Saiba o fatos que os diretores não incluíram em “The Dawn Wall”

Próxima a estrear no Brasil, com exibições em sessões únicas nas cidades de São Paulo (30 de novembro, com ingressos esgotados) e Curitiba (20 de novembro, com 70% dos ingresso já vendidos), o filme The Dawn Wall” tem recebido muitos elogios da crítica especializada. O filme já teve recorde de público nos EUA, e vêm arrebatando multidões para as sessões únicas em todo o mundo. No Brasil, assim como tem acontecido na Europa e América Latina, os ingressos estão esgotando em poucos dias à medida que são colocados à venda.

A Revista Blog de Escalada já teve o privilégio de assistir à produção, além de poder revisar as legendas para conter fidelidade de tradução de termos técnicos e diálogos ao público. Mas nem tudo o que aconteceu na saga de Tommy Caldwell e Kevin Jorgeson em Yosemite irá aparecer nas telas. Não que sejam informações relevantes, que farão diferença para a história. O esforço sobre-humano de subir em 19 dias, uma parece que continha a via tradicional mais difícil do mundo, em uma busca que durou aproximadamente seis anos.

A façanha da dupla teve ampla cobertura da mídia americana, impulsionando também a popularidade do esporte em território norte-americano. No Brasil, a Revista Blog de Escalada foi quem realizou a cobertura mais completa e noticiou em primeira mão a conquista de Caldwel e Jorgeson. Toda esta cobertura da mídia, além dos muitos equívocos de quem decidiu noticiar a escalada, muitos sem sequer realizar uma pesquisa adequada, também são abordados com muito humor no filme “The Dawn Wall”.

Muitos irão perceber que desde o início, o protagonista da história é Tommy Caldwell, que tem detalhes da sua infância documentados, assim como o martírio que viveu no sequestro sofrido no Quirguistão. Partes tristes de sua biografia, como a separação com a ex-esposa Beth Rodden, além de várias outras surpresas reveladas ao longo da produção (e nos créditos finas), dão um tom mais sério á produção. Todas as informações dispostas neste parágrafo, inclusive, estão no trailer e podem ser checadas por vários outros artigos publicados na Revista Blog de Escalada. Portanto não é um spoiler.

A depressão de Tommy

O documentário “The Dawn Wall” aborda de maneira direta a motivação, até um pouco sombria, de Tommy Caldwell: uma profunda depressão pelo seu divórcio e nas condições que aconteceu. A partir da depressão, Caldwell extraiu uma obsessão por uma “linha futurista” na parede do El Capitan, em Yosemite que acabaria por levá-lo à maior realização de sua vida.

Porém alguns detalhes foram omitidos em “The Dawn Wall”. Logo no início do filme, por volta dos 30 minutos, quando teve a epifania sobre a “The Dawn Wall”, Tommy usava shorts, sapatilhas de escalada e o saco de magnésio. Na ocasião o escalador pretendia fazer uma escalada solo. Caldwell considerava a prática “egoísta”, mas a dor que sentia em sua alma o fez procurar uma maneira que aliviasse esta dor.

Este detalhe foi narrado em seu livro “The Push: A Climber’s Journey of Endurance, Risk, and Going Beyond Limits”, lançado em maio de 2017. Por estar sem uma headlamp, optou por esperar o amanhecer. Quando já se preparava para a escalada, os primeiros raios da manhã iluminaram a parede. Aquele, segundo relata no próprio filme (incluindo o trailer) e o livro, foi o momento que visualizou algo que mudou a sua vida: A face ainda não escalada da “The Dawn Wall”.

Um outro detalhe que o filme parece “ignorar”, é que durante todo o filme Caldwell e Jorgeson não estavam sozinhos na parede. Na verdade havia toda uma equipe de apoio, para ajudar em alguma emergência. Isso incluiu algumas “entregas de comida”. Isso porque içar vários haul bag com comida para 19 dias seria muito trabalhoso de ser içado. De acordo com informações dos produtores, aproximadamente 350 quilos de comida foram içados até o “acampamento base”. Além de comida, itens “básicos” como bebidas alcoólicas e seus celulares recarregados foram entregues.

O detalhe chamou a atenção da apresentadora de TV Ellen Degeneres, que os convidou para ir ao seu Talk Show. A entrevista à Ellen, foi a primeira entrevista realizada após a escalada, 19 dias depois da escalada. A apresentadora, como usualmente faz, presenteou a dupla com uma sexta de suprimentos com exatamente o que eles consumiram nos dias que estiveram na parede e um pacote de uma no grátis de Netflix.

Houve também “visitas” corriqueiras de outros escaladores, que passavam pelas vias do lado. Uma das presenças mais corriqueiras era o escalador Alex Honnold. O caminho para o suporte aos escaladores chegar era ir até o topo do El Capitan e fazer rapel, ou mesmo jumarear, para ficar a 370 metros do chão, onde estava o acampamento base. Este tipo de “ajuda” tira o brilho da conquista? De maneira alguma! Isso porque é uma via dificílima e que dificilmente será repetida corriqueiramente.

Os números

O filme também não toca no assunto de idades. Na época das filmagens, Tommy Caldwell tinha 36 anos de idade. Seu parceiro Kevin Jorgeson já tinha 30 anos. Quando Caldwell estava realizando a escalada, seu filho tinha apenas 21 meses de idade (1 ano e 9 meses). Apesar de parecer muito novo, quando Tommy foi tomado como refém, no ano 2000, tinha já 21 anos de idade.

Como helicópteros e drones não são permitidos em Yosemite, a equipe de produção tiveram que encontrar maneiras criativas de obter as imagens vistas no filme. Eles criaram um sistema que usava uma corda com comprimento de 2.400 metros que corria do topo do El Capitan até o chão, mas a extremidade inferior ficava longe da base para fazer um triângulo gigante com a parede. Esse sistema foi usado para puxar os diretores para cerca de 30 metros da parede e obter fotos mais amplas.

Para evitar o sol, ambos começavam a escalar por volta das 17:00 e somente paravam por volta das 1:00. Para que se tenha ideia da dificuldade, a via The Dawn Wall possui oito enfiadas cotadas em 5.14 norte-americano (10c a 11c brasileiro). Pela conquista, A dupla ganhou o prêmio Piolet d’Or de 2015. Após a conquista Tommy Caldwell realizou mais de 60 palestras em apenas 12 meses. De acordo com entrevista a um veículo norte-americano, grande parte de seu livro foi escrito à noite enquanto estava em seu motorhome, descansando de escaladas em Yosemite. Disciplinado, comprometeu-se a escrever aproximadamente 30 horas todos os dias.

Algumas das quedas que são mostradas em “The Dawn Wall”, tinham aproximadamente 20 metros de altura, o que levou a ele deslocar uma costela e Kevin Jorgeson torcer o tornozelo ao longo dos anos que tentavam desvendar os caminhos para realizar a via em estilo livre.

Durante o período que Tommy Caldwell voltou para esperar Kevin Jorgeson encadenar a enfiada 15, demoraram exatos 7 dias. O escalador ficou impressionado quando Jorgeson realizou um bote lateral em um batente a exatos 1,80 metros de distância.

O escalador tcheco Adam Ondra finalizou a via com apenas oito dias, pouco mais de um ano depois. Ondra formou um time com Pavel Blazek e Heinz Zak. Conseguiu depois de conversar com Tommy Caldwell e receber seus conselhos.

Alta procura dos ingressos

Desde o anúncio da exibição de “The Dawn Wall” no Brasil, o público praticante de montanhismo e escalada ficou em grande expectativa. O anúncio foi feito no 1º Freeman Film Festival, que marcou a volta dos filmes de esportes de montanha aos cinemas de São Paulo. O festival também anunciou a vontade e a abertura de levar todos os filmes da distribuidora mexicana para outras cidades do Brasil. Para viabilizar uma exibição de filmes de esportes de montanha inéditos, entre em contato com a Freeman Brasil (clique no link).

Desde que começou a venda de ingressos, tanto para São Paulo, quanto para Curitiba, a procura foi acima do esperado. Para a exibição na cidade de São Paulo, marcada para o dia 30 de novembro próximo, os 180 ingressos esgotaram em apenas cinco dias, faltando mais de 40 dias para a sessão. A organização da mostra vem negociando com a produtora austríaca, que detém os direitos de exibição, a possibilidade de uma nova sessão na cidade.

Para Curitiba a procura também é grande e faltando pouco menos de um mês, a carga 140 lugares já teve 70% dos bilhetes vendidos. Para adquirir os ingressos, assim como notícias de uma sessão extra confira nos links abaixo:

  • Curitiba – 20 de novembro – Cine Guarani – Av. República Argentina, 3430 – Portão
  • São Paulo – 30 de novembro – MIS – Av. Europa, 158 – Jardim Europa

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