade.

Maioria dos esportes em que o controle de peso são mandatórios, é particularmente afetada por esse fenômeno de aparecimento de osteoporose. Disciplinas como corrida, triatlo, dança, judô e, claro, escalada, também acontece os distúrbios alimentares. Particularmente na escalada, a preocupação com possuir uma baixa camada de gordura é uma constante. Este período de uma camada de gordura abaixo do normal, especialmente para as mulheres.

A produção de estrogênio, hormônio essencial para o ciclo hormonal e a ovulação, está diretamente correlacionada ao gasto energético e ao conteúdo de gordura corporal. Portanto, uma mulher com uma camada de gordura baixa, algo como 12%, o seu ciclo menstrual começa a ser afetado. Com menos gordura corporal, as reservas energéticas são insuficientes produzindo menos leptina. Portanto, quando há declínio na produção de estrogênio e secreção de leptina inibe a formação óssea, levando à osteoporose.

Caso uma mulher esteja sem menstruar (ou seja, não está ovulando) por causa de baixa gordura corporal, não há motivo para preocupar-se. A ausência de ovulação é reversível. Tudo volta ao normal quando a camada de gordura corporal volta a aumentar e o estrogênio retorna a quantidades suficientes no organismo. Por outro lado, a perda óssea após dois anos sem ciclo menstrual é difícil de compensar.

Mas quais os parâmetros do organismo que são necessários gerenciar para garantir que não apareça uma osteoporose por causa de sua vida de atleta? Não são muitos, basta observar a regularidade de seus ciclos menstruais (se são ausentes ou maiores que 35 dias), controlar seu teor de gordura (procure deixá-lo superior a 16%) e monitorar as alterações de ciclo menstrual após um período de prática intensa de escalada.

Comente agora direto conosco

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.